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10 anos sem Orleir: confira depoimentos de amigos e familiares sobre momentos vividos com o cruzeirense que tinha marca registrada com o social

Os depoimentos apresentados a seguir contam a personalidade e as histórias do ex-governador

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Redação Juruá Online

No ano de 2023, completam-se 10 anos que Orleir Messias Cameli partiu para o plano espiritual, deixando uma marca no coração dos que o conheceram. Os depoimentos apresentados a seguir contam a personalidade e as histórias do ex-governador:

NABIHA BESTENE

Uma pessoa audaciosa e positiva

Um cidadão trabalhador, dinâmico, competente e capaz de transformar
um simples caminho em uma bela estrada, este foi Orleir Messias Cameli.
Ele foi sempre assim: construiu com o trabalho um patrimônio e deixou
um “legado” de exemplo para os netos, filhos e amigos. Casado com Beatriz
Barroso Cameli, uma mulher de fibra, que o acompanhou por décadas, lado a
lado como um sustentáculo firme em toda a sua trajetória.
Filho, pai, esposo e amigo dedicado ao bem comum sem olhar
perspectivas de ambição, vaidade e orgulho, nos fazia compreender que todos
somos iguais perante o Pai.
O considerava uma pessoa audaciosa e positiva, porque conseguiu ser
um homem com visão do futuro. Partiu para o outro lado da vida onde todos nós
nos encontraremos um dia, não se despediu, apenas deu um adeus breve.

ENICE MARIANO COELHO – cruzeirense, Mestra em História pela Universidade
Federal Fluminense e ex-Professora e ex-Chefe do Departamento de História da
Universidade Federal do Acre.

Um Olhar Sobre Orleir Messias Cameli

Manaus, 8 de Maio de 2013 – Tombou o Ipê, mas deixou a sombra alicerçada
pela tolerância, bravura, criatividade, empreendedorismo, autenticidade, amor
ao próximo e diversidade. Caiu mas deixou um legado na história política e no
desenvolvimento do Acre, de modo geral e, em particular, a modernização,
integração e socialização do Vale do Juruá. Para isto não mediu esforços nem
sacrifícios. Enfrentou a preponderância dos adversários políticos que temiam a
sua consolidação no poder devido a sua competência, destemor e bravura nos
momentos de tensão. Um homem orgulhoso de sua origem, um porto seguro
para os pobres a quem deu esperança e a que nunca faltou. Como exemplo das
500 vacas leiteiras para famílias de agricultores. Manteve sempre suas portas
abertas para os que precisavam de sua ajuda. Seu empreendedorismo ocupa
lugar de destaque em toda Amazônia Brasileira. Lança juntamente com a
Universidade Federal do Acre o Álbum Iconográfico – A Cidade de Cruzeiro do
Sul – Revisitando o Juruá como meio de resgatar a memória histórica do Vale do
Juruá.

CEL PM RR GILVAN DE OLIVEIRA VASCONCELOS (Ex- Comandante Geral da PMAC)

Conheci o Sr. Orleir Messias Cameli, quando ele estava Prefeito do município de
Cruzeiro do Sul e passei a admirá-lo pela forma como administrava, indo a
campo para acompanhar de perto as obras em execução, demonstrando o
cuidado e o zelo com a administração pública.
Lembro-me de quando lançou candidatura a governador do estado. Tinha
como lema estampado em adesivos a frase: NÃO ROUBAR E NÃO DEIXAR
ROUBAR.
Afixei um dos adesivos no meu carro e na capa da minha agenda
particular, pois acreditei que um empresário, de sucesso como ele era, iria mudar
o destino do nosso sonhado Estado do Acre, e reverter o quadro das más
gestões anteriores. Eu acreditava e tinha esperança em dias melhores para a
nossa Polícia Militar, para a segurança Pública e principalmente para a
sociedade acreana.
Ao ser eleito Governador não me decepcionou.
No mês de maio de 1996 fui promovido ao Posto de Coronel da PM por
ele e em 06 de julho de 1996, fui nomeado para o cargo de Comandante Geral
da Polícia Militar, época crítica para o sistema de Segurança Pública. Permaneci
no cargo até o dia 31 de dezembro de 1998, final do seu mandato.
Assumi o Comando da PMAC com plenos poderes e apoio do Sr.
Governador, não permitindo que houvesse mais ingerências políticas na
corporação que eram nocivas com resultado danoso a sociedade e aos policiais
militares de bem.
Ás forças opositoras do seu governo chegaram a pedir intervenção no
Estado e na própria Policia Militar, mas eles foram convencidos que estavam
errados.
Sou muito grato pela consideração e apoio recebido do Sr. Governador
Orleir Cameli.
Pela boa convivência que tivemos. Destaco algumas das boas ações de
seu Governo a favor da Polícia Militar do Acre e dos policiais militares, tais como:
Reforma Geral com ampliação do Quartel da PM em Sena Madureira.
Construção de um quartel com amplas instalações em Cruzeiro do Sul.
Alteração da Lei de Remuneração da Polícia Militar, que aumentou o salário
dos oficiais em mais de 40% e dos praças em mais de 60%.
Aquisição de 30(trinta) novas viaturas, tipo Santana, 02 (duas) Caminhonete,
tipo Ranger (Carro Presidio).
Aquisição de 30 (trinta) motos para o policiamento em dupla.
Isto parece pouco, mas não o é, considerando que quando assumi o
comando geral da PMAC, existiam somente sucatas e meia dúzia de carros
velhos para o policiamento.
Destaco também, dentre outras qualidades do Senhor Governador Orleir
Cameli, a sua responsabilidade para com os mais necessitados e carentes. A
solidariedade para com os menos favorecidos, o tornava uma pessoa muito
humano. Parecia-me que ele entendia perfeitamente que todo Governante tem
que ter em mente que autoridade é dada por Deus, para servir aos necessitados
com justiça e não para se servir. Entendendo que quando a autoridade faz valer
a vontade de Deus, servindo realmente ao seu Criador e ao povo, ela se torna
invencível e pode ao mesmo tempo contar com o apoio de Deus e com a
credibilidade e apoio popular.
Saudações
(06 de julho de 1996/31 de dezembro 1998)

FRANCISCO CAMELI MESSIAS.

Orleir, como todos sabem, nasceu no Seringal Belo Horizonte, fruto da união
entre Marmude Cameli e Maria do Patrocínio Messias.
Orleir destacou-se desde cedo entre as crianças da família pela sua inteligência
e esperteza. Alfabetizou-se na Escola do Seringal Belo Horizonte e depois foi
para Porto Walter estudar na escola José de Anchieta (Seminário da cidade),
com os padres Luís e Henrique. No ano seguinte veio para Cruzeiro do Sul para
continuar os estudos, mas não chegou a concluir o ano letivo, pois a vontade de
trabalhar e ganhar dinheiro falou mais alto.
Empreendedor de decisões arrojadas, juntamente com seu pai partiu rumo aos
negócios. Trabalhou com a seringa e a exploração de madeira, montando a
primeira Serraria de Cruzeiro do Sul.
Orleir sempre sonhou alto. Dizia ele: “Se os outros podem, porque não posso
também?”. Foi assim, que se destacou como empresário com os irmãos e o pai.
Casou a primeira vez com 19 anos, vindo casar outras duas vezes mais tarde.
Realizado financeiramente queria ajudar seu povo, candidatou-se a prefeito,
venceu com grande maioria dos votos e em seguida partiu para a disputa do
governo do Acre, vencendo as eleições.
Filantropo por natureza, como governador procurou sempre ajudar os mais
necessitados, especialmente em caso de doença, ajudava sem olhar a quem.
Pagou escola para muitas pessoas que tinham vontade de estudar e crescer.
Trabalhador ao extremo, nunca tirou férias, sempre esteve a frente dos
trabalhos. Herdou do avô árabe o dom dos negócios.

SOCORRO BRAGA (Professora)

Querido Orleir, assim que todos o chamavam. Homem de poucas palavras, mas
de um coração generosíssimo. Apesar de pouca escolaridade, sua inteligência
desafiou os letrados e magistrados. Construiu sua fama no serviço público com
honestidade, o que lhe causava contentamento.
Jamais se recusou a prestar solidariedade a um dos seus irmãos mais
pobres e/ou em dificuldades de qualquer natureza. Foi acima de tudo um cristão
que honrou sua Igreja e deu testemunho de sua fé, pois acreditava que a
caridade é uma forma viva de amor ao próximo e que nossa fé, como ler-se em
Coríntios 13:1 “[…] ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar
montanhas, se eu não tivesse o amor, eu não seria nada” […]. Doava-se. Mas
não esperava o retorno dos outros, sentia-se feliz ao servir.
Homem simples, apesar de galgar o mais alto posto, governar nosso
estado, continuava humilde, verdadeiro e positivo, quando indagado. Sempre
determinado, pois sentia que o mais nobre dos sentimentos crescia à sombra
dos desinteresses. Demonstrou garra e honradez na defesa da sua terra e sua
gente.
Conquistou grandes amizades e a estas era leal. O povo de cidade chorou
e sofreu com sua partida. Hoje, sentimos muitas saudades do amigo e irmão
Orleir Cameli. Sabemos o quanto também nos amava, isso porque somente os
honestos podem ter amigos, porque à amizade, o mais leve dos cálculos a fere.
Sei que meu amigo descansa em paz, enquanto nós ficamos aqui
comoventes de esperança e alegria, sacrifício e perdão, inundados pelas
memórias, que em alguns momentos nos faz sentirmo-nos juntos de novo.

DR. HAMILTON

O meu grande amigo Orleir Cameli, em seus tempos de homem não público, era
um empresário, que se destacava com seus irmãos, em suas atividades
comerciais.
Tínhamos bons momentos de prosa. Um dia, em seu escritório, falou-me
que as noites eram longas, para quem queria atingir objetivos e trabalhava muito.
Mostrou-me um pedaço de asfalto, o primeiro teste da máquina que se
encontrava na BR 317 no munícipio Boca do Acre.
Era um homem atencioso, e eu admirava sua atenção para com as
pessoas, independente de posições sociais. Lembro-me dele trocando o pneu
do carro de uma senhora, ajudando-a, o que muitos empresários bem sucedidos
como ele não fariam. Quando tudo aconteciam como ele havia planejado, Orleir
esbanjava um sorriso alegre.
Nossa amizade tornava-se mais forte a cada dia. E fortaleceu-se,
infelizmente, ainda mais em um momento trágico para sua família, a morte de
dona Nadir, esposa de seu Calili Cameli. Ele e eu a acompanhamos no voo de
Cruzeiro do Sul a São Paulo, para um tratamento. Ela faleceu faltando apenas
20 minutos para pousarmos. Aterrissamos com as cortinas fechadas. Fomos
direto para o hangar abastecer. Foi necessário fazer um novo plano de voo.
Retornamos à nossa cidade. No tempo de espera, conversamos sobre o
acontecimento e lamentamos não termos sucesso naquela empreitada de salvar
uma vida tão querida e importante. O momento difícil serviu para refletirmos mais
sobre nosso modo de ver a vida. Uns três dias após o enterro, ele me chamou
em seu escritório para acertarmos as contas do acompanhamento, disse-lhe que
não cobraria, afinal não havíamos logrado êxito, ele afirmou que eu havia feito o
trabalho, mesmo assim eu não cobrara.
Ele descobriu que eu havia comprado um jipe do senhor Magid, a
prestações, e que faltavam três para quitá-lo. Ele quitou. Somente descobri
quando fui pagar. Fui ao seu escritório e o indaguei, Orlei disse que pagara, pois
eu não lhe permitira pagar o acompanhamento médico, fez em gesto de
amizade. Este era outro detalhe importante da sua personalidade. Ele possuía
uma das maiores virtudes para mim, a gratidão. Outra qualidade invejável e que
deveria servir de exemplo para as pessoas era a sua paixão pelos pais dona
Marieta e seu Marmude, que para ele eram verdadeiros deuses aqui na terra.
Muito rara de se ver hoje na maioria das famílias, infelizmente.
Há um fato marcante e memorável. A criação da balsa hospital, que teve
para ele um motivo justo. O que o inspirou foi uma tragédia que presenciou, um
ribeirinho teve suas vísceras lançadas fora, ao ser atingido por uma facada no
abdômen, o que provocara sua morte, assim idealizou a balsa hospitalar com
centro cirúrgico, gabinete odontológico, consultas médicas, para amenizar o
sofrimento dos ribeirinhos e de locais que só tinham-se acesso pelos rios.
Quando reflito sobre a personalidade do meu amigo e analiso toda a sua
trajetória, penso que se algo foi ruim em sua vida, fora os entraves da política.
Certa vez como governador ele me disse que era uma pessoa anônima e feliz
com sua vida. A estar governador sentia muitas vezes injustiçado e via-se
cercado por pessoas que só tinham interesse em seu cargo não em sua pessoa.
E de fato ele estava certo. Em nossas vidas, temos momentos que nós não
gostaríamos de ter passado ou vivido. Mas a índole do Orleir sempre será um
exemplo a ser seguido, pelas suas atitudes honestas que beneficiou milhares de
pessoas que realmente precisavam de um amigo, fato que ele nunca deixou de
ser.

ARQUILAU DE CASTRO MELO (magistrado aposentado, cruzeirense)

Eu recordo bem, era junho de 2006. Havíamos desembarcado no Aeroporto de
Cruzeiro do Sul e estávamos a caminho da cidade. Próximo ao Igarapé Preto,
uma pessoa que dirigia um carro, a nossa frente, baixou o vidro e jogou várias
caixas de bombons de chocolate, aparentemente, vazias. A primeira reação
instintiva foi comentar que se tratava de um absurdo, de falta de educação de
alguém que se desfazia de lixo em plena rodovia. Contudo, várias crianças que
estavam no igarapé correram e colheram às caixas. Percebemos, então, que
elas estavam cheias de bombons e ao alcançarmos o veículo à frente vimos que
era Orleir Cameli que o ocupava.
A sociedade cruzeirense cansou de testemunhar gestos de generosidade
como esse. Católico assíduo contribuiu muito com a igreja católica em Cruzeiro
do Sul. Em leilões do novenário da igreja, em homenagem a Nossa Senhora da
Glória, padroeira de Cruzeiro do Sul, ele dava lances e cobria lances e
arrematava a preços altíssimos uma galinha recheada, e em seguida doava
novamente ao leilão, tudo isso com discrição.
Orlei era um homem muito solidário, não precisou estar prefeito ou
governador para ajudar a todos que dele necessitava. Sempre esteve com os
amigos, que se encontravam doentes e precisavam de ajuda. Era comum pagar
todos os custos com viagens e tratamentos dos enfermos. Atitudes como estas
renderam a Orlei o apreso e a consideração da população. Hoje ele é uma lenda,
de quem contam e recontam fatos reais e ficcionais.
Embora se tratasse de um homem de poucas letras, sempre foi admirado por
ser um empresário inteligente, destemido, arrojado e trabalhador, com um faro
incomum para enxergar negócios lucrativos nas muitas atividades em que se
envolveu, não somente no Acre, mas também em Manaus, onde conquistou e
cultivou grandes amigos.

FRANCISCO SOCORRO TAVARES BIRIMBA (vigia da residência)

Foi um orgulho tê-lo como patrão.
Grande amigo, líder e companheiro. Orleir foi uma pessoa maravilhosa
com quem tive a felicidade e o privilégio de poder dividir 26 anos de trabalho.
Sempre pronto a estender a mão para os mais necessitados. Ele deixava uma
marca pessoal em tudo que fazia e pela forma como fazia. Sem dúvidas, ele foi
um exemplo de quem soube unir e apoiar com muita sabedoria, para assim,
construir, doar e socorrer.
Normalmente, nos deparamos com aqueles que colocam o poder acima
dos valores humanos, comportando-se autoritariamente e ampliando distâncias
de seus subordinados. Orleir era diferente. Por ser um patrão diferenciado, não
poderia deixar de registra aqui minha gratidão pela forma amiga e sincera que
sempre me tratou.
Mais que um superior no ambiente de trabalho, demostrou ser sempre um
companheiro e deixou muito claro que podíamos contar com a sua ajuda.
Seu conhecimento nos transmitia segurança e garra para batalhar em
busca dos nossos ideais. Olhando para ele podíamos ver que seus esforços não
eram em vão. Era um homem de sucesso. Com ele podemos aprender que só
os que não querem não encontram caminho a seguir.
Orleir foi a prova mais completa de que tudo vale a pena e que na vida
acima de tudo temos que ter humildade para reconhecer os nossos erros e
aceitá-los com dignidade. Só assim superamos obstáculos.
Funcionário:

IRMÃ PAULINA GOMES DA SILVA

O ADEUS INESQUECÍVEL DE UM AMIGO – ORLEIR CAMELI…

A vida é um treinamento para desapegar-se, porque a morte é o
desapego de tudo: coisas, família, casa, amigos. Mas isso deve ser feito em
vista de um bem maior: vida, céu, tesouro infinito: DEUS! Viver é o desejo mais
forte que está em nós. Queremos viver sempre. Nascemos para não mais
morrer. Mas, para isso, é preciso amar, cuidar, zelar, cultivar a vida de Deus que
está em nós.
Deus fez todas as pessoas para o céu! CÉU: Vida repleta de Deus,
repleta de irmãos e irmãs, repleta de amor e paz, repleta de felicidade, repleta
de vida e de alegria…CÉU: comunhão com Deus, comunhão com todas as
pessoas, comunhão com o universo infinito, comunhão com a vida…CÉU: festa
sem fim, música permanente, dança em todos os ritmos, luzes de todas as cores,
tudo em todos…CÉU: realização de todos os desejos humanos.
DEUS FEZ TODAS AS PESSOAS PARA O CÉU! È por isso que Ele
chamou o nosso grande amigo, ORLEIR CAMELI! Pessoa que tanto bem fez
nesta terra e que chegou seu momento de merecer esse CÉU tão glorioso e,
temos plena certeza de que ORLEIR CAMELI está gozando de tudo isso.
Deixamos-lhe descansar porque em vida nunca descansava, trabalhava
incansavelmente sem pensar no seu próprio bem-estar.
Conheci ORLEIR CAMELI desde os tempos do meu Internato no Colégio
Imaculada Conceição em Porto Walter, das Irmãs Dominicanas de Santa M.
Madalena, no alto Juruá. ORLEIR CAMELI também era interno no Seminário
dos Padres Espiritanos , nossos vizinhos. Estudamos toda Escola Primária na
mesma sala de aula. Ele era um bom colega e um bom aluno. Era um exemplo
para nós com suas tarefas bem feitas e bem organizado no Calendário Escolar.
Exemplo de colega observador. Sempre na hora do recreio trazia algumas
coisinhas gostosas para nós. Olhava de colega por colega, oferecendo com
todo carinho, principalmente quem não tinha lanche e começava a distribuir.
Ficava feliz quando via todos comendo. Cada vez que seu pai, Marmude Cameli,
vinha do grande Barracão, um dos ricaços da época, levava bastante novidades
para seus filhos no Internato: ORLEIR, CHIQUINHO E ELÁDIO. Por serem os
mais ricos do Internato, eram também os mais simples e generosos. Nunca
comiam sozinhos, sempre dividiam com os outros. Amar é ser generoso. Ser
generoso é dar tudo de si. O amor tem um nome:” GENEROSIDADE”. “A
GENEROSIDADE APAGA UMA MULTIDÃO DE PECADOS.” ( São Paulo).
Passados os anos, entrei na Congregação Dominicana e continuei minha
carreira de estudos em Jacarezinho, no Paraná, Belo-Horizonte e voltando a
Cruzeiro do Sul, recebi como prêmio, a Direção do Instituto Santa Teresinha,
cargo que exerci durante 18 anos. Diante das inúmeras dificuldades da época,
encontrei-me novamente com meu amigo e colega de infância-ORLEIR CAMELI.
Pessoa que muito me apoiou nas horas que mais precisava para levar em frente
os meus Projetos Educacionais. Nas grandes Festas Juninas, quantas vezes nos
presenteou um Boi para os Bingos e Leilão. Nunca negou um pedido meu! Cada
desejo meu, era uma ORDEM ; recebia aquela doação, no momento preciso.
Lembro-me certo dia de um telefonema dele onde me perguntava qual era a
necessidade mais urgente do Instituto Santa Teresinha. Respondi-lhe
prontamente que o nosso Instituto necessitava da cobertura da Quadra Esportiva
. Dia seguinte ele aparece com sua equipe para nos atender prontamente e a
obra foi realizada.
Outro fato inesquecível foi a caridade que ele fez a uma das minhas irmãs,
a Iurinha. Ela estava gravemente enferma numa cadeira de rodas, acometida por
uma “hérnia de disco”. Quando o nosso amigo, Orleir Cameli, ficou sabendo,
resolveu de imediato a situação dela: Mandou para São Paulo, no Hospital
Osvaldo Cruz para o tratamento. Ela fez a cirurgia urgente e voltou para casa
andando com seus próprios pés, sem palavras para agradecer o que tinha
recebido do grande amigo. Nunca esqueceu essa grande obra de caridade e
toda vida ela foi eternamente uma grande admiradora e agradecida a pessoa do
Orleir.
Mais um ato caritativo recordo da pessoa do Orleir:
Uma vizinha e amiga: Elenita Soares da Costa, estava muito mal de uma colite.
Orleir ficou sabendo do triste caso da Elenita e mais uma vez usou de
compaixão. Mandou-a para Goiânia juntamente com seu filho Júnior para fazer
o tratamento. Ela fez um maravilhoso tratamento e viu que tudo estava correndo
para o melhor, retornou ao Acre muito bem e, a sua gratidão era bem maior que
o tamanho da doença. Mais uma vez esse homem cresce na nossa história como
uma pessoa do bem. Um verdadeiro Samaritano Bíblico!! Com isso, muita gente
de todos os arredores cruzeirenses, procurava ajuda de Orleir Cameli e era bem
atendido. Ele não sabia dar um “não” para ninguém porque via no sofrimento do
pobre, o próprio sofrimento do Cristo.
A você, Orleir, o nosso muito obrigada pela sua vida doada ao Acre, pelo
seu amor, pela sua dedicação e seu serviço ao povo, especialmente aos pobres,
onde você nunca mediu esforços e sacrifícios para ir ao encontro deles, levando
uma palavra amiga e de conforto, uma ajuda financeira a fim de promove-los na
vida. A sua recompensa está em Deus!
Com simplicidade, uma recordação amiga e
sempre presente.
Rio Branco, 04 de janeiro de 2014 . ( Ir. Paulina
Gomes da Silva, OP)

MAIRA IVANILDE (Benilda)

Já faz alguns meses de sua partida. Ainda sentimos muito sua presença em nosso meio,
na tua casa está um vazio enorme. É como se faltasse uma metade… falta sim… você.
Sentimos saudades de você andando pela casa, o barulho do teu sapato, que nunca
deixastes poeira, teu jeito alegre de brincar com todos. Ausência física, ausência da voz,
e do cheiro. Saudade da amizade que nas lembranças em algumas fotos.
Ainda sentimos a tua presença sabia? Porque você se foi tão cedo? Sempre achei que
você fosso eterno, pois tantas pessoas ainda necessitam de tua ajuda. De sua
generosidade que nunca desamparou os mais humildes.
Saiba! Você nunca será esquecido. Você é uma “lenda”. Obrigada por tudo. Admiramos-te e te guardaremos para sempre.
“A saudade eterniza a presença de quem se foi”

MARIA IVANILDE ALVES DA COSTA E ÉRICA COSTA ANDRADE

Aos meus cinco anos de idade eu e minha mãe nos mudamos para Fazenda
Colorado. Moramos lá durante quatro anos. Minha mãe trabalha com a família
do senhor Orleir Cameli há muito tempo. Os anos que morei lá foram incríveis e
jamais serão esquecidos.
Durante esse tempo o senhor Orleir fora o meu segundo. Um homem que
me viu crescer, que nunca me deixou faltar nada. Eu o via como um herói, que
me inspirou a lutar pelos meus sonhos e objetivos.
Apesar da descendência humilde, nunca baixou a cabeça diante das
dificuldades da vida. Lutou pelos seus sonhos e conseguiu ser bem-sucedido.
Um homem rico de amor pelo próximo, de humildade, de compaixão, rico de
generosidade.
Lembro-me certo dia, em que brincava na casa de uma amiga,
andávamos de bicicleta e eu quebrei a clavícula. Ligaram para minha mãe, para
que fosse me buscar. Esperava por ela, mas quem chegou foi o senhor Orleir.
Pegou-me nos braços e me pôs no carro. Ao chegarmos, ele cuidou de mim,
colocou gelo no machucado e ficou ao meu lado até eu me sentir bem.
Perguntava-me o porquê de toda a sua preocupação, seu cuidado, já que não
era sua obrigação fazer aquilo. Foi quando percebi que para ele não importava
se era sua obrigação ou não, se iria custar seu tempo ou dinheiro. O que lhe
importava era ajudar e pronto. Sem se preocupar em receber algo em troca.
Não encontrei palavras para explicar o quanto toda a minha família é grata a ele.
Talvez seja porque tanta bondade não possa ser descrita em palavras, e sim
demostradas em forma de admiração e respeito.
Sei que senhor Orleir, agora é um anjo no céu e que aqui na terra, foi uma
benção na vida daqueles ás sua volta, inclusive na minha vida e da minha família.
Sentimos muito sua presença em nosso meio, em sua casa um vazio
enorme. É como se faltasse a metade. E falta sim. Falta ele.
É incrível o que sentimos, como se ele estivesse andando pela casa, o
barulho do sapato, que nunca deixará poeira, o jeito alegre de brincar com todos.
Ausência física, ausência da voz, jeito, postura forte e ao mesmo tempo humilde.
Saudade da amizade, que ficam agora nas lembranças, em algumas fotos. Sua
ausência faz tanta falta que nos questionamos: por que ele se foi tão cedo?
Sempre achei que ele fosse eterno, pois tantas pessoas ainda necessitavam de
sua ajuda, a generosidade de um homem que nunca desamparou os mais
humildes.
Ele nunca será esquecido. Ele é uma “lenda”. Agradeço por tudo. Admiroo e o guardarei para sempre.
Dia 08 de maio de 2013 o Acre chorou. Chorou ao perder um filho ilustre,
um homem de bem, que tinha toda uma vida pela frente. Mas o céu precisava
de um anjo, e só ele se encaixou no papel.

Confira todos os depoimentos em homenagem a Orleir Messias Cameli:

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