Aos 6 anos, Theo Pereira Martins Kuhnen desenvolve as habilidades como uma criança cega em decorrência de glaucoma congênito e descreveu as experiências de passar um dia na praia em Florianópolis. A doença é causada pelo aumento da pressão intraocular durante a vida intrauterina levando à atrofia de ambos os nervos óticos.
O menino enxerga o mundo ao redor, como um dia de praia, pelo toque, cheiro, gosto, audição. “Eu posso imaginar escutando, pensando como seria os peixes lá no fundo do mar. Eu imagino o mar, não só com minha imaginação, mas com meus ouvidos também”, afirma.
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Theo tem glaucoma congênito e contou sobre as sensações de brincar na praia — Foto: Tiago Ghizoni/ NSC
Com detalhes, ele detalhou as percepções que obteve durante um passeio na Praia de Canasvieiras, no Norte da Ilha de Santa Catarina.
“Estou ouvindo o mar e meu pé está tocando na areia. Se eu entrar na água e senti fria, eu vou andando, aí ela vai esquentar”, disse.
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Theo se refresca com a água do mar — Foto: Tiago Ghizoni/ NSC
“Gosto de brincar com meu baldinho e pazinhas. Sinto a areia fininha no meio dos meus dedos. É salgado. Sabes como descobri? Eu estava na onda e sem querer tomei um pouco d’água”, afirmou.
Ele também incentiva outras pessoas para aproveitar as diferentes sensações. “Minha mãe disse que existem pessoas que enxergam e que ficam em casa. Acho assim: se estiver ocupado ou cansado de trabalhar, tudo bem, está certo. Mas se está com ‘preguicite’ e só deitado na cama, a pessoa deve levantar e aproveitar mais”, afirmou.
A sensibilidade, o Theo desenvolveu com o apoio da Associação Catarinense para Integração do Cego (Acic). No Censo 2010 mostra que Santa Catarina tem 13.687 cegos e 174.722 pessoas com baixa visão.
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Momento de diversão com os brinquedos na praia — Foto: Tiago Ghizoni/ NSC
O menino tinha seis meses quando começou a frequentar as atividades disponibilizadas no local. Com o apoio da família, a autonomia ficou cada vez mais evidente na rotina diária.
Para a família, visitar a instituição desde cedo foi fundamental para o desenvolvimento. Com o atendimento de estimulação multissensorial, ele desenvolveu percepções táteis, gustativas, auditivas e olfativas.
A nutricionista Martina Manoella Pereira Martins Kuhnen explica que o fato de o filho caminhar com desenvoltura e de acordo com a idade é resultado do trabalho de orientação e mobilidade que desde bebê recebe na Acic. Assim também como o esforço da família em tornar experiências simples do cotidiano algo produtivo.
“Sempre falei para o Theo tudo que iria fazer com ele: filho, a mãe vai trocar sua fralda; filho, a mãe vai vestir você com uma bermuda azul, filho, você vai tomar suco de laranja. É um direito que ele tem sobre o que ocorre no entorno”, afirma Martina.
A descrição feita pela mãe dos objetos, situações e experiências ajudam Theo a formar uma percepção do mundo.
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Theo e a mãe Martina na Praia de Canasvieiras em Florianópolis — Foto: Tiago Ghizoni/ NSC
Acessibilidade para banhistas
Com 560 quilômetros de extensão, o Litoral catarinense possui centenas de praias. Neste verão, o “Projeto Praia Acessível”, iniciativa do governo do Estado e que atende a pessoas com diferentes graus de deficiência física e mental, está presente em 68 praias de 23 cidades. O foco são pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida.
Para esta temporada, a Agência de Desenvolvimento do Turismo de Santa Catarina (Santur) destinou um investimento recorde em acessibilidade para banhistas. Executado desde 2013 por iniciativa do Corpo de Bombeiros Militar (CBMSC), o projeto dispõe de 150 cadeiras de rodas anfíbias e 19 mil estrados, distribuídos nos balneários catarinenses.
Por G1





