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Em janeiro, o valor das exportações caiu quase 50% e atingiu o menor patamar desde 2018

No mês, o Acre exportou US$ 2,280 milhões e importou, US$ 324 mil, resultando em um saldo na balança comercial de US$ 1,955 milhão

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Os números do comércio exterior do Acre de janeiro de 2023 foram divulgados, no início deste mês, pela Secretaria de Comércio Exterior, ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. No mês, o Acre exportou US$ 2,280 milhões e importou, US$ 324 mil, resultando em um saldo na balança comercial de US$ 1,955 milhão. Com o resultado de janeiro, o saldo da balança comercial do Acre ficou 53% abaixo do saldo de janeiro de 2022 (US$ 4,156 milhões). É o pior janeiro desde 2018, conforme pode ser observado no gráfico a seguir. Em relação a 2018, a queda é de 48,2%. Já em relação ao ano passado (2022), a queda foi mais acentuada e alcançou 49,9%. Mais de US$ 1,953 milhão.

Na tabela a seguir, tem-se o valor das exportações em janeiro para os anos de 2018, 2022 e 2023, por grupos de produtos exportados.

  1. Grupo de Soja e Milho deve aumentar sua participação em 2023.

Verifica-se que no mês de janeiro, as exportações de soja e de milho são diminutas. Suas
maiores expressividades ocorrem entre os meses de março a junho. Como o IBGE calcula
um aumento significativo na previsão da safra de 2023, 66,4% para a soja e 3,4% para o
milho, espera-se para o ano um aumento desse grupo na pauta das exportações, superando
os US$ 17,9 milhões ocorridos em 2022.

2. Grupo de madeira e derivados pode ser impactado pela nova política ambiental do governo federal

Observou-se também, que em relação ao ano passado, uma queda significativa nas
exportações de madeiras e derivados, foram quase 65% de queda em janeiro de 2023 em
relação a 2022. O Grupo representou 32,3% de tudo o que o Acre exportou no ano
passado. Nosso parque industrial florestal é muito forte. A sua performance em 2023 vai
depender das maiores restrições na fiscalização, através da política de desmatamento zero
na Amazônia, que pode impactar negativamente na oferta de matéria-prima para o setor.

3. Queda de 25% nas exportações de Castanha pode indicar uma safra menor que a de 2022

As exportações de Castanha representaram 17,9% em 2022. Em janeiro as exportações
caíram 25,1% em relação a janeiro de 2022 e 67,0% em relação a 2018. Os resultados de
janeiro/23 podem estar indicando uma queda na produção, que poderá se repercutir no
nosso mercado externo. Nas últimas 3 décadas, o Acre ampliou o nível de organização de
toda a cadeia produtiva da castanha, através das cooperativas de produtores, tendo a
Cooperacre como a Cooperativa Central. Ela é a responsável pelo maior nível das
exportações do produto. Apesar de tudo, o Acre enfrenta uma crescente concorrência da
Bolívia no cenário de exportação desse produto, que em grande parte, é oriundo da
floresta acreana.

4. Mesmo com redução em mais de 93% em janeiro, exportações de Carne e derivados de Suínos tem mercado promissor.

A produção de suínos tem se ampliado no estado, principalmente na Região do Alto Acre.
Em 2022, esse grupo correspondeu a 3,1% de tudo que o Estado exportou no ano. O
mercado internacional é amplamente conhecido pelo Frigorífico Dom Porquito que
comercializa seus produtos para vários países, em todos os continentes. Com a
autorização para o frigorífico exportar para o Peru, espera-se uma maior participação
desse grupo na pauta das exportações em 2023. Para tanto, torna-se necessário um maior
incentivo para a expansão da oferta de suínos no estado. O crédito e a produção de milho
para ração são fundamentais nesse contexto.

5. Mesmo com maior potencial de exportações do Acre, o Grupo de Bovinos e derivados apresentou queda de 22,2% em relação a janeiro de 2022.

Já discutimos em artigos anteriores que, com as suas mais de 4 milhões de cabeças de
bovinos, a pecuária acreana é o setor que apresenta o maior potencial para rapidamente
aumentar, em grande escala, as exportações acreanas. Existe uma oferta pronta. Em 2022,
ela representou 9,3% das exportações acreanas. Até o couro dos animais abatidos
localmente, que já figurou com grande importância na pauta das exportações, é
comercializado por outro estado.
Reforço que, se as autoridades resolvessem todos os problemas sanitários e burocráticos
que impedem a plena exportação de derivados de bovinos, os números do Acre seriam
cada vez maiores no mercado exportador do país.

Orlando Sabino escreve às sextas-feiras no Juruá Online

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