A invasão russa da Ucrânia forçou cerca de dois terços das crianças residentes no país a deixar suas casas, afirmou nesta quarta-feira o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Em entrevista coletiva em Nova York, Afshan Khan, diretora regional do órgão, afirmou que a maioria dos menores de idade são deslocados internos ou estão fora do território ucraniano, na condição de refugiados.
De acordo com números das Nações Unidas, 277 crianças foram mortas e 456 feridas ao longo da guerra. O governo ucraniano cita um número ainda maior: a procuradora-geral diz que 313 crianças foram mortas e 579 feridas.
— Crianças estão sendo forçadas a deixar suas casas, amigos, brinquedos, familiares e enfrentando incertezas sobre o futuro — afirmou Khan.
Os combates também afetaram o ano letivo no país, com a suspensão de aulas e a destruição de mais de 500 instalações de ensino desde o início do conflito, segundo o Ministério da Educação e Ciência ucraniano. No Leste do país, onde os confrontos se intensificaram nas últimas semanas, uma em cada seis escolas apoiadas pelo Unicef foram danificadas, segundo o órgão.
— Como esses números mostram, a guerra na Ucrânia é uma crise de direitos da criança, e o Unicef está trabalhando para apoiar crianças e famílias onde quer que estejam no país — acrescentou Khan, que aproveitou a entrevista para fazer um apelo pela interrupção de ataques a áreas povoadas e à infraestrutura civil. — O Unicef continua pedindo um cessar-fogo imediato na Ucrânia e a proteçãode todas as crianças de danos. A cada dia que essa guerra continua, aumenta o impacto devastador e duradouro sobre as crianças, na Ucrânia, na região e em todo o mundo.
Também nesta quarta, a alta comissária dos direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, afirmou que a organização investiga denúncias de que crianças ucranianas estão sendo enviadas para a Rússia “à força” para serem adotadas em meio a guerra.
Durante a 50ª sessão do Conselho de Direitos Humanos em Genebra, na Suíça, Bachelet disse ter sido informada sobre alegações de que algumas crianças foram “sequestradas de orfanatos e depois entregues para adoção na Rússia”, mas explicou que sua equipe não pôde, até o momento, confirmar as acusações ou estimar quantas crianças seriam afetadas.
— Estamos preocupados com os supostos planos das autoridades russas de permitir a transferência de crianças da Ucrânia para a Federação Russa, que não parece incluir medidas de reagrupamento familiar ou respeitar os interesses dos menores. Vamos acompanhar a situação de perto — disse.
Por O Globo