Redação Juruá Online
A prolongada seca que afeta várias comunidades rurais no estado do Acre continua a impactar as populações indígenas da região do Juruá. Mesmo com o retorno das chuvas, os rios permanecem baixos, dificultando o acesso a áreas isoladas e comprometendo a saúde e o bem-estar dos moradores. Diante dessa situação, o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Alto Rio Juruá, em parceria com o Ministério da Saúde, Ministério da Defesa e a FUNAI, iniciou uma ação emergencial para prestar apoio às aldeias mais afetadas pela seca.
Isaac Piyãko, coordenador do DSEI do Alto Rio Juruá, explicou que a operação, que já dura mais de uma semana, está sendo realizada com o apoio do Exército Brasileiro e conta com o uso de aeronaves para transportar equipes multidisciplinares para as áreas mais afetadas. “Nós escolhemos dois municípios para dar um apoio maior, que foram Marechal Thaumaturgo e Jordão, porque Marechal Thaumaturgo tem as comunidades mais distantes, com rios menores, e Jordão também ficou três, quatro, cinco meses sem acesso à nossa equipe multidisciplinar, que é composta por enfermeiros, médicos, dentistas e técnicos que vão até o território para realizar todo o trabalho de atendimento à saúde dos povos indígenas”, explicou Piyãko.

As equipes de saúde estão prestando atendimento diretamente nas aldeias, onde a seca prolongada tem dificultado o acesso a água potável e alimentos. Além dos serviços de saúde, estão sendo distribuídas cestas básicas, doadas pela FUNAI e CONAB, e água potável para garantir a subsistência das famílias. “Nosso objetivo principal é levar assistência às comunidades, garantindo atendimento médico e apoio básico em um momento de extrema vulnerabilidade”, ressaltou o coordenador.
O Rio Jordão, por exemplo, concentra uma população indígena de aproximadamente 4 mil pessoas, e foi uma das áreas mais severamente atingidas. Segundo Piyãko, as doenças mais comuns registradas nesse período incluem diarreias e síndromes respiratórias agudas graves, especialmente agora com o início do período chuvoso. Para minimizar os impactos, a equipe também realiza um trabalho de orientação junto às lideranças comunitárias e agentes de saúde locais, reforçando as medidas preventivas e as práticas de higiene. “Já colocamos três equipes em Marechal Thaumaturgo. Falta a quarta equipe, que será enviada ao Rio Arara, próximo à Terra Indígena Camba, no Rio Amônia. Também já colocamos equipes no Rio Bagé e no Rio Breu. Hoje, a previsão é enviar mais uma equipe, mas o tempo está ruim, com muita chuva. Após finalizarmos em Marechal Thaumaturgo, iremos para Jordão, onde tivemos o maior desafio no Rio Jordão. A população indígena nessa região é bastante grande, com aproximadamente quatro mil pessoas, e também faremos o atendimento lá”, disse.

A complexidade logística do atendimento às aldeias tem sido um desafio, especialmente durante a seca, quando o acesso aos territórios fica limitado e os recursos, como horas de voo para as aeronaves, são escassos. “Tivemos que buscar parcerias para garantir que nossas equipes possam continuar no território e dar suporte às comunidades durante esse período”, acrescentou Piyãko.
A ação emergencial segue em andamento, com a expectativa de levar auxílio a todas as aldeias afetadas, enquanto as condições climáticas permanecem imprevisíveis e os rios demoram a se recuperar completamente.






