Grupo pede aprovação de um Projeto de Lei, que tramita no Senado Federal, e institui o piso salarial nacional para a categoria.
O movimento acontece na semana em que se comemora o Dia Internacional da Enfermagem e tem como objetivo pressionar o andamento do PL e chamar atenção dos parlamentares acreanos para votarem a favor da aprovação do piso salarial.
“O principal motivo é referente ao PL 2564, que estabelece o piso salarial e a jornada de trabalho de 30 horas. Esse projeto está tramitando no Senado e nossa principal pauta aqui é reivindicar que os nossos senadores se posicionem. Estamos pedindo que eles votem sim, porque até o momento nenhum senador se posicionou favorável a esse projeto que beneficia a enfermagem”, disse a presidente do Sindicato dos Técnicos e Auxiliares de Enfermagem, Maria Rosa Nogueira da Silva.
A sindicalista lembrou ainda que atualmente muitos técnicos de enfermagem ganham menos de um salário mínimo e fazem jornadas de trabalho exaustivas.
“Os técnicos de enfermagem que são funcionários do Gesac, que é o antigo Pró-Saúde, por exemplo, estão ganhando menos que um salário mínimo. E, pasmem, se eles passarem do horário, ao invés de ganharem hora extra, é descontado do salário deles. Isso é um absurdo. Também estamos fazendo essa passeata em protesto a atitude do governo do Estado do Acre que só tem desvalorizado a enfermagem. É enrolação em cima de enrolação.”
O G1 entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre) e com o governo do estado, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Grupo pede a aprovação de PL que tramita no Senado Federal e institui o piso salarial nacional para a categoria. — Foto: Ana Paula Xavier/Rede Amazônica
Enfermeiro há mais de 11 anos, Jhon Willer reclamou sobre a falta de valorização da categoria e lembrou que a importância do trabalho dos enfermeiros e técnicos foi ainda mais evidenciado durante a pandemia da Covid-19.
“Não estamos sendo valorizados, primeiro pela questão da carga horária e segundo pela questão do piso salarial. O enfermeiro é muito importante nessa assistência à saúde e essa pandemia revelou hoje a necessidade de valorização desses profissionais. Hoje estamos sobrecarregados, não tem um piso nacional justo. Não adianta para nós só ter valorização com moção de aplausos, nós queremos valorização salarial, isso vai fazer com que nós tenhamos uma vida digna. Nossos amigos fazem trabalhos extras e vários plantões para poder sustentar suas famílias.”
Casos de Covid-19
O Observatório da Enfermagem, divulgado pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), aponta que no Acre 747 profissionais de enfermagem foram infectados pelo novo coronavírus e 12 morreram em decorrência da Covid-19. Em todo país foram mais de 770 óbitos desses profissionais causados pela doença.
Em abril deste ano, trabalhadores da saúde fizeram um ato em frente ao Pronto Socorro de Rio Branco para homenagear os 189 colegas que perderam suas vidas durante o combate ao coronavírus, segundo cálculo do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado do Acre (Sintesac).
Com balões, faixas, cruzes e velas, a categoria fez um momento de oração em memória dos que morreram por causa da Covid-19 e também por aqueles que continuam atuando na linha de frente, já há mais de um ano.
Algumas das vítimas
Entre as vítimas fatais da Saúde estão: Cláudio José Lopes de Araújo, Mirian Montefusco de Assis e Eudes Pinheiro. Os três trabalhavam no PS e morreram no mês de junho após semanas internados com Covid-19. Dias após as mortes, colegas de profissão fizeram uma homenagem e protesto em frente à unidade. Com cartazes, choro e muita emoção, os profissionais pediram mais assistência e estrutura para combater o novo coronavírus.
Em setembro, a técnica de enfermagem Rosinalda de Macedo Bastos, de 38 anos, morreu com Covid-19 após 56 dias internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Pronto-Socorro de Rio Branco. Em entrevista ao G1 na época, a cunhada de Rose, Luzineide da Silva Correia, falou da dor de perder a parente.
A técnica de enfermagem Sandra Melo da Silva, de 47 anos, também morreu vítima de complicações da Covid-19. A família chegou a reclamar da falta de Equipamento de Proteção Individual (EPI) para Sandra.
O enfermeiro Danilo Moura, de 41 anos, atuava no Instituto de Traumatologia do Acre (Into-AC) – unidade de referência no tratamento de Covid-19, e morreu com a doença em julho.
Outra vítima foi o médico oftalmologista Laurence Huamani Alvarez, de 51 anos, que morreu no dia 26 de janeiro deste ano, em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, por causa de uma trombose em consequência da Covid-19.O clínico geral Ivar Rolando Bazualdo Rocabado, de 59 anos, morreu no Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul, no dia 10 de março deste ano com a doença. Ele trabalhava na região do Vale do Juruá há 11 anos.
G1 ACRE