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Quais eram as reivindicações das primeiras feministas?

Direito à educação igualitária e questionamentos sobre a hierarquia entre homens e mulheres pontuaram os primórdios do feminismo no Brasil

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Recentemente, comemoramos 90 anos do Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil, fato que marcou a ação das sufragistas no país e que é visto como o princípio do movimento feminista brasileiro de forma organizada. Muito antes dessa vitória, porém, outras iniciativas já buscavam a igualdade de oportunidades entre os gêneros, por meio de uma série de reivindicações. Uma delas foi o direito à educação.

A escritora potiguar Nísia Floresta (1810-1885) foi a maior representante dessa demanda que, embora pareça simples hoje, era rara no século 19 e viável apenas para poucas meninas das classes abastadas. Segundo Teresa Cristina de Novaes Marques, autora de “O voto feminino no Brasil” (Edições Câmara), Nísia teve papel fundamental nessa luta, por publicar, em 1832, “Direitos das mulheres e injustiça dos homens”. Embora não se saiba bem em quais escritos a obra, considerada subversiva, teria se baseado, a maior parte dos historiadores aponta como fonte “Uma reivindicação dos direitos da mulher”, de 1792, da filósofa inglesa Mary Wollstonecraft (1759-1797), considerado um dos documentos fundadores do feminismo. “O fato é que Nísia defendia a educação como instrumento de emancipação das mulheres não escravas”, diz Tereza em seu livro.

Outra reivindicação relevante dizia respeito à igualdade e à emancipação. De acordo com Cristina Scheibe Wolff, professora titular do Departamento de História da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), no século 19, em paralelo às reivindicações das sufragistas, outra turma também se mobilizava: a das operárias. “Muitas delas faziam parte de grupos anarquistas e escreviam artigos para o periódico A plebe questionando o casamento nos moldes tradicionais e a hierarquia entre homens e mulheres”, comenta Cristina, que reforça que, ao longo do tempo, novas demandas foram sendo incorporadas à luta feminista, como o direito de cursar uma universidade e de trabalhar fora de casa SEM a autorização do marido.

Na opinião de Cristina, que ainda atua como editora da revista Estudos Feministas, apesar de tantas conquistas, as mulheres contemporâneas ainda precisam encarar duas lutas fundamentais: o fim da violência contra a mulher e a participação na política. “O corpo da mulher é privado, mas o homem ainda se sente no direito de tutelá-lo, inclusive no que diz respeito aos direitos reprodutivos. Em relação à política, as poucas mulheres eleitas costumam sofrer uma série de violências, especialmente as negras e as trans. “É possível que essas lutas tão essenciais sejam tidas como ‘pioneiras’ no futuro”, diz a historiadora.

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