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Rio Acre tem vazante na capital e, com oscilação, abastecimento segue comprometido devido à turbidez

Há mais de 50 dias, o rio não tinha alcançado um nível alto, mas, segundo a Defesa Civil Municipal

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Um dia após ter ultrapassado os 6 metros, o Rio Acre apresentou vazante novamente na capital e marcou 5,64 metros nesta terça-feira (29) ainda mostrando-se acima da média histórica, que é de 5,29 m, para o mesmo dia do ano.

Há mais de 50 dias, o rio não tinha alcançado um nível alto, mas, segundo a Defesa Civil Municipal o manancial deve ficar oscilando até que as chuvas sejam registradas e de forma recorrente.

A capital acreana também registrou um aumento no volume de chuvas, chegando a 127,7 milímetros – alcançando 60% do esperado de chuvas em novembro, que tem previsão de 224,3 milímetros.

A vazante do Rio Acre em outras cidades está interferindo diretamente no nível do manancial na capital, porém, deve ser algo temporário que ainda não deve mudar o cenário atual de seca, segundo o coordenador da Defesa Civil, tenente-coronel Cláudio Falcão.

“Fazemos esse monitoramento não só do Rio Acre em Rio Branco, mas em toda sua extensão, então a gente monitora desde cabeceiras como em toda sua extensão que impacta diretamente Rio Branco. O rio não ia se manter com nível elevado porque nos outros locais todos estão em vazante, toda bacia está em vazante, com exceção de Porto Acre, que o município que fica depois do nosso, então a previsão é que descresça um pouco mais até a chegada mais definitiva das chuvas no começo de dezembro”, destaca.

O cenário, no entanto, deve mudar rapidamente, segundo o coordenador, uma vez que o rio deve oscilar nos próximos dias.

“Por enquanto, estamos tranquilos com relação a um aumento grande que traga problemas para a gente e, claro, esse cenário pode mudar rapidamente dentro de uma, duas semanas, quando começar as chuvas intensas, que deve acontecer já pro início de dezembro, na primeira quinzena”, alerta.

Balseiros estão acumulados nas bombas do Saerb — Foto: Asscom/Prefeitura de Rio Branco
Balseiros estão acumulados nas bombas do Saerb — Foto: Asscom/Prefeitura de Rio Branco

Abastecimento

A subida repentina do Rio Acre provou o acúmulo de balseiros – restos de galhos que descem na bacia do rio – no local onde funciona as bombas de captação da Estação de Tratamento de Água (ETA I) no manancial. As águas começaram a subir ainda na semana passada e, segundo o Serviço de Água e Esgoto (Saerb), o sistema da estação precisou ser desligado totalmente na sexta-feira (25) e sábado (26).

Atualmente, a capacidade da ETA I tem capacidade para captar 600 litros por segundo, porém, tem conseguido puxar 465 litros por segundo devido ao problema de turbidez causado pela oscilação do rio na capital. Uma redução de 23%. Já a ETA II tem capacidade de mil litros por segundo.

O diretor-presidente do Saerb, Enoque Pereira, diz que a redução foi necessária para evitar danos maiores à estrutura da ETA. Além disso, explicou que o sistema precisou ser desligado por dias seguidos, uma vez que foi preciso fazer a mudança das bombas e também para fazer a limpeza nos motores, que também foram afetados com o acúmulo de balseiros.

“Agora está em 1.365 mil litros por segundo, acreditamos que amanhã [quarta,30] chegaremos a 1.450”, disse. A capacidade é de 1,5 mil litros nas duas estações.

Rio Acre deve ficar oscilando nos próximos dias  — Foto: Ágatha Lima/Rede Amazônica Acre
Rio Acre deve ficar oscilando nos próximos dias — Foto: Ágatha Lima/Rede Amazônica Acre

Operação estendida

A Operação Estiagem com carros-pipas que levam água potável para comunidades rurais da capital continua estendida até a primeira quinzena de dezembro. A maioria dessas comunidades é abastecida por poços artesianos, que estão secos devido à seca severa deste ano.

Atualmente, são atendidas 23 comunidades, que totalizam 3,3 mil famílias em Rio Branco.

“A operação ainda está rolando, porque a gente ia suspender no dia 5 de dezembro, mas vamos prolongar, porque ainda não temos um cenário bom. Primeiramente a gente está pensando em ir até 20 de dezembro, mas o que vai realmente mandar é o tempo, porque se começar a chover muito, pode ser que os caminhões passem a não conseguir mais entrar nos locais que a gente precisa entrar”, explica.

O coronel é categórico ao afirmar que este é “um novembro nunca visto antes”. Apesar de nesta segunda quinzena de novembro, as chuvas serem mais constantes, ele diz que o estado ainda é de alerta, já que os primeiros dias de novembro foram de seca.

“Tivemos um deficit e o que tem chovido é o que se esperava para a segunda quinzena, mas estamos devendo a primeira. À situação ainda é complicada e totalmente atípica, estou com o olho bem aberto com os municípios de Assis Brasil, Brasileia e Xapuri, onde tivemos uma mudança drástica, então a gente deve começar a mudar o cenário do rio, mas o que interfere diretamente são as chuvas da capital”, pontua.

Poços continuam secos em comunidades rurais de Rio Branco — Foto: COMDEC
Poços continuam secos em comunidades rurais de Rio Branco — Foto: COMDEC

Preocupação

A seca do rio e a falta de chuva preocupam também especialistas. Há estudos apontando, inclusive, que nos próximos anos, o manancial pode chegar a cota zero. Além disso, o professor da Universidade Federal do Acre (UFAC) Foster Brown, já fez um alerta para mudanças no clima e destaca a necessidade de uma adaptação. Segundo ele, o clima do Acre está mudando.

O especialista é uma referência na área por ter experiência em geoquímica, ecologia, com ênfase em ecologia aplicada, atuando principalmente nos seguintes temas: mudanças globais, queimadas, sensoriamento remoto, estimativas de desmatamento, uso de florestas, métodos de verificação do uso da terra.

“Estamos vivendo um período mais parecido com julho do que novembro. Nós temos mudanças de misturas naturais e mudanças provocadas pelo ser humano. É preciso reconhecer que nós estamos dependente, então nós precisamos nos adaptar.”

Com informações g1.

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