Willamis Franca
No podcast desta semana, Renê Fontes, policial penal e candidato a vereador de Rio Branco pelo partido Solidariedade, trouxe à tona denúncias graves sobre a relação entre políticos e facções criminosas na capital acreana. Durante a conversa, Fontes, que já foi suplente de deputado estadual em 2018 e suplente de vereador em 2020, comentou a respeito da influência do crime organizado em bairros de Rio Branco e criticou duramente os candidatos que, segundo ele, buscam acordos com líderes de facções em troca de apoio eleitoral.
Segundo Renê Fontes, o Comando Vermelho, uma das maiores facções criminosas do país, exerce controle sobre grande parte dos bairros da cidade, incluindo áreas como a Cidade do Povo e a parte alta da capital. Ele afirmou que, em um desses bairros, um dos candidatos a prefeito teria pago para que suas placas fossem colocadas nas casas dos moradores, enquanto outro candidato não conseguiu acessar a área por se recusar a fazer o mesmo tipo de pagamento.
“Hoje, sabemos que existem dois candidatos, um de esquerda e outro de direita. Um deles pagou para entrar no bairro e agora tem várias placas dele lá. O outro, que não pagou, não pode colocar nenhuma placa, nem sequer entrar no bairro. O morador não pode nem falar. Fico pensando, que tipo de candidato fuleiro a gente tem? Um se acovarda, dizendo que é honesto, mas como você vai resolver os problemas da comunidade se nem consegue visitá-la?”, questionou o policial penal.
Fontes criticou abertamente a postura de políticos que, ao invés de combaterem as facções criminosas, preferem estabelecer acordos com seus líderes, transformando essas negociações em estratégias eleitorais. Para ele, essa situação é inadmissível e revela a fragilidade moral de muitos dos candidatos que estão disputando as eleições.
“É o cúmulo! Parece que muitos políticos estão procurando líderes de facções para garantir curral eleitoral. Isso é como dizer que serão parceiros do crime, cúmplices dessa situação. Precisamos de políticos corajosos, que enfrentem o crime organizado e não se tornem coniventes com ele”, afirmou Fontes.
Ele também denunciou o impacto do controle das facções no dia a dia dos moradores, que muitas vezes preferem recorrer aos criminosos em vez de buscar ajuda da polícia. “As pessoas estão preferindo falar com o crime do que ir à delegacia. Se você é roubado, ao invés de procurar a polícia, vai falar com o líder da facção. Um exemplo é o caso de uma mulher que me disse que pagou R$ 40 para ter seu cachorro devolvido, porque se fosse à delegacia, nunca o veria novamente”, relatou.
Para Renê Fontes, a presença das facções nos bairros de Rio Branco e o silêncio das autoridades sobre o assunto é um dos principais problemas a serem enfrentados pela gestão pública. Ele apontou que, nos últimos anos, nenhum político teve a coragem de enfrentar essa questão de frente.
“Temos 17 vereadores, 24 deputados estaduais, um governador, um secretário de segurança e diversos órgãos de justiça, mas ninguém fala sobre combater o crime organizado. Todo mundo tem medo. É preciso coragem para enfrentar isso e buscar uma solução para os problemas da nossa comunidade”, finalizou.