O ramal da Praia Grande, em Rodrigues Alves, enfrenta sérias dificuldades de acesso, agravadas especialmente no período de chuvas, que acabam comprometendo o atendimento de emergência na região. Moradores relatam casos dramáticos em que o SAMU sequer conseguiu chegar para socorrer pacientes, expondo a precariedade da infraestrutura local e o risco à vida da população.
Carlos Correia, morador da comunidade há 45 anos, explicou a situação do ramal durante o inverno: “Quando bate o inverno, o ramal fica mole, os carros atolam, e quem fica na mal é o povo. É difícil até para trabalhar, estudar e principalmente para o socorro”. A precariedade da estrada virou questão de vida ou morte recentemente. “Ontem foi a maior dificuldade, teve um homem que passou mal, e uns 20 homens tiveram que carregar o paciente porque o SAMU não conseguia entrar”, contou.
Maria José Farias da Conceição, que reside na localidade há 15 anos, relatou o drama da família ao tentar socorrer o padrasto que teve parada cardíaca múltipla. “A vizinha ligou para o SAMU, mas disseram que não podiam entrar porque o ramal não tinha condição. Chamaram os bombeiros, mas eles também ficaram atolados. Então os moradores precisaram ajudar a carregar o padrasto e levar até onde o socorro conseguiu chegar. Foi um sufoco, graças a Deus ele está no hospital e melhorando.”
A situação revela uma falha grave no sistema de saúde e no atendimento de emergência: a dificuldade do SAMU em acessar localidades afastadas por conta da qualidade da estrada. Essa limitação obrigou o acionamento dos bombeiros e a mobilização da comunidade para carregar o paciente a pé em meio a atoleiros e lama.
Em resposta, o secretário municipal de Obras, Carlos Alves, informou que a prefeitura está ciente do problema desde o início das chuvas, mas só poderá iniciar os reparos após a estiagem. “Estamos avaliando o início do ramal e a partir de segunda-feira iremos fazer um serviço paliativo, limpando a lama e aplicando barro e uma camada vegetal para melhorar o acesso e garantir que o SAMU possa entrar e sair”.
O secretário disse ainda que o paliativo inicial atenderá apenas o primeiro trecho, com um trabalho mais completo previsto para o verão, quando será possível realizar reparos em toda a extensão do ramal.
Apesar do esforço anunciado, os moradores expõem o desgaste constante e a insegurança que enfrentam. “A estrada precisa de um serviço de verdade, não de remendo. Se jogassem um barro de qualidade e fizessem o serviço direito, nossa vida melhoraria muito”, reforçou Maria José.

O caso evidencia como a falta de infraestrutura adequada em ramais pode transformar emergências médicas em dramas coletivos. A melhoria no ramal da Praia Grande é urgente não apenas para facilitar a rotina da população, mas para garantir atendimento emergencial em momentos críticos, como ficou claro nas últimas semanas.