Muita gente acha que a doença celíaca, causada pela intolerância ao glúten – proteína presente em cereais como trigo, aveia e cevada -, afeta apenas o sistema gastrointestinal. Porém, o problema pode vir associado a sintomas neurológicos, como cefaleia, neuropatia periférica e ataxia.
Ataxias são sintomas de falta de coordenação. Pacientes com doença celíaca podem ter um processo inflamatório no cerebelo, levando à “incoordenação” da fala e dos movimentos dos braços ou pernas.
Já a neuropatia periférica acomete os nervos das mãos e dos pés. Ela muda a sensibilidade, como percepção ao toque, temperatura, vibração e, em alguns casos, altera até mesmo a força.
Cefaleia ou dores de cabeça associadas à doença celíaca estão relacionadas às citocinas inflamatórias. “O contato com o glúten desencadeia uma resposta sistêmica com produção de irradiadores inflamatórios que causam, por exemplo, os sintomas das dores de cabeça”, explica o neurocirugião Marcelo Valadares, médico do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo.
Autoimune
A doença celíaca é autoimune e genética. De acordo com a gastroenterologista Danielle Kiatkoski, a doença celíaca atinge cerca de 1% da população mundial e o seu diagnóstico é um “desafio”.
“Devemos ressaltar que não estamos falando de uma doença intestinal. As repercussões clínicas podem ser sistêmicas, portanto a avaliação do paciente não se restringe a consultas com gastroenterologista e nutricionista. Todas as queixas devem ser valorizadas e investigadas”, afirma Danielle, que é conselheira técnica consultiva da Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (Fenacelbra).
Por Metrópoles