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Os povos indígenas e selvageria: importância do estudo sobre os povos nativos de encontro a construção de estereótipos e preconceitos.

Na atualidade, a luta pelo reconhecimento e liberdade de manifestação cultural é alvo de intensos debates.

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O não- indígena deteve sempre o privilégio de descrição das relações com os povos nativos do Brasil desde o primeiro encontro que ocorreu na invasão do território. A perspectiva desses homens possuía uma enorme ligação com questões religiosas, intelectuais e políticas que regiam a sociedade na época. A igreja teve um papel importante no que diz respeito a construção de estereótipos do indígena como bárbaro, selvagem, preguiço, malicioso e ao mesmo tempo incapaz de possuir autonomia. Havia até mesmo discussões sobre se seriam dotados de alma ou não.

Como os povos originários são considerados ágrafos ( ausência de escrita) há um intenso pensamento de que seriam sujeitos pré-históricos, porém, é válido destacar que tal concepção é absurda e xenofóbica, uma vez que a histografia atual não considera apenas o registro escrito como forma de saber histórico e estudo social, sendo os saberes transmitidos de forma oral e materiais analisados sob um ponto de vista arqueológico tão importante quanto documentos escritos.

O que se sabe sobre os primeiros homens que viveram no território brasileiro e que chegou até nós hoje, sob sua própria ótica, foi fruto de uma riquíssima cultura oral de transmissão de saberes e resistência histórica que sobreviveu mesmo com inúmeras tentativas de silenciamento. Atualmente, por exemplo, sabemos que os indígenas da América já sabiam que a Lua exercia uma grande influência nas marés muito antes que os cientistas europeus escrevessem sobre isso. Eram também talentosos agricultores e botânicos, e literalmente construíram vegetações típicas da floresta amazônica e mata Atlântica.

A legislação no Brasil legitimou a captura, o genocidio,e a justificação de diversas medidas de extinção cultural e material, e após posteriores conquistas sociais relacionadas a questão indígena no Brasil, ainda é evidente que há muitos motivos pelos quais se deve lutar.

A memória coletiva e a cultura patrimonial privilegiou assassinos como é o caso dos bandeirantes, captores indígenas que caçavam esses sujeitos para a escravidão e hoje possuem diversas instituições, praças, ruas e cidades que levam os seus nomes.

Na atualidade, a luta pelo reconhecimento e liberdade de manifestação cultural é alvo de intensos debates.

A questão do direito pela terra e demarcações , que deveria ser algo indiscutível por assim dizer, é objeto de forte burocracia estatal que favorece latifundiários, impedindo a efetiva emancipação de povos que tiveram suas terras roubadas e ocupadas em ações movidas pelo interesse ao lucro. Tal fator impede de forma grandiosa a manifestação plena, a resistência e sobrevivência de sujeitos tão importantes na construção do país. O resgate histórico e o debate sobre essas questões deve ser amplamente disseminado na sociedade, para além de texto de lei é necessária a ação. Para além de medidas paternalistas, o objetivo é que os povos originários sejam protagonistas de sua própria história.

Coluna da Vitória Maciel

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