O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, condenou neste domingo (4) o que ele classificou como “violência de extrema-direita”, depois de dias de violentos protestos contra a imigração levaram um ataque a um hotel no país.
Os manifestantes atacaram um hotel usado para abrigar requerentes de asilo na cidade de Rotherham, no Reino Unido, neste domingo (4), enquanto o país enfrenta a pior agitação social que já viu em anos. Os protestos levaram a pelo menos 147 pessoas presas desde sábado à noite (3).
Os atos violentos eclodiram em cidades do Reino Unido depois que três meninas foram mortas em um ataque com faca em uma aula de dança para crianças em Southport, no noroeste da Inglaterra, na semana passada.
Grupos contrários à imigração e aos muçulmanos espalharam a informação falsa de que o suspeito do ataque era um imigrante e um muçulmano radical. A polícia disse que o suspeito nasceu no Reino Unido e não está tratando o caso como um incidente terrorista.
“Condeno totalmente a violência da extrema-direita que vimos neste fim de semana”, disse Starmer em um comunicado.
“Não tenha dúvida de que aqueles que participaram dessa violência enfrentarão a força total da lei”, o premie britânico acrescentou.
Ele disse que a desordem tinha como alvo pessoas por causa da cor de sua pele ou crença religiosa, e disse que não havia como legitimar a desordem nas ruas do Reino Unido.
“Não importa qual seja a motivação aparente. Isso é violência, isso não é protesto”, disse ele.
Starmer, que assumiu o cargo há um mês, depois que seu Partido Trabalhista obteve uma vitória eleitoral decisiva sobre os conservadores, disse que moradores e funcionários de estabelecimentos locais estão com “medo absoluto” das “gangues de saqueadores” em Rotherham.
“Não há justificativa — nenhuma — para tomar essa atitude e todas as pessoas de bom senso deveriam condenar esse tipo de violência”, disse ele.
Pior agitação social em anos no Reino Unido
Dezenas de outros manifestantes se reuniram em um hotel em Aldershot, no sul da Inglaterra, enquanto outros marcharam pelo centro da cidade de Middlesbrough, no nordeste.
Em Rotherham e na cidade de Lancaster, no noroeste, haviam manifestantes antirracistas, com a polícia mantendo os dois grupos separados.
O Ministério do Interior disse que as mesquitas receberiam segurança extra sob novos acordos após ameaças contra elas.
Quando os protestos começaram em Bolton, perto de Manchester, a polícia disse que um aviso de dispersão havia sido autorizado para dar aos policiais poderes extras, com um aviso semelhante em vigor em Liverpool.
A última vez que protestos violentos eclodiram no Reino Unido foi em 2011, quando milhares de pessoas foram às ruas depois que a polícia matou a tiros um homem negro em Londres. Starmer era o promotor-chefe do país na época.
Os protestos deste fim de semana seguiram vários dias de desordem imediatamente após os assassinatos em Southport, perto de Liverpool, com as famílias das vítimas e líderes comunitários criticando a agitação.
“Embora este deva ser um momento para reflexão silenciosa e lembrança, desde segunda-feira, muitas pessoas têm procurado usar a tragédia para criar divisão e ódio”, disse um grupo de líderes religiosos de Liverpool em uma declaração conjunta.
“Isso pode — e tem — deixado comunidades com medo e colocado pessoas em perigo”, o comunicado acrescenta.
Com informações da CNN.