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Homem com paralisia volta a andar com a ajuda de implantes de cérebro e coluna

Implantes rastreiam as intenções de movimento, que são transferidas sem fio para uma unidade de processamento que a pessoa usa externamente

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Uma nova pesquisa revela como um dispositivo médico ajudou um homem com paralisia a andar naturalmente novamente, mais de uma década após sofrer uma lesão.

O pesquisador Grégoire Courtine e colegas do Instituto Federal Suíço de Tecnologia em Lausanne desenvolveram e implantaram uma “interface cérebro-espinha” que cria uma ligação neurológica direta entre o cérebro e a medula espinhal.

Implantes no cérebro rastreiam as intenções de movimento, que são transferidas sem fio para uma unidade de processamento que a pessoa usa externamente, como uma mochila. As intenções são traduzidas em comandos que a unidade de processamento envia de volta através do segundo implante para estimular os músculos.

Os resultados da pesquisa, publicados na quarta-feira (24) na revista Nature, descrevem resultados bem-sucedidos para um participante do estudo da Holanda.

Gert-Jan Oskam, 40, ficou paralisado após um acidente de moto na China há mais de uma década. Suas pernas estavam prejudicadas, assim como seus braços e tronco.

“Meu desejo era voltar a andar e acreditei que era possível”, disse Oskam em entrevista à imprensa esta semana. “Eu tentei muitas coisas antes, e agora tenho que aprender a andar normalmente de novo, de forma natural, porque é assim que o sistema funciona.”

Oskam afirmou que pode andar pelo menos 100 metros, dependendo do dia, e ficar em pé sem usar as mãos por alguns minutos. Ele disse que é útil em sua vida diária, como quando ele recentemente tinha algo para pintar, mas não tinha ninguém para ajudar, então ele se levantou e pintou sozinho.

Pesquisas anteriores mostraram que pulsos elétricos direcionados podem estimular áreas da perna necessárias para caminhar.

Mas essa nova tecnologia permite movimentos mais suaves e melhores adaptações às mudanças de terreno porque reconecta duas regiões do sistema nervoso central que foram interrompidas por causa de uma lesão na medula espinhal, segundo os pesquisadores.

Oskam já havia sido implantado com dispositivos de estimulação anteriormente, mas teve que fazer um movimento para acionar a estimulação.

“Agora, posso apenas fazer o que quero e, quando decido dar um passo, o estímulo entra em ação”, disse ele.

Courtine disse que essa estimulação é diferente porque Oskam tem “controle total sobre o parâmetro de estimulação, o que significa que ele pode parar, pode andar, pode subir escadas.”

Gert-Jan Oskam, de 40 anos, recebeu um implante experimental de cérebro e medula espinhal / Gilles Weber/CHUV

Após as cirurgias para implantação dos aparelhos, os canais de comunicação neurológica se estabeleceram rapidamente. Oskam estava dando passos em um dia de treinamento.

E a conexão permaneceu confiável por mais de um ano, incluindo o tempo que Oskam passou em casa. Andar de forma independente com o auxílio da “ponte digital” também o ajudou a recuperar força suficiente para dar alguns passos mesmo quando ela está desligada.

Oskam foi o primeiro participante do estudo, mas os pesquisadores estão esperançosos sobre as possibilidades futuras. Esta pesquisa valida a possibilidade de recriar uma ligação neurológica entre o cérebro e a medula espinhal, e a conexão acontece rapidamente. Expandir o escopo dessa conexão também pode ajudar pessoas com paralisia de braço e mão ou que tiveram um derrame, dizem eles.

Contudo, eles gostariam de reduzir o tamanho do sistema para torná-lo mais portátil. “O conceito de uma ponte digital entre o cérebro e a medula espinhal é o presságio de uma nova era no tratamento de déficits motores devido a distúrbios neurológicos”, escreveram os pesquisadores.

Com informações CNN

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