O namorado da acreana Marina Paz Katriny, de 30 anos, morta no Distrito Federal (DF), foi preso nesta segunda-feira (23) pela Polícia Civil do Distrito Federal. Walace de Souza Eduardo, de 34 anos, confessou o crime e detalhou como matou a namorada. Para a família, que mora no Acre, a prisão dele foi um alívio.
Segundo a polícia, Walace e Marina tinham um relacionamento recente e com “muitas brigas e discussões”. No dia do crime, o casal discutiu após sair para um bar. Em depoimento, o homem disse que agrediu a vítima com um bloco de concreto e usou gasolina para queimar o corpo.
O corpo de Marina foi enterrado na manhã de domingo (22) no Cemitério São João Batista em Rio Branco, capital do Acre.
Marina foi achada morta e com o corpo parcialmente queimado na última quarta-feira (18) próximo a uma estrada de terra, na BR-070, em Taguatinga (DF). Um homem que passeava no local com cachorro achou o cadáver e acionou o Corpo de Bombeiros da região.
“Ele confessou que desferiu as pedradas, que arrastou o corpo dela até o cerrado. Depois, amarrou as mãos, e a região da cabeça e boca com fita adesiva, e deixou o corpo lá. Ele foi até um posto de gasolina, cerca de um quilômetro à frente, comprou R$ 20 de combustível, voltou e jogou o líquido inflamável sobre o corpo da namorada”, disse o delegado Mauro Aguiar, responsável pela investigação, ao g1 DF.
Irmã de acreana morta pelo namorado em DF diz que prisão dele traz alívio para a família: ‘um pouco mais em paz’ — Foto: Arquivo pessoal
‘Estamos um pouco mais em paz’
A irmã da vítima, Jéssica Paz disse que a família se sentiu mais aliviada com a prisão do suspeito e a confissão dele. Segundo a irmã, ele tentou despistar as investigações, mas não conseguiu.
“Confessou porque não tinha outro jeito de ela ter sido assassinada, ela não era envolvida em nada. Ele só quis fazer com que as pessoas pensassem em outra coisa e tentou despistar. A Marina é conhecida por todos, todos que conheciam ela sabe que sempre foi intensa, foi bem única, e trouxe um alívio muito grande a prisão dele, sabíamos que ele ia ser pego, porque acreditamos em Deus. O sentimento é de alívio, estamos bem mais em paz e com certeza vamos tentar acompanhar o dia que ele for julgado”, disse.
Jéssica conta que o pai dela é policial militar aposentado e mãe é coordenadora em uma escola.
O crime
De acordo com depoimento de Walace, na noite do crime, o casal consumiu álcool e drogas. Após sair do bar, quando seguiam em direção à casa do suspeito, começaram a discutir. Ele parou o carro no acostamento, às margens da BR-070, e iniciou as agressões contra a vítima.
Segundo a polícia, após o crime, o homem enviou uma mensagem, do celular de Marina para uma amiga dela, para desviar o foco da investigação. O delegado do caso diz que não há dúvida sobre a autoria do crime, registrado como feminicídio qualificado. A pena pode passar de 30 anos de prisão.
Walace de Souza Eduardo foi preso em casa e levado para a carceragem da 17ª Delegacia de Polícia, em Taguatinga. Ele deve ser encaminhado para o Departamento de Polícia Especializada, ainda nesta segunda-feira. Na terça, deve passar por uma audiência de custódia.
A polícia fará perícia nos dois carros onde a vítima esteve com Walace, e nas roupas dele. Segundo o delegado, o inquérito deve ser concluído e enviado para a Justiça em até 15 dias.
No enterro, família pediu justiça por Marina — Foto: Arquivo pessoal
Quem era Marina?
O corpo de Marina Paz Katriny foi encontrado por um homem que passeava com o cachorro às margens da BR-070, e acionou o Corpo de Bombeiros do DF. A mulher estava vestida e não apresentava ferimentos aparentes, mas tinha parte do rosto e do tórax queimados.
A identificação foi feita por familiares e confirmada pela Polícia Civil do DF (PCDF) dois dias depois. Segundo a corporação, os parentes reconheceram tatuagens da vítima, após a divulgação de fotos.
Marina foi enterrada no domingo (22), em Rio Branco. Segundo a família, ela era formada em pedagogia e pós-graduada em ensino especial e se mudou para Brasília em busca de mais oportunidades. Antes de morrer, ela trabalhava como atendente em uma loja de shopping.
A amiga de infância da vítima, Vanessa Bessa, contou que há cerca de duas semanas, a vítima havia passado pelo trauma de perder um bebê. A família conta que ela estava no início da gravidez, cerca de 4 semanas, e descobriu que era uma gravidez ectópica.
“Inclusive perdeu um bebê há pouco tempo. Quando foi na primeira consulta para ver como estava o bebê descobriu que a gravidez era nas trompas, então ainda estava se recuperando dessa perda. Mas, pensava ainda em engravidar, disse que não tinha desistido disso”, revela.
Walace de Souza Eduardo, de 34 anos, foi preso na manhã desta segunda-feira (23), em Taguatinga Norte, no DF — Foto: PCDF/Divulgação
Perdeu um bebê
A amiga de infância da vítima, Vanessa Bessa, contou que há cerca de duas semanas a vítima havia passado pelo trauma de perder um bebê. A família conta que ela estava no início da gravidez, cerca de 4 semanas mais ou menos, e descobriu que era uma gravidez ectópica.
“Inclusive perdeu um bebê há pouco tempo. Quando foi na primeira consulta para ver como estava o bebê descobriu que a gravidez era nas trompas, então ainda estava se recuperando dessa perda. Mas, pensava ainda em engravidar, disse que não tinha desistido disso”, revela.
Família diz que vítima havia ido embora do Acre em busca de oportunidades — Foto: Arquivo pessoal
‘Saiu do Acre com um sonho’
Vanessa diz que espera que fiquem as boas lembranças de Marina. Ela diz que a jovem deve ser lembrada por sempre ser uma pessoa do bem, que frequentava a igreja, e tinha sonhos. Vanessa diz que o sonho de Marina desde pequena era ser professora.
“Ela era especial para muita gente e não merecia morrer de forma tão cruel e desumana. Uma pessoa muito amiga, alegre, cheia de vida, que vem de uma família estruturada, o pai dela é policial, a mãe trabalha em escola, e sempre os pais deram toda a estrutura e oportunidade para ela ser uma pessoa brilhante no futuro”, disse.
Para os amigos e familiares, o que vai ficar é que Marina sempre foi dedicada e nunca desistiu dos seus sonhos, tanto que decidiu ir embora para tentar realizá-los.
“Saiu do Acre com um sonho, com uma faculdade, o sonho dela desde criança era ser professora. Era o sonho da vida dela, tanto que ela fez essa pós-graduação, além de ser uma pessoa cristã, conhecedora da palavra de Deus. Não é justo que tenha morrido assim, não foi qualquer pessoa que morreu”, lamenta.