Partidos governistas muçulmanos xiitas do Iraque e grupos armados avaliam prós e contras de uma intervenção armada na Síria, considerando uma grave ameaça o avanço dos rebeldes islâmicos sunitas que tomaram duas cidades sírias e agora se aproximam de uma terceira.
Bagdá tem um histórico sombrio com combatentes sunitas baseados na Síria, milhares dos quais cruzaram para o Iraque após a invasão dos Estados Unidos em 2003 e alimentaram anos de matança antes de retornar em 2013, como Estado Islâmico, para conquistar um terço do país.
Rebeldes sírios que atualmente avançam na Síria, liderados pelo Hayat Tahrir al-Sham, rejeitaram a Al Qaeda e o Estado Islâmico e afirmam que não têm ambições no Iraque, mas facções dominantes iraquianas têm pouca confiança nessas afirmações.
O Iraque reuniu milhares de combatentes de suas forças armadas convencionais na fronteira com a Síria, além das Forças de Mobilização Popular (PMF), agência de segurança que conta com grupos armados alinhados ao Irã que lutaram anteriormente na Síria.
Até o momento, a ordem é defender o flanco ocidental do Iraque em vez de intervir para ajudar o presidente sírio Bashar al-Assad, de acordo com um político xiita iraquiano, um assessor do governo e um diplomata árabe informado sobre o assunto.
Mas o cálculo pode mudar, pelo menos para algumas facções iraquianas, dependendo dos acontecimentos, inclusive se os rebeldes tomarem a principal cidade síria de Homs, se Assad cair ou se os xiitas forem perseguidos, disseram as fontes.
O porta-voz do governo iraquiano, Bassem Al-Awadi, afirmou que o Iraque não busca uma intervenção militar no país vizinho, mas descreveu a divisão da Síria como uma “linha vermelha”, sem entrar em detalhes.
A Reuters havia publicado anteriormente que centenas de combatentes iraquianos haviam cruzado para a Síria para ajudar as forças de Assad, juntando-se aos combatentes iraquianos e libaneses do Hezbollah que já estavam no país, mas ainda não houve uma mobilização em massa do Iraque.