A presença de facções criminosas em municípios da Amazônia Legal teve um aumento de 46% entre 2023 e 2024, segundo o estudo Cartografias da Violência na Amazônia, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Instituto Mãe Crioula nesta quarta-feira (11). O levantamento mapeou 260 cidades com registros de facções como Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando da Capital (PCC) e grupos locais, enquanto em 2023 eram 178 municípios.
No Acre, 22 cidades foram identificadas com presença de facções, destacando a interiorização dessas organizações. Cruzeiro do Sul, por sua localização estratégica próxima à fronteira com o Peru e sua infraestrutura logística, figura entre os locais de interesse do narcotráfico.
Interiorização do crime organizado
O estudo aponta que as facções buscam cidades estratégicas, independentemente do tamanho, priorizando aquelas próximas a fronteiras, pistas de pouso clandestinas, rodovias, portos fluviais ou áreas de garimpo ilegal. A pesquisa destaca que, no Acre, 20 dos 22 municípios mapeados estão na zona de fronteira, evidenciando a importância dessas áreas para o controle de rotas do tráfico internacional de drogas.
O Comando Vermelho lidera em número de cidades dominadas na Amazônia, com monopólio em 130 localidades, sendo 23 em Mato Grosso e 57 no Pará. Já o PCC, com presença mais discreta, mantém domínio em 28 municípios, incluindo áreas em Rondônia e Roraima.
Reflexos no cotidiano local
Em Cruzeiro do Sul, autoridades e moradores sentem os impactos do avanço das facções, que se reflete no aumento de crimes violentos e na crescente sensação de insegurança. O coordenador da Defesa Civil Municipal, José Lima, reforça que a região enfrenta desafios históricos ligados à sua posição geográfica:
“Estamos em um ponto sensível da Amazônia, onde a proximidade com a fronteira e a difícil fiscalização facilitam a atuação do crime organizado. Precisamos de ações coordenadas entre os governos estadual e federal para combater esse avanço.”
Estratégias de combate
A pesquisa sugere que parte do aumento nos números está ligado à intensificação das operações policiais, que têm revelado grupos até então não mapeados. Além disso, a estabilização de conflitos entre facções, com monopólio de áreas por um único grupo, também tem contribuído para essa nova configuração.
Para Cruzeiro do Sul e demais cidades da região do Juruá, o cenário exige atenção redobrada das autoridades, especialmente para evitar que essas organizações consolidem suas estruturas e ampliem o alcance de suas atividades ilícitas.
A sociedade local, por sua vez, espera por medidas efetivas para conter a violência e garantir um ambiente mais seguro para todos.
Com informações Juruá24horas