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Motorista que ficou preso 2 anos na Rússia após levar remédio para sogro de jogador chega ao Rio

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Robson Oliveira foi detido há dois anos por levar substância proibida em mala, a pedido da família do jogador Fernando, hoje no Beijing Guoan.

A agonia de Robson do Nascimento de Oliveira chegou ao fim nesta quarta-feira (5). Ex-motorista do volante Fernando, atualmente no Beijing Guoan, da China, o homem passou dois anos preso na Rússia, e nesta quarta pôde, finalmente, voltar para os braços de parentes e amigos.

“Sensação de alívio, né? É muito bom. (…) Nunca perdi [a esperança]. Nunca perdi, até porque eu era inocente. Alguma coisa tinha que acontecer. Era muito, muito difícil [lá]. Muito mesmo. Não teve momento nenhum fácil. A última vez que me pesei lá eu tinha perdido 20 quilos”, disse o motorista depois de desembarcar no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro.

Robson foi preso na Rússia em março de 2019, acusado de transportar duas caixas de Mytedom 10mg (cloridrato de metadona).

O remédio é liberado no Brasil, mas é tratado como entorpecente na Rússia. A defesa de Robson justificou que a encomenda era para o sogro do volante Fernando, que estava na Rússia e sofre de dores crônicas.

O drama de Robson foi revelado pelo Esporte Espetacular em setembro de 2019.

Robson foi recepcionado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que já havia anunciado, no domingo (2), que o governo da Rússia tinha autorizado o retorno do motorista ao Brasil.

“Tive contato com o [presidente russo Vladimir] Putin, e disse que queria falar com o embaixador. Mas ele só podia assinar o indulto do Robson depois da condenação. A pena dele era de 20 anos de cadeia. Tivemos um trabalho silente de relações internacionais”, detalhou Bolsonaro.

“O presidente [Vladimir] Putin cumpriu a lei [russa]. Após a condenação, vamos buscar o indulto dele. Várias autoridades entraram no circuito. A nossa embaixada providenciou a retirada dele no presídio, e foi até a nossa embaixada. Ele tava muito feliz”, acrescentou o presidente.

Emoção em reencontro

Emocionada, Vanda do Nascimento Oliveira, de 74 anos, mãe de Robson, correu para abraçar o filho quando ele surgiu no saguão.

“É igual o nascimento da criança. Aquela emoção gostosa. Esperamos que ele esteja bem, com saúde”, desabafou momentos antes do reencontro.

Dona Vanda contou ter recebido a notícia do próprio filho de que ele estava solto, durante uma madrugada. A família mora em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

No mesmo dia, Robson conversou com um dos filhos, Robson Santos, de 28 anos, e pediu um churrasco para a recepção. O desejo, claro, foi atendido por dona Vanda.

O filho de Robson contou considerar injustos os dois anos que o pai permaneceu preso e que, apesar do alívio da liberdade, o tempo perdido não vai ser recuperado.

Motorista Robson conversa com jornalistas no Galeão — Foto: Nicolás Satriano/G1

Motorista Robson conversa com jornalistas no Galeão — Foto: Nicolás Satriano/G

O caso

Robson Oliveira e a esposa, Simone, trabalhavam para a família do jogador Fernando quando este atuava no time Spartak, de Moscou.

Em uma das viagens para a Rússia, o motorista levou para a família de Fernando duas caixas de cloridrato de metadona – um medicamento legalizado no Brasil, mas proibido em território russo.

Na época, Robson Oliveira disse que não sabia o que havia na mala, e que a família havia indicado a existência apenas de roupas e mantimentos na bagagem.

O brasileiro acabou detido no aeroporto em Moscou e foi preso trinta dias depois, acusado de ser dono do medicamento.

Nem Fernando ou a esposa do jogador, Rafaela Rivoredo, nem o pai de Rafaela, William Pereira de Faria, confirmaram para as autoridades russas que o medicamento era de William.

O sogro de Fernando, William Faria – a quem seria destinado o medicamento – não prestou qualquer esclarecimento para a polícia russa.

No dia 6 de junho de 2019, três meses após a prisão do ex-motorista, Fernando disse em depoimento não saber de que modo os remédios foram recebidos por Robson no Brasil, nem a forma de entrega (na mala ou em caixas de remédios não empacotadas).

O jogador também disse que não mantinha contato com o sogro.

Fernando e a esposa se mudaram para a China ainda em 2019, após o jogador ter acertado uma transferência do Spartak para o Beijing Guoan. Os pais de Rafaela deixaram a Rússia uma semana após a prisão de Robson.

G1 RIO BRANCO

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