booked.net

Presidente da Colômbia declara que país vai continuar a destruir plantações de folha de coca à força

Declaração veio após breve suspensão da erradicação forçada pela polícia, que ainda aguardava novas orientações do novo governo.

Compartilhe:

A Colômbia continuará usando a força para erradicar plantações ilícitas de folha de coca, usada na produção de cocaína, em regiões onde os agricultores não as estão destruindo voluntariamente, disse o presidente Gustavo Petro. A declaração esclarece a posição do novo governo depois que a Polícia Nacional suspendeu nesta semana a erradicação forçada da folha de coca, enquanto ainda aguardava uma nova diretriz.

Petro disse nesta quinta-feira em uma postagem no Twitter que governo não está dando luz verde aos agricultores para plantarem mais coca. “Onde não há acordos de substituição voluntária de culturas, procedemos com a erradicação forçada”, escreveu.

Em seu discurso de posse neste mês, Petro disse que a guerra às drogas matou um milhão de latino-americanos, sem interromper o fluxo de cocaína. Petro reiterou seu plano de implementar programas de substituição, por meio dos quais os agricultores recebem incentivos para cultivar culturas legais.

A Colômbia tinha cerca de 143 mil hectares plantados com folha de coca no ano passado, o suficiente para produzir mais de 1.200 toneladas de cocaína, segundo o Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime. A luta pelo controle das regiões produtoras de cocaína é uma das principais causas da violência na nação andina.

Menores recrutados

Nesta quinta-feira, o primeiro governo de esquerda da Colômbia também anunciou que suspenderá os bombardeios a acampamentos de guerrilheiros onde menores recrutados à força possam estar, em mais uma demonstração do estabelecimento de um novo rumo para as Forças Armadas na defesa dos direitos humanos e da paz, após décadas de conflito com diversos grupos armados.

— Os menores recrutados à força por grupos ilegais são vítimas desta violência (…), portanto qualquer ação militar que seja realizada em relação a membros de organizações armadas ilegais não pode pôr em risco a vida dessas vítimas — disse em entrevista coletiva o ministro da Defesa, Iván Velásquez. — A vida deve ser privilegiada sobre a morte e não podem ser realizadas operações (…) que ponham em risco a população civil.

Durante sua declaração à mídia, Velásquez disse que não quer repetir “atos muito dolorosos do passado”, referindo-se às repetidas denúncias da sociedade civil e da oposição sobre as mortes de menores em operações militares durante o governo do direitista Iván Duque (2018-2022).

Em novembro de 2019, o então ministro da Defesa, Guillermo Botero, renunciou após uma ação militar na qual morreram oito menores de 12 a 17 anos, recrutados à força por dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que não aceitaram o acordo de paz de 2016. As vítimas, que estavam em um acampamento no Sul do país, foram apresentadas pelo Exército como “criminosas”.

No final de 2021, o senador de esquerda Iván Cepeda denunciou a morte de quatro menores em um ataque que resultou na morte de um importante comandante guerrilheiro do ELN (Exército de Libertação Nacional), a última guerrilha ativa no país, na selva do Pacífico.

— Essas ações devem acabar (…), os bombardeios devem ser suspensos — concluiu Velásquez, encarregado de implementar o que chama de “relação de confiança” entre os soldados e a população.

Em mais de meio século de insurreição armada, os guerrilheiros de esquerda recrutaram jovens e crianças para expandir sua força em áreas com pouca presença do Estado. Isso também ocorre com as quadrilhas do narcotráfico e da exploração ilegal de minérios, hoje as principais responsáveis pela violência na Colômbia.

Com informações g1

Compartilhe:

LEIA MAIS

Rolar para cima