Após o recuo de quase 3% do dólar nas últimas três sessões, os investidores ensaiaram um movimento de recomposição de posições compradas nesta sexta-feira (14), o que colocou a moeda americana em alta firme pela manhã, mas não o suficiente para evitar a virada à tarde e um fechamento em baixa pelo quarto dia seguido.
Além do movimento técnico visto mais cedo, o avanço do dólar no exterior trazia um viés de alta para a moeda americana no Brasil, que não se sustentou durante a tarde.
Profissionais do mercado afirmaram que os juros elevados no Brasil e o otimismo em relação ao novo arcabouço fiscal seguem limitando a alta da moeda americana.
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,9162 na venda, em baixa de 0,23%. Este é o menor valor de fechamento para a moeda americana desde 8 de junho de 2022, quando foi cotada a R$ 4,8906. Na semana, o dólar acumulou baixa de 2,81%.
Na B3, às 17h17 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,26%, a R$ 4,9260.
Pela manhã, o dólar marcou a cotação mínima da sessão, de R$ 4,8929 (-0,70%), às 9h31 (horário de Brasília), mas rapidamente saltou para o território positivo em sintonia com o exterior, onde a moeda americana também subia, e com investidores realizando lucros e recompondo algumas posições compradas (no sentido de alta do dólar).
Já o Ibovespa fechou em leve queda nesta sexta-feira, alinhado com Wall Street, mas garantiu, ainda assim, a maior alta semanal de 2023 após inflação de março abaixo do esperado elevar a perspectiva de um corte na taxa de juros do país antes do previsto.
Vale, diante da queda do minério de ferro, e Rede D’Or, que teve recomendação cortada pelo Goldman Sachs, foram as maiores pressões negativas no pregão. Itaú Unibanco e Petrobras ficaram no lado contrário.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,17%, a 106.279,37 pontos. Na semana, o índice acumulou alta de 5,41%, a maior desde dezembro de 2022.
“Vimos de manhã um movimento de realização técnica. O dólar caiu quase 3% nas últimas três sessões, o que chama uma realização”, disse Fernando Bergallo, diretor da assessoria de câmbio FB Capital.
Na máxima da sessão, vista às 11h09, a moeda marcou R$ 4,9660 (+0,78%).
Ao longo da tarde, o dólar se reaproximou da estabilidade ante o real, a despeito de no exterior continuar em alta ante a maioria das demais divisas.
Segundo Bergallo, o fato de o diferencial de juros entre Brasil e EUA seguir favorável para a atração de investimentos tem impedido uma alta mais intensa da moeda americana.
“Isso está limitado pelo nosso colchão de juros. Enquanto a Selic estiver em 13,75% ao ano, não tem como o dólar subir tanto”, avaliou. “E também não temos estresse na área fiscal ou ruídos vindos do governo”, completou.
Além de atrair investimentos em portfólio, o Brasil tem recebido dólares pela via comercial, lembrou o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mário Battistel.
“O real é uma das poucas moedas que estão ganhando alguma força, e muito por conta de nossas exportações de commodities agrícolas”, afirmou.
As notícias mais recentes permitiram que o dólar se firmasse abaixo dos R$ 5 nesta semana, mas Luiz Felipe Bazzo, presidente do Transferbank, plataforma de transferências internacionais, lembra que alguns riscos permanecem.
“Mesmo com as últimas boas notícias, ainda tem muito risco no ar: o arcabouço ainda nem foi apresentado ao Congresso, não sabemos o que tem exatamente dentro da regra, as taxas de juros nos EUA ainda não começaram a cair e ainda não há dados concretos sobre a economia da China. Em poucas palavras, ainda tem muita água para rolar”, afirmou.
Por R7