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Mãe de criança autista denuncia negligência em escola de Cruzeiro do Sul e relata abandono de atividades básicos

A instituição de ensino ressaltou que toda decisão foi devidamente investigada em cima de provas de que a escola fez seu papel.

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Redação Juruá Online

Uma mãe de Cruzeiro do Sul denunciou à equipe da TV Juruá negligências que sua filha, de 8 anos, com autismo de nível grave, vinha enfrentando na instituição onde estudava, escola Presbiteriana. A mãe relata que a situação tornou-se tão difícil que se sentiu obrigada a retirar a criança da instituição, apesar de ser uma escola próximo a sua residência. O caso está sob análise do Judiciário.

O que a mãe diz:

De acordo com a mãe, o problema começou a se agravar quando ela notou que a mediadora, responsável por auxiliar sua filha nas atividades escolares, não estava cumprindo com suas obrigações básicas: “Ela vinha para casa com o material dela destruído, muitas vezes não trazia os materiais que levava. O sapato da minha filha vinha dado até a ponta, eu perguntava para ela por que você não vai pedir ajuda à sua tia? Aí ela sempre falava que era porque ela dizia “você sabe sim”. Era o que ela dizia para a minha filha”, relatou.

Além disso, a mãe relatou um episódio em que sua filha voltou para casa vomitando, com o prato de merenda escolar cheio de lã de aço (Bombril). “O último caso foi ela ter chegado em casa vomitando com o prato coberto de Bombril. Então, não sabia o que fazer. Passei mensagem para a coordenadora. Ela disse que estava na UPA. Então, entrei em contato com o Ministério Público que já atende a gente e pedi ajuda, pois não sabia o que fazer. Minha filha estava vomitando muito. O prato dela ainda tinha um pouco da merenda e estava cheio de Bombril. Ninguém me explicou de onde saiu aquele Bombril. Ninguém se responsabilizou pela situação que aconteceu, pois minha filha foi entregue bem para a escola”, contou.

Outro relato da mãe era a forma que a filha era recebida: “Às vezes, minha filha a via de um pouco distante. Ela já saia correndo para não receber minha filha. Ela nunca recebia minha filha, sempre estava com fone de ouvido no ouvido. Quando tocava, muitas vezes eu deixava minha filha na sala porque não tinha ninguém para recebê-la. Às vezes, ela pegava a mochila da minha filha, mas minha filha é quem saia correndo atrás dela, ela não tinha o devido cuidado com minha filha. Uma vez, ela me mandou deixar minha filha livre na escola, “deixa tua filha livre”, e eu lá sentada no banco quando veio a coleguinha da minha filha e mandou eu ir para dentro do banheiro dos meninos, pois minha filha estava lá dentro. Essa era a liberdade que ela queria que eu deixasse minha filha”, relata.

“Isso já vem acontecendo há muito tempo, não é? A primeira que entrou, a outra que estava com ela no segundo ano também era a mesma coisa, ela mesma desenhava no material da minha filha, sabe? Como tem fotos aí mostrando que ela mesma desenhava, essa situação já vem se arrastando há muito tempo e eu cheguei ao limite, essa situação não dá mais pra mim”, disse.

A mãe conta que as atividades passadas para sua filha não eram adaptadas, o que prejudicava o desenvolvimento da criança: “As atividades dela não são adaptadas. Eu já vinha falando dessa situação há bastante tempo. E sempre havia uma desculpa, pois se uma criança nem sabe ler, como vai saber somar ou multiplicar? Eu já vinha falando dessa situação há um bom tempo, inclusive os trabalhos da minha filha foram todos cancelados. Logo que essa mediadora entrou, porque não havia nenhuma adaptação, né? As notas dela estavam lá embaixo. Então eu fui lá, sabe por quê? Elas foram cancelar os trabalhos dela, porque não tinham feito nenhuma adaptação para os trabalhos da minha filha. E as atividades são desse jeito aí que eu mostrei para vocês, é a gente que faz, porque ela não sabe fazer”

Apesar da proximidade da escola com sua casa, a mãe decidiu transferir a filha: “Eles falaram em uma das reuniões que eu tive e me deram a opção de tirá-la de lá, foi o que eu fiz”, disse.

“Qual é a mãe que se sente satisfeita com um negócio desses? Ter que ir a pé, buscar e deixar a criança a pé. O pai e a mãe não se sentem satisfeitos em uma situação dessas. Porque a escola deveria ser para incluir a criança, mas ela está excluindo a criança e ninguém faz nada, sabe? E ninguém faz nada, e no final a culpada é a mãe”, relata.

A mãe entrou com uma ação judicial pedindo explicações pela negligência. No entanto, uma decisão preliminar determinou o retorno da criança à antiga escola, com pena de multa, mesmo após a mãe ter conseguido uma vaga em outra instituição, escola Divina Providência, onde ela relatou uma melhora significativa. “Na escola nova, minha filha é bem recebida, a mediadora está sempre disponível para ela”, lamentou a mãe. Uma audiência será realizada para esclarecer a situação. Ainda assim, a mãe entrou com um recurso na defensoria pública.

Ela também destacou a dificuldade de encontrar uma nova escola que aceitasse sua filha. “Fui a várias escolas e todas recusaram a matrícula dela. Com a ajuda da Defensoria Pública, conseguimos uma vaga, e agora minha filha está bem. Ela recebe o cuidado que não tinha antes”, disse a mãe.

Resposta da escola

O Juruá Online entrou em contato com os representantes da escola para garantir o direito de resposta. A escola antiga afirmou que toda a documentação necessária foi encaminhada ao Ministério Público e que aguardam os próximos passos. “Essas questões estão sob análise do MP. A escola enviou toda a documentação exigida para comprovar o trabalho realizado”, informou a diretora da instituição. Foi ressaltado que toda decisão foi devidamente investigada em cima de provas de que a escola fez seu papel.

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