Terceiro Encontro da Rede de Sementes Florestais reúne comunidades e especialistas em Cruzeiro do Sul

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O terceiro encontro da Rede de Sementes Florestais do Acre movimenta Cruzeiro do Sul nos dias 8 e 9, reunindo representantes de comunidades tradicionais, pesquisadores, instituições públicas e privadas para fortalecer a cadeia produtiva de sementes na região. Promovido pela Fundação de Tecnologia do Acre (FUNTAQ), o evento acontece no Sesc e inclui palestras, minicursos e atividades práticas realizadas em parceria com a Universidade Federal do Acre (UFAC).

A diretora técnica da FUNTAQ, Sueli Farias, explica que o encontro faz parte de um esforço iniciado em 2023 para consolidar a rede de sementes no estado. Nesta edição, palestrantes convidados de outros estados compartilham experiências e apresentam novas técnicas de manejo, armazenamento e comercialização. A programação envolve teoria e prática, com cursos voltados a coletoras, estudantes, profissionais e comunidades que veem na produção de sementes uma forma de ampliar renda e oportunidades.

O evento reúne participantes de diferentes municípios do Juruá, como Feijó, Tarauacá, Rodrigues Alves, Mâncio Lima e comunidades como Croa. A agenda se estenderá ainda a Rio Branco, onde novas atividades estão previstas entre os dias 11 e 13, incluindo um curso prático adicional.

Entre as participantes está Maria Valdemir Silva de Sousa, do povo Noke Koi, que atua há quatro anos na coleta e produção de mudas. Ela é presidente de uma associação indígena e coordena um viveiro capaz de produzir 12 mil mudas por ano. Maria conta que o grupo formado por 18 mulheres indígenas trabalha principalmente com sementes de açaí, cacau nativo, caju, pamã, breu e mulungu — este último usado tanto para artesanato quanto para produção de madeira.

Para ela, o encontro representa um momento de valorização e fortalecimento do trabalho das mulheres indígenas. “A gente sempre trabalhou do nosso jeito, mas agora estamos aprendendo técnicas novas que vão melhorar a nossa produção”, comenta. Ela destaca ainda que o armazenamento adequado das sementes pode evitar perdas e ampliar o potencial de germinação, beneficiando tanto o artesanato quanto ações de reflorestamento com espécies de madeira de lei, como cedro e aguano.

O pesquisador Geângelo Petene Calvi, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), ministrou um dos minicursos, voltado ao armazenamento de sementes da Amazônia. Ele explica que compreender as diferenças entre sementes que precisam ser germinadas imediatamente e aquelas que podem ser armazenadas por anos é essencial para ampliar a disponibilidade do produto e fortalecer o mercado. “Se você garante o manejo adequado desde a coleta até o armazenamento, evita perdas e cria oportunidades de renda em períodos fora da safra”, afirma.

Segundo Calvi, a principal dificuldade observada entre os participantes é lidar com o clima tropical úmido, que exige técnicas específicas para reduzir a umidade e manter as sementes em temperaturas adequadas — algo que muitas comunidades tentam adaptar com os recursos disponíveis.

A Rede de Sementes do Acre é composta por instituições públicas, privadas, ONGs e cooperativas. Seu Grupo de Trabalho atua para integrar conhecimentos, mapear profissionais e identificar demandas da cadeia produtiva. A expectativa é de que eventos como este ampliem a produção, gerem novas parcerias e consolidem o Acre como referência na área.

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