Relatório aponta série de problemas estruturais, como lâmpadas queimadas e porta que impede isolamento de ala para Covid-19.
Memorando feito pela Coordenação da Seção Técnica de Internação Clínica do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo (HSPM-SP), no dia 19 de abril, relata que pacientes de Covid-19 receberam procedimentos de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) — uma série de manobras emergenciais para salvar uma pessoa com falência cardiovascular ou respiratória — no escuro, em razão das lâmpadas da ala hospitalar estarem queimadas.
O primeiro caso ocorreu no dia 31 de março e o mais recente no dia 16 de abril.
Segundo documentos a que a CNN teve acesso e foram encaminhados ao setor de Engenharia do HSPM, a coordenadora responsável pela seção documenta que esses fatos dificultam a realização de processos que garantem o sucesso da RCP, além da instalação de acesso venoso no paciente.
Ela diz ainda que há outros problemas estruturais, como portas de banheiros soltas, obrigando pacientes a realizarem necessidades com as portas abertas. Também aponta que a unidade, que deveria ser de isolamento para evitar o contágio com o novo coronavírus, não consegue estar afastada das demais em razão da porta principal ter caído.
Em maio do ano passado, o 12.º andar do prédio recebeu uma reforma geral na ala de enfermaria no valor de R$ 1.131.701,96. Desde agosto, a empresa contratada Bellacon Construtora e Incorporadora Eireli vem sendo notificada pelo hospital sobre os diversos problemas apontados pela fiscalização da reforma, entregue em junho.
No dia 14 de abril deste ano, a empresa Bellacon enviou uma defesa à Prefeitura alegando que “a obra em questão foi finalizada e entregue ao HSPM, a pedido da contratante, em razão da urgência por aumentos de número de leitos no atendimento a pacientes de Covid-19”.
No mesmo documento, o engenheiro responsável explica também que, no dia 12 de abril, levou ao local uma empresa especializada em diagnosticar oscilações de carga e tensão na rede de instalações elétricas. Porém, ele justifica que, por ser uma ala de enfermaria para atender pacientes contaminados com o novo coronavírus, a terceirizada se recusou a fazer o serviço solicitado com urgência pela gestão municipal.
A sugestão dada pela Bellacon foi fornecer a quantidade de lâmpadas queimadas e assim que os ambientes estivessem desocupados, realizar uma análise completa das portas e demais itens.
Sem solução até, esta terça-feira (27), a Gerência Técnica de Engenharia e Manutenção do hospital decidiu notificar novamente a empresa e foi orientada a informar as medidas adotadas pelo complexo hospitalar na proteção dos servidores e colaboradores de empresas terceirizadas contra os riscos de contaminação pela doença.
Até o momento, a empresa Bellacon não respondeu aos questionamentos enviados pela reportagem.
Posicionamento da Prefeitura de São Paulo:
“A Superintendência do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM) informa que todo o 12º andar da Unidade passou por reforma, mas, a direção não recebeu nenhum relato de intercorrência com paciente por problema com energia elétrica no andar.
Com relação a porta, a direção esclarece que corresponde ao acesso de corredor ao setor de enfermaria e não ao quarto de paciente, conforme relata a reportagem. A Superintendência do HSPM informa que a empresa já foi notificada via Diário Oficial para avaliação na obra, se preciso, realizar os devidos reparos, pois está no prazo de garantia.”
CNN