Redação Juruá Online
Após uma semana do naufrágio da Unidade Básica de Saúde (UBS) fluvial na comunidade Agrovila do Moju, em Rodrigues Alves, os esforços para o resgate continuam intensos. A embarcação, essencial para o atendimento médico da comunidade, ainda está parcialmente submersa. Durante o trabalho de resgate, a balsa chegou a ter mais da metade de sua estrutura em baixo das águas do Rio Juruá.
Cerca de 50 pessoas estão mobilizadas diariamente em uma força-tarefa que envolve órgãos públicos e moradores, mas os prejuízos materiais ainda não foram contabilizados.
De acordo com Amauri Barbosa, gerente regional do Deracre no Juruá, a instituição atendeu ao pedido da prefeitura, fornecendo suporte logístico com balsas e escavadeiras. “Já estamos, do DERAC, com uma média de oito a dez pessoas. E desde sábado estamos nessa luta aqui, dando apoio à prefeitura”, afirmou Barbosa.
O secretário de Saúde de Rodrigues Alves, Aluildo José, ressaltou a importância da UBS para a comunidade. “Era uma embarcação importante para a comunidade, proporcionando um atendimento essencial. Estava aqui há quase um ano, realizando atendimentos semanais com médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e dentistas. Agora, vamos tentar resgatar esse bem, encaminhá-lo para reforma e retomar as atividades o mais breve possível”, explicou. Ele também detalhou que, durante o período de inatividade, atendimentos ocorrerão na escola da comunidade e no posto de saúde mais próximo.
O sargento Isnard Verner, comandante da guarnição náutica do Corpo de Bombeiros, detalhou as ações realizadas na operação de elevação da embarcação. Segundo ele, o Corpo de Bombeiros está oferecendo suporte à equipe de resgate, estando no local há seis dias. “Durante os três primeiros dias, tivemos equipes mistas com mergulhadores especializados e práticos, que realizaram amarrações e ancoragens na parte inferior da embarcação para viabilizar sua elevação com o auxílio de bolsas maiores”, explicou.
A partir do quarto dia, a operação passou a contar exclusivamente com a equipe de quatro mergulhadores do Corpo de Bombeiros. “Realizamos a passagem de vários cabos de aço pela parte inferior do casco e pela estrutura interna da embarcação. Nosso trabalho é garantir o suporte necessário, considerando os riscos envolvidos, como portas e compartimentos internos que podem se fechar, colocando em perigo tanto os mergulhadores quanto outras pessoas”, afirmou o sargento. Com as técnicas e equipamentos adequados, foi possível fixar os cabos nas balsas maiores, posicionadas nas laterais da embarcação naufragada, permitindo sua elevação parcial.
Ao chegarem ao local, as equipes se depararam com a embarcação completamente submersa, com apenas o toldo visível acima da água. “O atendimento inicial buscou elevar a embarcação para que emergisse parcialmente. Conseguimos fazer isso, fixando-a às balsas, o que permitiu dar início a um trabalho minucioso, lento e perigoso, já que os cabos de aço tensionados representam um risco considerável”, relatou Verner. A previsão de término dos trabalhos ainda é incerta, segundo o sargento.
A comunidade também sente os impactos diretos do naufrágio. Erlane Dias, moradora da Agrovila do Moju desde 1987, relatou a dificuldade de acesso a tratamentos. “Agora, vamos ter que ir para Rodrigues Alves. Eu, por exemplo, tenho um filho especial e problemas de coluna. Isso complica muito nossa vida”, afirmou. Ela lamentou os prejuízos, destacando a perda de medicamentos e equipamentos que eram cruciais para a saúde local.
Enquanto os esforços continuam, a esperança da comunidade é que a UBS volte a operar o mais breve possível, restabelecendo o atendimento de saúde vital para a região.