Em meio a campos improvisados, bolas gastas e redes rasgadas, quase mil jovens de Cruzeiro do Sul e da região do Juruá alimentam o mesmo sonho: se tornarem protagonistas dentro e fora das quatro linhas. Eles participam de 18 escolinhas de futebol, que funcionam majoritariamente de forma social e voluntária, sem apoio financeiro ou estrutural por parte do poder público.

O projeto “Novo Futebol Cruzeirense – Formando Jovens Protagonistas” nasceu justamente para fortalecer essas iniciativas e oferecer melhores condições de treino, visando tirar os jovens da vulnerabilidade social. Segundo José Gomes, representante das escolinhas esportivas do Conselho Municipal de Esporte, o trabalho social realizado há mais de 20 anos hoje enfrenta sérias dificuldades por falta de material básico e apoio logístico.

Atualmente, as escolinhas atendem mais de mil crianças e adolescentes, mas muitas correm risco de encerrar as atividades devido à falta de recursos. Gomes relata que, apesar de ofícios enviados à gestão municipal desde o início do mandato, a resposta tem sido o silêncio. Até mesmo o pedido de uso da Arena do Juruá para realização de uma competição com cerca de 250 jovens não teve retorno.

“O tempo dos professores já é doado. Mas sem material, transporte ou apoio mínimo, fica cada vez mais difícil continuar”, afirmou Gomes. O representante lembra ainda que o F10, um dos projetos em destaque na cidade, há mais de sete anos vem contribuindo para o desenvolvimento social e físico dos jovens, promovendo não apenas a prática esportiva, mas também o fortalecimento do caráter e da saúde mental.

As escolinhas, que já ajudaram a transformar vidas e revelar talentos locais, continuam funcionando com extrema dificuldade. Muitos treinadores chegam a tirar dinheiro do próprio bolso para garantir transporte e alimentação dos jovens atletas.

Enquanto buscam alternativas de financiamento, como a possível arrecadação com o estacionamento da Expoacre Juruá, os treinos seguem com esforço e esperança. Para os jovens, como o Edson, de 14 anos, cada treino é mais um passo rumo a um futuro melhor. “Aqui é onde posso aprender e sonhar com o futebol, errar e melhorar, sempre com a orientação dos professores”, resume o adolescente.

A coordenação do projeto faz um apelo à sociedade, à iniciativa privada e ao poder público para que apoiem a continuidade dessas atividades, que têm papel fundamental na formação de cidadãos e no combate à vulnerabilidade social no Vale do Juruá.