Redação Juruá Online
Samuel Arara, um jovem indígena de 23 anos, natural da Terra Indígena Arara – Igarapé Humaitá, localizada no município de Porto Walter, Acre, se prepara para representar as vozes dos povos indígenas e das comunidades tradicionais brasileiras na 29ª Conferência das Partes da ONU (COP29), que ocorrerá em novembro de 2024 no Azerbaijão. Samuel, que atualmente estuda Engenharia Florestal na Universidade Federal do Acre (Campus Floresta) e atua como ativista indígena, ambientalista e comunicador, foi selecionado para integrar a delegação do coletivo Engajamundo, composta por 22 jovens brasileiros de diferentes regiões do país.
“Levar representatividade para espaços de decisão internacionais é desafiador e terei o prazer de representar não só as juventudes brasileiras como também a voz do meu território, dos povos indígenas e comunidades tradicionais”, afirmou Samuel. Ele destaca que a crise climática que enfrentamos não é algo distante, mas uma realidade palpável que afeta diretamente seu território e os modos de vida dos povos originários. “Não podemos permitir que nossa voz seja silenciada por interesses econômicos que tratam a Amazônia como um recurso a ser explorado e não como um ecossistema a ser preservado”, acrescentou.
A presença de jovens como Samuel na COP29 é importante para garantir a representatividade da realidade brasileira nas negociações globais sobre o futuro das políticas climáticas. Este é um momento crucial, especialmente considerando que a próxima edição da conferência, a COP30, será sediada no Brasil em 2025. Segundo Samuel, a juventude latino-americana precisa ser ouvida e valorizada, dado o impacto desproporcional que a crise climática tem sobre a região.
Samuel é um dos idealizadores da rede Tetepawa e defende que a comunicação indígena vai além de um meio de informação sobre os povos originários, sendo uma verdadeira missão em defesa da floresta e do modo de vida das comunidades tradicionais. Sua seleção para a COP29 ocorreu graças à sua atuação no movimento indígena e socioambiental. Para ele, sua presença na conferência não é apenas uma oportunidade, mas um chamado urgente para alertar o mundo sobre os efeitos das mudanças climáticas que já são sentidos na Amazônia.
“Minha presença na COP29 é mais do que uma necessidade, é um chamado urgente. A crise climática está queimando nossa casa enquanto o mundo assiste. A seca, a cheia, o fogo, a fumaça não são algo distante; são reais e acontecem agora. A juventude não é o futuro, é o agora. No Acre, também produzimos ciência e cuidamos das nossas florestas. Precisamos ser ouvidos e respeitados”, destacou.
O Engajamundo, organização apartidária e sem fins lucrativos, está realizando uma campanha de financiamento coletivo para custear a ida da delegação à COP29. A presença desses jovens no evento é uma oportunidade não apenas de aprendizado, mas também de incidência nos espaços internacionais de tomada de decisão, mostrando ao mundo que a juventude brasileira está engajada e pronta para atuar na defesa do meio ambiente e dos direitos dos povos tradicionais.
Com esta participação, Samuel espera inspirar mais jovens a se engajarem na luta socioambiental e fortalecer a presença indígena em espaços de poder e decisão. “É urgente alertar o mundo sobre o que as mudanças climáticas estão causando em nossos territórios. Precisamos ser vistos e ouvidos, e essa oportunidade é um chamado para que mais jovens possam incidir nos espaços tomadores de decisões”, concluiu.
Para apoiar a participação da delegação na COP29, o Engajamundo está com uma campanha de financiamento coletivo em andamento. A colaboração da sociedade é fundamental para garantir que essas vozes sejam ouvidas e que a juventude brasileira possa representar o país de forma significativa em um dos eventos mais importantes sobre o futuro do planeta.