Três caçadores estão desaparecidos desde segunda-feira (8) na região de Porto Walter, no Vale do Juruá. Eles saíram pela manhã da comunidade Matrinxã, localizada no Igarapé Nilo, afluente do Riozinho Cruzeiro do Vale, para caçar queixadas, mas não retornaram para casa como previsto.

Sem lanternas ou materiais para pernoite, os homens levavam apenas alimentação para um dia de atividade, o que aumenta a preocupação da família e das equipes de resgate.
De acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros na região, major Josadaque Cavalcante, a corporação foi acionada ainda na noite de segunda-feira.
“A família entrou em contato informando que os três saíram pela manhã e deveriam ter voltado no mesmo dia. Eles não levavam lanterna nem equipamentos para passar a noite na selva”, relatou.
Equipes a caminho da área isolada
Uma equipe com quatro militares deixou Cruzeiro do Sul às 6h dessa terça-feira (9), deslocando-se de embarcação pelo Rio Juruá.

Segundo o comandante, moradores da região já iniciaram as buscas:
“A família informou que um grupo de 12 pessoas entrou na floresta ainda na madrugada, tentando localizar os caçadores.”
As chuvas constantes podem ter contribuído para a desorientação.
“Esses dias estão sendo muito nublados. Os caçadores daqui costumam se orientar pelo sol. Sem essa referência, fica muito fácil se perder”, explicou Josadaque.
Mapa, GPS e técnica de “quadrantes”
As buscas seguirão protocolos de selva utilizados pela corporação, que incluem mapeamento de igarapés, definição de quadrantes e uso de GPS.
“A selva desorienta qualquer pessoa. Por isso, fazemos o mapeamento de todos os córregos da região. Normalmente, o caçador tenta seguir um igarapé porque ele sempre deságua em rios maiores e leva a comunidades. A equipe vai trabalhar de posse desse mapa”, detalhou o major.
16º caso de desaparecidos na mata só este ano
O desaparecimento dos três caçadores é o 16º acionamento do Corpo de Bombeiros para buscas na floresta apenas em 2025 no Vale do Juruá.
A rotina de caçadas e pescarias aumenta o risco para moradores.
“Aqui a população usa muito a floresta. São pessoas experientes, mas basta um descuido ou uma mudança no clima para se desorientar. Somente este ano, tivemos 16 acionamentos. Em 15 deles conseguimos localizar as vítimas com vida”, ressaltou.
O único caso sem solução permanece em aberto.
Orientações do Corpo de Bombeiros
O comandante aproveitou para reforçar recomendações de segurança:
- comunicar à comunidade o local exato da caçada;
- levar lanterna, bússola, GPS ou qualquer meio de orientação;
- evitar se afastar do ponto onde percebeu estar perdido;
- em desorientação total, seguir um igarapé até encontrar um rio maior ou comunidade.
“Isso reduz o raio de buscas e aumenta muito as chances de localização”, orientou.





