Por muitos anos as terras que hoje conhecemos como estado do Acre foram chamadas de “Países incógnitos”, pois para os europeus e colonizadores esse território era um vazio desconhecido. Hoje, sabe-se que essas terras já eram efetivamente ocupadas por diversos povos indígenas, mas que infelizmente não possuíam legitimidade para reivindicar seu direito sobre as terras.
No século XIX, a Amazônia passa a receber muitos imigrantes atraídos pela crescente exploração de seringa e extração do látex. Nesse momento há um “boom comercial” dessa matéria prima diante da grande demanda europeia e norte-americana. Os imigrantes recém- chegados se fixavam em seringais e a região cresceu rapidamente. Haviam tratados que reconheciam o território acreano como pertencente à Bolívia, porém, não existia um processo claro de demarcação, o que possibilitava uma ocupação arbitrária. Além disso, apenas após a constatação do grande valor econômico do lugar foi que o governo boliviano se interessou pelo assentamento e posse, e promoveu a instalação de um posto alfandegário conhecido como Puerto Alonso, onde eram cometidos inúmeros abusos por parte do governo da Bolívia que dificultava muito a vida de seringueiros brasileiros. As hostilidades entre os trabalhadores e homens de negócios dos dois países só aumentavam, e culminou com o conflito histórico entre Brasil e Bolívia conhecido como Revolução acreana , que resultou a rendição dos bolivianos. No entanto, as tensões diplomáticas estavam em seu ápice e foi nesse momento que a figura do Barão do Rio Branco, Ministro das Relações Exteriores, entrou em cena liderando as negociações do lado brasileiro em busca de uma solução para o problema.
Em 17 de novembro de 1903, depois de muitos acordos, foi assinado o tratado de Petrópolis, que anexou oficialmente o Acre ao Brasil. O tratado foi uma permuta, na qual em troca do território acreano o Brasil teria algumas obrigações, como por exemplo, pagar dois milhões de libras esterlinas à Bolívia, conceder terras com acesso ao Rio Madeira e Bacia do Amazonas e construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré para facilitar o escoamento de produtos.
A data de hoje merece ser lembrada e conhecida. A assinatura do tratado resultou em ganhos dos dois lados, permitiu também boas relações entre os países envolvidos no conflito, além de evitar mais derramamento de sangue.
O Acre literalmente lutou para fazer parte do Brasil.
Vitoria Maciel, Historiadora