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Cruzeiro do Sul celebra 120 Anos: Uma história de força

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Redação Juruá Online

Neste 28 de setembro, Cruzeiro do Sul, a segunda maior cidade do Acre, celebra 120 anos de fundação. Localizada no Vale do Juruá, a cidade é um marco de história, cultura e desenvolvimento na região amazônica. Desde sua origem como uma pequena missão religiosa, passando pelo auge do ciclo da borracha, até se tornar um importante polo econômico e cultural, Cruzeiro do Sul reflete a força e a resiliência de seu povo.

A cidade foi fundada em 1904, inicialmente como Missão de São Francisco, pelos padres franciscanos. Localizada na margem esquerda do rio Juruá, no que hoje é Eirunepé, no Amazonas, a missão foi posteriormente transferida para a margem direita do rio devido a conflitos com povos indígenas locais, estabelecendo-se na localização atual de Cruzeiro do Sul. A missão logo se transformou em um núcleo urbano em crescimento, impulsionado pelo ciclo da borracha, atraindo migrantes em busca de trabalho na extração de látex.

Com a expansão da indústria da borracha, a cidade cresceu rapidamente e, em 28 de setembro de 1904, foi oficialmente fundada com o nome Cruzeiro do Sul, em homenagem à constelação que brilha na bandeira do Brasil. Este ciclo econômico foi fundamental para a construção da identidade local e para o crescimento populacional da região.

Durante duas décadas, entre 1930 e 1950, Cruzeiro do Sul parecia adormecida, sem grandes avanços. No entanto, com a construção do aeroporto na década de 1950 e a chegada do 7º Batalhão de Engenharia de Construção nos anos sessenta, o cenário começou a mudar. Esse período foi crucial para a transformação do centro da cidade, que na época era um grande pântano. A drenagem dessa área e a estruturação urbana possibilitaram o desenvolvimento de uma cidade que até então enfrentava dificuldades de infraestrutura.

O historiador juruaense, Antônio Franciney de Almeida Rocha, destaca que Cruzeiro do Sul passou por momentos de intenso desenvolvimento econômico e também por períodos de estagnação. “A cidade vive de ciclos. Tivemos fases de grande investimento e, em outras, um certo marasmo. Entre 1920 e 1950, Cruzeiro do Sul parecia estagnada, mas a chegada do Sétimo Batalhão de Engenharia de Construção (BEC) na década de 1960 foi crucial para o desenvolvimento urbano, transformando projetos em realidade e drenando os extensos pântanos que cobriam o centro da cidade,” explica.

A partir da década de 1970, durante a gestão do prefeito Tota, a cidade experimentou uma nova fase de melhorias urbanas com o calçamento de ruas, o que aliviou a população dos constantes lamaçais que dominavam o cenário urbano durante o inverno. Nos anos 1990, o prefeito Orleir Cameli deu continuidade a essas obras de infraestrutura solidificando o crescimento de Cruzeiro do Sul. Já na virada do século, a chegada da BR-364 trouxe um novo impulso, conectando a cidade com o restante do estado e do país, e inaugurando um novo ciclo de desenvolvimento econômico e social para a região. Esses ciclos de progresso e estagnação demonstram a resiliência e a capacidade de adaptação da cidade ao longo do tempo.

Neste dia 28 de setembro, Cruzeiro do Sul é um polo de desenvolvimento, com uma economia baseada na agricultura, destacando-se na produção de mandioca e açaí, e no turismo ecológico, devido à proximidade com a floresta amazônica e o Parque Nacional da Serra do Divisor. A cidade também se alegra de sua herança cultural e religiosa, sendo sede da Diocese de Cruzeiro do Sul e palco de eventos como o tradicional Novenário de Nossa Senhora da Glória, que atrai visitantes de todo o estado.

Apesar de seu progresso, Cruzeiro do Sul ainda enfrenta desafios significativos. Antônio Franciney destaca a necessidade de projetos para a readequação urbana, arborização e criação de espaços de lazer. “Vivemos um momento crucial em que precisamos equilibrar desenvolvimento e preservação ambiental. Estamos no meio da Amazônia, mas temos poucas árvores nas ruas. É essencial que haja planejamento para que possamos conviver de forma sustentável com nosso ambiente,” afirma.

Neste aniversário de 120 anos, Cruzeiro do Sul não apenas celebra sua rica história, mas também reflete sobre seu futuro e os desafios que ainda precisam ser superados. A cidade continua a ser um símbolo de resistência e adaptação, sempre buscando um caminho para o progresso sem esquecer suas raízes e a importância de sua gente.

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