Redação Juruá Online
Com o objetivo de ensinar mulheres por meio do artesanato, o projeto “E o Sonho Continua” tem levado aprendizado, renda extra e esperança para a comunidade Santa Júlia, em Cruzeiro do Sul. Criado em homenagem a Lúcia Maria Souza de Oliveira, conhecida como “Lucinha do INSS”, o projeto é um reflexo de sua visão de transformar o tempo livre em oportunidade e superação.
Lúcia, que faleceu em 10 fevereiro deste ano (2024) após uma luta contra o câncer, idealizou o projeto ao perceber as dificuldades enfrentadas por jovens e mulheres na comunidade, muitas das quais possuíam tempo livre, mas careciam de habilidades para gerar renda. Inspirada por sua própria família, composta majoritariamente por mulheres habilidosas no artesanato, ela sonhou em ensinar práticas como costura, crochê e pintura, promovendo aprendizado e autonomia financeira.
Segundo Martha Oliveira, filha de Lúcia, o sonho nasceu da observação de sua mãe: Há alguns anos, quando a comunidade Santa Júlia se firmou e as famílias começaram a frequentar a igreja, as missas e os encontros, elas também quiseram participar mais ativamente. Minha mãe percebeu algumas dificuldades enfrentadas por certas famílias. O que mais a incomodava era que, muitas vezes, dentro dessas famílias havia meninas jovens que mal conseguiam estudar, seja pela própria condição financeira ou social, ou porque tinham muito tempo livre, sem saber como aproveitá-lo. Isso a preocupava profundamente. Ela dizia: “Nossa, meu Deus! Não sabem nem pregar um botão, nem fazer a barra de uma calça. Poderiam estar fazendo um sapatinho de crochê, pintando ou costurando para ganhar uma renda extra. Mas não sabem, e é preciso ensinar.” Essa questão ocupava um espaço significativo na mente da minha mãe, que sempre se preocupou em encontrar formas de ajudar essas jovens a se desenvolverem e aproveitarem melhor o tempo livre.
Após a pausa causada pela pandemia e o agravamento da saúde de Lúcia, o projeto foi retomado um mês após sua partida. Sob a coordenação de Marluce Santiago, amigas e familiares decidiram manter vivo o sonho: Aqui está o texto corrigido, com uma estrutura mais clara e adequada: “Fizemos a promessa de recomeçar logo depois, mas, infelizmente, a saúde da Lúcia foi se agravando. Ela precisou viajar com mais frequência, e acabamos parando. No entanto, o sonho permaneceu vivo. Meses depois que ela partiu, criamos coragem e decidimos dar continuidade a esse sonho. Atualmente, temos cerca de dez participantes. Algumas frequentam com regularidade, enquanto outras dependem de suas condições pessoais. Nosso desejo é que o número de participantes aumente, pois também temos um novo projeto previsto para começar em fevereiro. Será um novo recomeço para nós”, relata Marluce.
Entre as participantes está Maria da Glória, dona de casa que sempre quis aprender crochê. Hoje, além de dominar a técnica, ela encontrou novas paixões no artesanato, como a confecção de bonecos amigurumi: “Eu tinha vontade de fazer crochê, como trabalhar na confecção de tapetes, sousplats, beiradas de guardanapos, essas coisas, enfim. Depois que comecei, aprendi e logo despertei interesse por outra técnica, o amigurumi. Foi o que eu mais gostei de fazer, porque envolve criar bichinhos de crochê. Essa foi a parte que mais gostei”, disse.
Luciene da Cruz, que já tinha experiência, aproveitou para se especializar: “Eu já sabia fazer crochê e os pontos básicos. Então, vim mais para me especializar, né? Já fiz bastante coisa também. Gosto muito de trabalhar com artesanato”, expressou.
Depois de nove meses de dedicação, o projeto realizará sua primeira feira no dia 14 de dezembro, no espaço social da capela Santa Júlia, localizada no bairro da Escola Técnica. Produtos como guirlandas, miniaturas de árvores de Natal, guardanapos bordados, tapetes e bolsas estarão disponíveis, mostrando o talento e a criatividade das artesãs.
A arrecadação será dividida entre os participantes e a manutenção do projeto. Com o sucesso dessa iniciativa, novos cursos e matrículas já estão sendo planejados para 2025, marcando o início de uma nova etapa para o “E o Sonho Continua”.