Redação Juruá Online
Os moradores do Ramal dos Caracas, na zona rural de Cruzeiro do Sul, enfrentam dificuldades devido à superlotação do caminhão que realiza o transporte até a cidade. A medida, que antes incluía um caminhão particular e outro da prefeitura, agora conta apenas com o serviço gratuito, o que trouxe à tona uma série de problemas. Entre os principais, está a superlotação, que não só causa desconforto, mas também coloca em risco a segurança dos passageiros.
Antônia da Silva, agricultora e moradora do ramal, relata que está cada vez mais difícil conseguir vaga no caminhão gratuito. “A superlotação faz com que a gente tenha que optar por transportes alternativos, muito mais caros. Hoje mesmo pagamos R$ 180,00 para chegar à BR e mais R$ 180,00 para voltar”, desabafa. Antônia também destacou a dificuldade de conciliar a vida no campo com o transporte precário: “Nós acordamos às três horas da madrugada para esperar o caminhão, e mesmo assim não conseguimos embarcar”.
Outra moradora, Rosa Maria Carvalho, que vive no ramal há 10 anos, lamenta a situação e apela para que as autoridades encontrem uma solução. “O caminhão só faz linha a cada oito dias, e quando chega, está sempre superlotado. As pessoas ficam penduradas pelo lado de fora, o que é muito perigoso, especialmente para quem viaja com crianças. Precisamos de uma alternativa, nem que seja um caminhão pago com uma tarifa mais acessível”, sugere Rosa Maria.
A situação gera um apelo constante dos moradores para que o serviço seja melhorado. Muitos preferem pagar por transportes particulares. A falta de vagas no caminhão gratuito tem deixado muitos impossibilitados de ir à cidade para atividades essenciais, como a compra de alimentos e o atendimento médico.
O secretário municipal de Agricultura, Eutimar Sombra, explicou que a decisão de manter o transporte gratuito veio com o objetivo de beneficiar os produtores rurais que, em gestões anteriores, pagavam taxas elevadas pelo transporte de produtos e passageiros. “Alguns produtores mencionam essa questão, mas ela se deve ao fato de que, quando o prefeito assumiu a gestão, existiam cobranças de taxas de administrações anteriores. Decidimos deixar o transporte gratuito, pois, com base em levantamentos, observamos que o produtor, muitas vezes, deixava sua feira no caminhão. Por exemplo, no ramal, o produtor pagava R$ 120 para ir e voltar, além de pagar pelo transporte dos produtos e até das crianças que o acompanhavam. Então, o prefeito, que não tinha conhecimento dessas cobranças, determinou a sua retirada de imediato. A partir disso, começamos a trabalhar, e no início, poucas pessoas utilizavam o transporte, porque apenas quem tinha produto suficiente para pagar a passagem vinha. Hoje, o produtor tem o direito de ir e vir sem pagar nada”, explica o secretário.
Apesar dos esforços da gestão municipal em aumentar a frota e melhorar o serviço, o problema persiste. “Adquirimos mais de oito novos caminhões e ampliamos as linhas em 70%, mas a demanda continua elevada. Estamos trabalhando para encontrar soluções que atendam melhor os produtores”, acrescenta Eutimar Sombra.
O presidente da associação rural de Caracas, José Santos, destacou as melhorias realizadas na gestão do ramal desde 2014. Segundo ele, antes, os agricultores enfrentavam altos custos de transporte para escoar suas mercadorias, o que incluía o pagamento por cada carga de farinha ou de banana, além de despesas com o transporte de pessoas. “A gente pagava um saco de farinha, um carro de banana para trazer. Pague a mercadoria para voltar. Muitas vezes, a pessoa só vinha uma vez por mês porque pagar era muito caro”, afirmou.
José também comentou sobre as demandas dos agricultores, mencionando que algumas queixas vêm de pessoas que não são diretamente ligadas à produção. O presidente ainda afirmou que está em diálogo com o secretário para solucionar questões envolvendo o transporte de farinha e de outros produtos essenciais para a economia local. “Eu vou conversar com o secretário até para poder ajudar os dois lados”, concluiu.