Foto: Ilustrativa
Uma análise do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apontou que 77% dos alunos do 2º ano do ensino fundamental não sabem ler na rede pública do Acre. O levantamento foi feito, segundo o Unicef, baseado em dados de 2021 do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), avaliação realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
A avaliação é feita pelo Inep a cada dois anos e abrange o desempenho de estudantes em língua portuguesa, matemática e outras disciplinas no 2º, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e no 3º ano do Ensino Médio.
O cenário, segundo a instituição, é de crise, e revela que a pandemia de Covid-19 agravou um problema que já existia. A taxa apresentada pelo Acre nessa faixa de ensino ficou acima da média nacional, que foi de 56%.
“Ciclos de alfabetização incompletos impactam sobremaneira a trajetória escolar de crianças e adolescentes, acarretando reprovações e abandono escolar. Sem saber ler e escrever, a criança não consegue aprender, acompanhar as atividades escolares e seguir em frente”, alerta a chefe de Educação no Unicef no Brasil, Mônica Dias Pinto.
O fundo ressalta a importância da implementação do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, lançado pelo Ministério da Educação em 2023, e que traz medidas urgentes para solucionar o problema. A ideia é aplicar estratégias pedagógicas para que 100% dos estudantes aprendam a ler e escrever até o 2º ano.
O plano também prevê a recomposição de aprendizagens, com foco na alfabetização de 100% das crianças matriculadas no 3°, 4° e 5° ano afetadas pela pandemia, para reverter prejuízos a partir de 2020.
“É essencial, agora, acompanhar de perto a implementação desse programa, avaliando as propostas de alfabetização que estão sendo desenvolvidas em cada município e os resultados concretos delas na redução do analfabetismo no País”, acrescenta Mônica.
Maior índice do país
Em 2022, o Acre registrou a maior taxa de analfabetismo da região Norte, com 8,5%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua: Educação 2022.
Conforme os dados, cerca de 57 mil pessoas no Acre, com idade entre 15 anos ou mais, são analfabetas. Na pesquisa anterior, esse número era de 68 mil acreanos. À época Secretaria Estadual de Educação (SEE) afirmou que sabe da importância que é proporcionar oportunidade de alfabetização àqueles que não sabem ler e escrever.
Essa taxa representa um recuo de 2.4 ponto percentual em relação à registrada em 2019, data da pesquisa anterior. Na época, 10,9% da população acreana com mais de 15 anos era analfabeta.
Acre tem a maior taxa de analfabetismo do Norte, aponta estudo do IBGE — Foto: Reprodução/IBGE
Conforme os dados, cerca de 57 mil pessoas no Acre, com idade entre 15 anos ou mais, são analfabetas. Na pesquisa anterior, esse número era de 68 mil acreanos.
Ao g1, a Secretaria Estadual de Educação (SEE) afirmou na época que sabe da importância que é proporcionar oportunidade de alfabetização àqueles que não sabem ler e escrever.
“Durante a pandemia, o Acre passou por diversos desafios. Porém, com a retomada do ensino presencial e os investimentos que o governo vem realizando na Educação, no segundo semestre deste ano, será retomado o programa de alfabetização de jovens e adultos e certamente a meta estabelecida para até 2025 será cumprida”, afirmou em nota.
A faixa etária com maior proporção de pessoas analfabetas no estado é a de idosos: 28,6% deles não sabem ler e escrever. Essa também é a faixa com a maior quantidade a nível nacional. Dos 9,5 milhões de analfabetos no Brasil, 5,1 milhões têm idade maior que 60 anos.
Taxa de analfabetismo no Acre por faixa etária (%)
Em números reais, 25 mil idosos acreanos com mais de 60 anos são analfabetos; 48 mil pessoas com mais de 40 anos também estão nesta condição e 55 mil com idade acima de 25 anos não sabem ler e escrever.
Cor e gêneros
No Acre, 85,9% dos analfabetos são pretos ou pardos. Esse percentual significa 49 mil pessoas com idade acima de 15 anos. Entre os brancos, o percentual de 12,3% representa 7 mil pessoas.
Na qualificação por gênero, são 30 mil homens acreanos analfabetos com 15 anos ou mais, número que representa 52,6% do total.
Entre as mulheres, a condição de alfabetismo é menor e está em 47,4%, são 27 mil pessoas sem ler e escrever.
g1