Interior em crescimento: o dinamismo das regionais do Acre no mercado formal

Nos últimos cinco anos, o Acre vivenciou uma trajetória de expansão do emprego formal, evidenciada pelos dados do Novo CAGED. Essa base de informações permite compreender com mais clareza a dinâmica do mercado de trabalho formal, fornecendo subsídios para políticas públicas e estratégias de desenvolvimento econômico.

No artigo de hoje vamos analisar o desempenho das Regionais e dos municípios do Acre. Acreditamos, que o acompanhamento do Novo CAGED é uma ferramenta de inteligência econômica. Para o Estado, serve como guia para políticas macroeconômicas, qualificação de mão de obra e atração de investimentos. Para os municípios, é um insumo essencial para alinhar desenvolvimento local, arrecadação e políticas sociais.

Na tabela a seguir do Novo CAGED,  mostra a evolução do número de trabalhadores com carteira assinada no Acre e suas regionais para todos os meses de julho de 2021 a jul 2025. Os dados revelam um crescimento consistente do emprego formal em todas as regionais, mas com ritmos diferenciados.

ACRE E SUAS REGIONAIS: EVOLUÇÃO ANUAL DO ESTOQUE DOS TRABALHADORES COM CARTEIRA ASSINADA  EM TODOS OS MESES DE JULHO DE 2021 A 2025 ( CAGED – SÉRIE COM AJUSTES)
REGIONAISjul-21jul-22jul-23jul-24jul-25VARIAÇÃO (2021/2025)
TARAUACÁ/ENVIRA2 7813 1433 2133 4553 58328,8
JURUÁ8 1619 4039 40910 19810 91233,7
ALTO ACRE4 8335 2545 6386 0286 42132,9
BAIXO ACRE69 64775 46280 24785 32887 25425,3
PURUS3 2794 0744 4984 9106 22389,8
ACRE88 70197 336103 005109 919114 39329,0
Fonte: Novo Caged – MTE

No total do estado, o estoque de vínculos formais passou de 88,7 mil em 2021 para 114,4 mil em 2025, uma variação de 29% no período. Esse avanço indica expansão da formalização do trabalho, ainda que concentrada em alguns polos regionais.

O Purus foi a regional que mais cresceu proporcionalmente (+89,8%), saltando de 3,2 mil para 6,2 mil vínculos. Isso mostra uma forte dinamização do emprego formal, possivelmente ligada à expansão de serviços públicos, comércio e atividades agroextrativistas. O Juruá também apresentou aumento expressivo (+33,7%), atingindo mais de 10,9 mil trabalhadores formais em 2025. O Alto Acre seguiu a mesma tendência, com crescimento de 32,9%, consolidando-se como polo regional de empregos. A do Tarauacá/Envira avançou 28,8%, mantendo trajetória estável. O Baixo Acre, região que concentra a capital Rio Branco e a maior parte da atividade econômica do estado, cresceu 25,3%, passando de 69,6 mil para 87,2 mil vínculos. Apesar de ser a menor variação relativa, é o maior volume absoluto de empregos criados.

O cenário mostra que: o crescimento do emprego formal não se restringe à capital, já que as regionais do interior, especialmente o Purus, tiveram ritmo mais acelerado. A evolução positiva em todas as regionais sugere uma descentralização gradual das oportunidades de trabalho, ainda que em níveis distintos. Em síntese, entre 2021 e 2025, o Acre registrou avanços relevantes no mercado formal, com destaque para o dinamismo do interior, mas mantendo a capital e o Baixo Acre como eixos centrais do emprego. A seguir descrevem-se o desempenho de cada regional e os seus respectivos municípios nos últimos 5 anos.

Regional do Purus

A evolução do emprego formal na regional entre julho de 2021 e julho de 2025, mostra um saldo  bastante positivo: o número de trabalhadores com carteira assinada quase dobrou (+89,8%), passando de 3,3 mil para 6,2 mil, conforme tabela a seguir.

REGIONAL PURUS: EVOLUÇÃO ANUAL DO ESTOQUE DOS TRABALHADORES COM CARTEIRA ASSINADA  EM TODOS OS MESES DE JULHO DE 2021 A 2025 ( CAGED – SÉRIE COM AJUSTES)
MUNICÍPIOSjul-21jul-22jul-23jul-24jul-25VARIAÇÃO (2021/2025)
Manoel Urbano23833639141146394,5
Santa Rosa do Purus3532322221-40,0
Sena Madureira3 0063 7064 0754 4775 73990,9
PURUS3 2794 0744 4984 9106 22389,8
Fonte: Novo Caged – MTE

Sena Madureira é o grande motor da região, responsável pela maior parte dos vínculos (de 3,0 mil para 5,7 mil, crescimento de 90,9%). Manoel Urbano também apresentou desempenho expressivo, quase duplicando o estoque de empregos (+94,5%). Em contrapartida, Santa Rosa do Purus foi o único município com queda acentuada (-40%), refletindo limitações econômicas locais e baixa diversificação produtiva. A Regional Purus mostra dinamismo no mercado de trabalho formal, puxado por Sena Madureira e Manoel Urbano, enquanto Santa Rosa do Purus segue como ponto crítico de estagnação.

Regional do Juruá

Na regional o estoque de trabalhadores formais cresceu 33,7% entre 2021 e 2025, passando de 8,1 mil para 10,9 mil vínculos. Cruzeiro do Sul concentra a maior parte dos empregos e cresceu 28%, mantendo-se como polo regional. Os números de Rodrigues Alves estão fora da curva em relação aos demais municípios do Acre. Apesar de ter sido o destaque relativo, com expansão de 227,7%, pode significar alguma política de emprego temporário que justifique esse forte dinamismo no período, conforme tabela a seguir.

REGIONAL DO JURUÁ: EVOLUÇÃO ANUAL DO ESTOQUE DOS TRABALHADORES COM CARTEIRA ASSINADA  EM TODOS OS MESES DE JULHO DE 2021 A 2025 ( CAGED – SÉRIE COM AJUSTES)
REGIONAIS/MUNICÍPIOSjul-21jul-22jul-23jul-24jul-25VARIAÇÃO (2021/2025)
Cruzeiro do Sul7 1407 7138 0368 6589 13828,0
Mâncio Lima27030930742644063,0
Marechal Thaumaturgo64738710311884,4
Porto Walter4674764814834956,0
Rodrigues Alves220832498528721227,7*
JURUÁ8 1619 4039 40910 19810 91233,7
Fonte: Novo Caged – TEM – * Ver observação no texto abaixo

Marechal Thaumaturgo (+84,4%) e Mâncio Lima (+63%) também tiveram avanços significativos. Já Porto Walter mostrou estagnação, com crescimento modesto de apenas 6%. Em síntese: o Juruá teve desempenho positivo e diversificado, mas ainda fortemente dependente de Cruzeiro do Sul, enquanto alguns municípios menores despontaram com crescimentos mais moderados.

Regional do Alto Acre

Os dados da regional  mostram que o número de trabalhadores com carteira assinada cresceu 32,9% entre julho de 2021 e julho de 2025, passando de 4,8 mil para 6,4 mil vínculos.

Brasileia liderou em expansão relativa, com aumento de 37,6%, seguida de Epitaciolândia (+34,9%), justificado, em parte, pela existência  do Complexo Agroindustrial próximos aos municípios. Xapuri também apresentou crescimento expressivo (+26,2%), reforçando sua importância histórica na região. Já Assis Brasil teve avanço mais tímido (+13,8%), permanecendo como o município com menor estoque de empregos formais, conforme tabela a seguir.

REGIONAL DO ALTO ACRE: EVOLUÇÃO ANUAL DO ESTOQUE DOS TRABALHADORES COM CARTEIRA ASSINADA  EM TODOS OS MESES DE JULHO DE 2021 A 2025 ( CAGED – SÉRIE COM AJUSTES)
MUNICÍPIOSjul-21jul-22jul-23jul-24jul-25VARIAÇÃO (2021/2025)
Assis Brasil36936837139242013,8
Brasileia1 7871 9902 1092 2402 45937,6
Epitaciolândia1 8872 0732 2762 4642 54534,9
Xapuri79082388293299726,2
ALTO ACRE4 8335 2545 6386 0286 42132,9
Fonte: Novo Caged – MTE

Em síntese, o Alto Acre obteve crescimento consistente no mercado formal, impulsionado principalmente por Brasileia e Epitaciolândia, que juntos concentram a maior parte das novas vagas criadas.

Regional do Tarauacá/Envira

Essa  regional mostra crescimento de 28,8% no estoque de trabalhadores formais entre 2021 e 2025, passando de 2,8 mil para 3,6 mil vínculos.

Feijó foi o destaque, com aumento de 47%, alcançando 1.485 empregos formais em 2025. Tarauacá também apresentou evolução consistente, crescendo 28,9% no período. Já Jordão praticamente não avançou, registrando variação positiva de apenas 2,4%, permanecendo como o município mais frágil da regional, conforme tabela a seguir.

REGIONAL DO TARAUACÁ/ENVIRA: EVOLUÇÃO ANUAL DO ESTOQUE DOS TRABALHADORES COM CARTEIRA ASSINADA  EM TODOS OS MESES DE JULHO DE 2021 A 2025 ( CAGED – SÉRIE COM AJUSTES)
MUNICÍPIOSjul-21jul-22jul-23jul-24jul-25VARIAÇÃO (2021/2025)
Feijó1010133414381547148547,0
Jordao7006956626547172,4
Tarauacá1071111411131254138128,9
TARAUACÁ/ENVIRA2781314332133455358328,8
Fonte: Novo Caged – MTE

Em resumo: a região Tarauacá/Envira teve desempenho positivo no mercado de trabalho formal, sustentado principalmente por Feijó e Tarauacá, enquanto Jordão se manteve estagnado.

Regional do Baixo Acre

Finalmente, a tabela a seguir é da Regional do Baixo Acre e mostra que o número de trabalhadores formais cresceu 25,3% entre 2021 e 2025, passando de 69,6 mil para 87,2 mil vínculos.

A capital Rio Branco, que concentra a maior parte dos empregos, avançou 23,7%, chegando a mais de 77 mil vínculos. Entre os municípios do interior, os maiores destaques foram Senador Guiomard (+75,4%), Plácido de Castro (+42,7%) e Bujari (+42,5%).

REGIONAL DO BAIXO ACRE: EVOLUÇÃO ANUAL DO ESTOQUE DOS TRABALHADORES COM CARTEIRA ASSINADA  EM TODOS OS MESES DE JULHO DE 2021 A 2025 ( CAGED – SÉRIE COM AJUSTES)
MUNICÍPIOSjul-21jul-22jul-23jul-24jul-25VARIAÇÃO (2021/2025)
Acrelândia1 0349779161 0451 1016,5
Bujari1 3831 5621 6261 7421 97142,5
Capixaba6476956927116876,2
Placido de Castro1 5491 9022 0532 3242 21142,7
Rio Branco62 76967 53571 72975 95677 62923,7
Senador Guiomard1 6812 0782 4932 8182 94975,4
Porto Acre58471373873270620,9
BAIXO ACRE69 64775 46280 24785 32887 25425,3
Fonte: Novo Caged – MTE

Acrelândia (+6,5%) e Capixaba (+6,2%) tiveram crescimento tímido, enquanto Porto Acre ficou em nível intermediário (+20,9%).

Em síntese: o Baixo Acre continua sendo o principal polo de empregos do estado, puxado por Rio Branco, mas o dinamismo relativo maior no período foi observado em municípios menores, especialmente Senador Guiomard.

Comentários finais

O desempenho recente do Acre no emprego formal revela duas tendências complementares. De um lado, mantém-se a hegemonia do Baixo Acre, que concentra cerca de três quartos dos vínculos formais do estado. De outro, observa-se o dinamismo crescente do interior, sobretudo em Manoel Urbano, Sena Madureira, Marechal Thaumaturgo, Senador Guiomard, Mâncio Lima, Feijó, Placido de Castro, Bujari, Brasileia e Epitaciolândia, que lideraram em termos relativos.

Esse cenário aponta para uma gradual descentralização econômica, ainda que desigual, reforçando a importância de políticas voltadas à diversificação produtiva, infraestrutura e qualificação profissional em todas as regionais. A consolidação dessas tendências poderá ampliar as oportunidades de trabalho, reduzir disparidades regionais e fortalecer a base do desenvolvimento sustentável no Acre.

Orlando Sabino escreve às sextas-feiras no Juruá Online

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