Duas mulheres assassinadas em Cruzeiro do Sul tinham medidas protetivas: delegado alerta para os riscos de dar “segunda chance” a agressores

spot_img

Os dois casos de feminicídio registrados em Cruzeiro do Sul nos últimos meses acenderam o alerta das autoridades sobre o perigo de revogar medidas protetivas ou não comunicar seu descumprimento. As vítimas, segundo a Polícia Civil, viviam relacionamentos marcados por violência e já tinham acionado a Justiça em busca de proteção.

De acordo com o delegado Vinícius Almeida, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), as duas ocorrências recentes poderiam ter sido evitadas se as medidas protetivas tivessem sido mantidas e respeitadas.
“O primeiro caso envolveu uma quebra de medida que não foi comunicada à polícia. Já no segundo, a própria vítima pediu a revogação da medida, acreditando que o agressor mudaria de comportamento. Infelizmente, isso mostra o risco de dar uma segunda chance”, destacou o delegado.

Vinícius Almeida reforçou que, na maioria dos casos de violência doméstica, o comportamento do agressor tende a se repetir. “O que a gente tem visto no dia a dia é que o sujeito que bate uma, duas vezes, não merece essa chance. Muitas mulheres acabam permanecendo com o agressor por dependência emocional ou financeira, acreditando que é melhor viver apanhando do que sozinha. Mas é preciso entender que a medida protetiva existe justamente para garantir a segurança da vítima”, alertou.

Até setembro deste ano, Cruzeiro do Sul registrou dois casos de feminicídio, ambos marcados por histórico de agressões. A Delegacia da Mulher tem intensificado as ações para coibir esse tipo de crime, além de investigar também casos de violência sexual e estupro de vulnerável. Segundo o delegado, a equipe trabalha “de forma contundente para reprimir condutas que atentam contra a dignidade e a vida das mulheres”.

Durante a última madrugada, a delegacia registrou quatro ocorrências de violência doméstica, sendo três com prisões em flagrante. Em dois desses casos, houve apenas discussões sem agressões físicas ou ameaças graves — situações em que a vítima pode optar por não formalizar a queixa.
“Quando há violência física ou grave ameaça, a lei não permite que a vítima desista da denúncia. Nesses casos, o procedimento segue independente da vontade dela”, explicou Almeida.

O delegado também esclareceu o que configura o descumprimento de uma medida protetiva, como se aproximar da vítima além da distância determinada pela Justiça, tentar contato por ligações, mensagens ou qualquer outro meio de comunicação.
“Qualquer pessoa pode e deve denunciar quando perceber que a medida está sendo desrespeitada. Isso pode salvar vidas. Muitas vezes, a própria vítima não acredita que o pior pode acontecer, mas familiares e vizinhos podem agir e evitar uma tragédia”, finalizou.

spot_img

Notícias relacionadas:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS