O Itamaraty está segurando a nota oficial parabenizando a reeleição de Nayib Bukele em El Salvador para avaliar por mais tempo o quadro político interno do país.
Muito embora integrantes do Palácio do Planalto com quem a CNN conversou tenham recebido informações de diplomatas brasileiros de que a reeleição de Nayib Bukele foi limpa e sem fraudes, o Itamaraty optou pela cautela.
O principal ponto de atenção é sobre a legitimidade da candidatura de Bukele. Ele foi beneficiado por uma decisão da Suprema Corte que teria ignorado a Constituição, que proíbe expressamente a reeleição no país.
Bukele, porém, se declarou reeleito “com mais de 85% dos votos” na noite de domingo (4), antes mesmo de todas as urnas terem sido apuradas. No momento em que ele fez o anúncio, o Tribunal Supremo Eleitoral de El Salvador contabilizava cerca de 30% das urnas apuradas.
Nesta segunda-feira (5), o TSE do país da América Central interrompeu a contagem eletrônica de votos sob o argumento de que houve ações que “dificultaram” a transmissão dos resultados preliminares e “outros fatores fora do controle do TSE”, sem dar mais detalhes.
Ainda assim, a leitura de parte de integrantes do governo do Brasil é de que Bukele não representa uma ameaça democrática para a região.
Há a percepção, contudo, de que sua vitória alimenta o discurso de simpatizantes de uma política de segurança pública mais dura no Brasil adotada por bolsonaristas.