O presidente da Argentina, Javier Milei, negou a possibilidade de negociar com legisladores o decreto e o megaprojeto de lei anunciados em dezembro do ano passado para desregulamentar diversos setores da economia argentina, e chamou de “idiotas úteis” políticos que querem fragmentar os textos para que sejam discutidos no Legislativo.
“Nós não negociamos nada”, disse o chefe de Estado no domingo (7) quando perguntado pela Rádio Mitre se estava disposto a debater a fragmentação do Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), que revoga ou modifica mais de 300 leis.
Ainda assim, Milei afirmou que seu governo aceitará “sugestões para melhorar” o texto.
O decreto, que começará a ser analisado nesta terça-feira (9) por comissões de deputados, já entrou em vigor, mas pode ser derrubado caso haja rejeição na Câmara e no Senado.
O texto é questionado por forças políticas tradicionais do país, como a União Cívica Radical (UCR), que destacou que a medida “avassala a institucionalidade democrática”.
A vice-presidente do Senado, Carolina Losada, que integra a UCR e a aliança macrista Juntos pela Mudança, pontuou, também em entrevista a uma rádio local, que seu bloco está disposto a apoiar reformas do decreto, mas que aspectos precisam ser revistos e discutidos.
Ela lamentou, no entanto, da dificuldade de interlocução com o governo.
Durante entrevista, Milei voltou a acusar legisladores de quererem receber subornos com a negociação das leis do decreto e do megaprojeto enviado ao Congresso.“Por que querem fazer isso [fracionar e discutir o decreto]? Porque querem receber propina com isso”, argumentou.
“Para outros governos que se dedicaram a nos tirar liberdade e colocar a mão no nosso bolso, não houve resistência alguma da casta política. Agora, nesse caso, em que estamos propondo uma estrutura pró-mercado, terminando com muitos vícios da política, se queixam (…) E há outros, os idiotas úteis, que colocam o foco na forma, quando é parte da dinâmica”, ressaltou.
Segundo o presidente, a magnitude do ajuste proposto pelo governo exige “uma rápida resposta de investimento para que o dano em termos de atividade, emprego, pobres e indigentes seja o menor possível”.
Mais cedo, em entrevista para a mesma rádio, o ministro do Interior da Argentina, Guillermo Francos, pediu para que o Legislativo não demore com a votação do megaprojeto de lei.
“Não temos tempo. Se demorar um ano inteiro para discutir uma lei, não entra mais nem um peso na Argentina, ninguém vai investir no país. E temos tanta necessidade de investimento e tanta necessidade de entrada de divisas no país, porque senão tudo para”, comentou.