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Exportações de carne bovina já superam as de soja no Acre

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De janeiro a dezembro de 2024, as exportações acreanas atingem mais de 81 milhões de dólares e superam em mais de 77% o valor do mesmo período de 2023 (45,8 milhões de dólares). Em novembro as exportações atingiram 6,3 milhões contra 2,1milhões em 2023. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior – Secex do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do governo federal. No gráfico a seguir, demonstram-se a evolução mensal do valor das exportações acreanas, de cada mês de 2023 e 2024, de janeiro a novembro.

Exportações de derivados de bovinos superam em 2 milhões de dólares as de Soja

Além do expressivo crescimento, em novembro foi o mês em que as exportações da carne bovina e seus derivados atingirem, pela primeira vez, desde 1997, ano de início da contabilização dos dados do comércio exterior do Acre, o primeiro lugar dentre os grupos de produtos exportados pelo Acre.

Na tabela a seguir, apresentam-se os dados das exportações acreanas, por grupo de produtos exportados para o período de janeiro a novembro de 2023 e 2024. Com 23,8 milhões de dólares, o grupo de bovinos e derivados cresceu 427,7% de um período para o outro. Seguido pelo crescimento do grupo dos suínos e derivados (179%). Em termos de valor exportado, as dos derivados dos bovinos superaram em pouco menos de 2 milhões de dólares as exportações da soja, até então, o grupo de produtos que dominava o mercado das exportações nos últimos anos. A tendência é que essa diferença aumente ainda mais até o final do ano. Em 2023, os derivados de bovinos representavam no período, somente 9,8% do total exportado, enquanto a soja representava 42,1%. Em 2024, os derivados de bovinos já representam 29,3% contra 26,8% da soja.

Exportações de proteína animal, superam as exportações de proteína vegetal em quase 7 milhões de dólar

Os produtos com proteína animal exportados (derivados de bovinos e suínos) já representa, até novembro do ano, 48,5% do valor total exportado. Os grupos com proteína vegetal (soja, castanha e milho) representam 39,9%.

Acre: Exportações para o mercado exterior por grupo de produtos de janeiro a novembro – 2023 e 2024 – (Valor FOB US$)
Grupos20232024
Bovinos e derivados4 510 61723 800 777
Soja18 845 60721 805 016
Suínos e derivados5 590 29515 592 679
Castanha5 741 1899 688 297
Madeira e derivados5 572 3766 449 106
Milho e derivados1 900 554937 928
0utros3 656 9913 026 161
Total45 817 62981 299 964
Fonte: MINDIC – Secretaria de Comércio Exterior – Secex

Em nove meses o abate de bovinos cresceu 26%.

Dados da Pesquisa trimestral do abate de animais do IBGE, publicados no dia 05/12, indicam, conforme dados expostos na tabela abaixo, um expressivo aumento nos abates dos bovinos na comparação entre os três primeiros trimestres de 2023 e de 2024. O IBGE contabilizou um aumento de mais de 90 mil cabeças abatidos, o que representa mais de 26% de aumento de um período para o outro.

Infelizmente o IBGE não divulgou os dados de abates dos suínos que também foram expressivos, em função dos valores exportados.  Quando se analisam os dados dos derivados de suínos exportados em termos de quantidade, o Acre já exportou mais de 3,3 mil toneladas de derivados de suínos, um crescimento de mais de 154% em relação a 2023. Esses dados para os derivados de bovinos indicam um crescimento de 235%, com mais de 4,2 mil toneladas exportadas a mais.

É importante assinalar que, conforme cálculos realizados pelo autor, estimou-se que somente 5% dos bovinos abatidos no Acre tenham sido exportados em 2024. Os números indicam que o produto ainda está em momento de abertura de novos mercados. Os mercados já conquistados para os derivados de bovinos foi uma vitória dos produtores acreanos, que contaram com um substancial apoio do Governo Lula, capitaneada pela APEX, hoje dirigida pelo ex-governador Jorge Viana.

Acre: Quantidade e peso total das carcaças (KG) dos bovinos abatidos nos três primeiros trimestres de 2023 e 2024
Ano/TrimestreCabeçasCarcaças (Kg)Peso médio por cabeça (Kg)
1º trimestre 202396 18524 382 008253
2º trimestre 2023109 50027 481 506251
3º trimestre 2023129 93331 999 888246
2023335 61883 863 402250
1º trimestre 2024131 66432 008 674243
2º trimestre 2024146 58935 413 790242
3º trimestre 2024147 49235 232 367239
2024425 745102 654 831241
Fonte: IBGE – Pesquisa Trimestral do Abate de Animais

Preços da carne bovina disparam no mercado interno

O IBGE publicou, no dia 10/12, o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), para o mês de novembro de 2024, para a cidade de Rio Branco. O IPCA é o nosso principal balizador da inflação. Na capital do Acre, a inflação no mês foi de 0,92% e no acumulado no ano atingiu 4,36%. A influência maior para o índice de inflação do Rio Branco, tanto para o mês, como para o ano, foi do grupo de alimentação e bebidas, que cresceu, respectivamente, 2,71% e 6,70%. Por sua vez, esses indicadores do grupo, foram fortemente influenciados pelo preço da carne bovina.

A carne suína cresceu 0,58% de novembro e 5,49% no ano. Por sua vez, a carne bovina cresceu, em média, 10% no mês e 14,1% no ano. Os principais cortes da carne bovina que mais aumentaram foram representados, principalmente, pela pá (19,57%), costela (19,4%), capa de filé (17,33%), acém (16,56%) e pela alcatra (15,72%).

Segundo o portal G1 (https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2024/12/10/carne-mais-cara-entenda-por-que-o-preco-subiu-pelo-terceiro-mes-consecutivo.ghtml), quatro fatores ajudam a explicar a alta de preços, segundo economistas consultados: 1) o ciclo pecuário: após dois anos de muitos abates, a oferta de bois vai começar a diminuir no campo; 2) o clima: seca e queimadas prejudicaram a formação de pastos, principal alimento do boi; 3) as exportações: o Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo e vem batendo recordes de vendas e 4) a renda: queda do desemprego e valorização do salário mínimo estimularam compras de carnes.

Se por um lado, vemos um bom crescimento das exportações da carne bovina, por outro, vemos o aumento de seu preço no mercado interno. Mais uma vez o trabalhador de baixa renda vai ser penalizado.

Orlando Sabino escreve às sextas-feiras no Juruá Online

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