O estabelecimento em que Neide trabalhava com o marido ficava no primeiro pavimento do edifício e foi completamente destruído. “O prédio já apresentava defeito há um tempo. Acionamos o proprietário, que chegou a dizer que se tratava de massa podre”.
Em nota divulgada na semana passada, o dono do prédio informou que a estrutura passava por “manutenções periódicas” (veja mais abaixo).
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Neide Lira acionou Corpo dos Bombeiros momentos antes de prédio desabar, no DF — Foto: TV Globo/Reprodução
Na quarta (5), Neide estava doente, com pedras nos rins, e não foi trabalhar. Na quinta, ainda se sentindo mal, ela decidiu ir ao trabalho. “Senti um aperto no coração, como se fosse um aviso”, lembrou.
De acordo com ela, ao chegar na oficina, um pedaço de reboco caiu perto dela. “Falei para o meu marido que não iria ficar lá dentro, que não queria morrer dentro da loja com meu neto, que tem 3 anos e estava com a gente”, afirmou.
A empresária disse que chegou às 7h40 e já estava decidida a ligar para o Corpo de Bombeiros. “Falaram que eu estava doida, mas sabia que tinha algo errado. Estava sentindo agonia e pavor e falei que não morreria com meu neto naquele lugar”, afirmou.
Socorro
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Neide Lira, que acionou o Corpo de Bombeiros antes de prédio cair no DF, ao lado do marido Rabib Baragchum — Foto: TV Globo/Reprodução
Neide conta que começou a buscar ajuda antes das 8h. “Primeiro, liguei para a Polícia Militar, que me indicou falar com o Corpo de Bombeiros. Em seguida, me orientaram a procurar a Defesa Civil. Tudo demorou muito”, comentou.
Após conversar com a Defesa Civil, Neide diz que foi orientada a mandar um e-mail, com fotos e vídeos. Ela afirma que fez o procedimento, mas que, mesmo assim, não conseguiu ajuda e precisou voltar a falar com os bombeiros, já que era um pedido de urgência.
“Depois disso, liguei desesperada para o Corpo de Bombeiros, disse que estava agoniada e pedi para eles não deixarem eu morrer com meto. Eles decidiram vir, mas isso já era quase 11h”, comentou.
Neide conta que não ficou dentro do prédio em nenhum momento, que preferiu permanecer do outro lado da rua. “Quando vi o carro dos bombeiros, me aproximei e eles rapidamente falaram que iam precisar interditar o prédio, que realmente tinha risco de desabamento. Não deu tempo de pegar quase nada na oficina”, comentou.
A empresária afirma que ainda está “meio anestesiada” com a situação, mas que agradece a Deus por ter conseguido alertar os militares e salvar os moradores. “Quando o prédio caiu, meu sentimento era de gratidão por não estar lá dentro”, disse.
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Neide Lira e marido Rabib Baragchum abraçados, no DF — Foto: TV Globo/Reprodução
Hoje, o marido de Neide, Rabib Baragchum, de 64 anos, se arrepende de ter duvidado da esposa. “Eu disse que ela estava ficando doida, até mandei ela pegar um Uber e ir para casa”, comenta.
O homem lamenta o prejuízo e diz que ainda não sabe como vai seguir, já que perdeu o empreendimento, alugado, onde trabalhava com a esposa. “Não é fácil não. Sei que todo mundo perdeu alguma coisa, mas o mais importante é a vida e, por isso, me sinto feliz.”
Desabamento
Momento em que prédio desaba em Taguatinga, no DF — Foto: CBMDF/Divulgação
O momento em que a estrutura veio abaixo foi flagrado em vídeo (assista acima). De acordo com os bombeiros, ninguém ficou ferido no desabamento.
“Apenas uma moradora foi atendida com crise de ansiedade e encaminhada para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Samambaia”, informou a corporação.
Via-G1