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Idoso preso por não aceitar ser atendido por delegado negro é solto na audiência de custódia

O idoso se recusou a entrar no gabinete de Samuel Mendes e disse que queria ser atendido "por um delegado branco". Ele recebeu voz de prisão por injúria racial.

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O idoso que não aceitou ser atendido pelo delegado Samuel Mendes e pediu um ‘delegado branco’ foi solto durante audiência de custódia pela juíza Andréa Brito nesta quarta-feira (4). Segundo o Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC), o Ministério Público se manifestou pela liberdade provisória e a juíza concedeu.

O suspeito terá que comparecer, mensalmente, ao Centro Integrado de Alternativas Penais. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do idoso.

Ele foi preso nessa terça (3) na Delegacia de Polícia Civil da 2ª Regional, que fica no Segundo Distrito de Rio Branco. Após registrar uma ocorrência contra uma vizinha, o homem não quis ser atendido pelo delegado titular da 2ª Regional, Samuel Mendes, que é negro.

O idoso se recusou a entrar no gabinete de Mendes e disse que queria ser atendido “por um delegado branco”. Ele recebeu voz de prisão por injúria racial.

Em entrevista ao g1 na terça, o delegado relatou que, mesmo com 19 anos de atuação na Segurança Pública, nunca tinha passado por uma situação dessa. “É algo que pega de surpresa, ainda mais nesses tempos atuais em que as pessoas cada vez mais estão informadas. A tendência é diminuir e não ser de forma tão implícita. Fiquei sem ação, depois fui alinhar as ideias”, lamentou.

Delegado Samuel Mendes foi vítima de racismo na manhã de terça-feira (3) — Foto: Arquivo pessoal

Delegado Samuel Mendes foi vítima de racismo na manhã de terça-feira (3) — Foto: Arquivo pessoal

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Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Acre (OAB-AC), por meio das Comissões de Igualdade Racial e Direitos Humanos, emitiu uma nota de repúdio, nesta quarta, contra o racismo sofrido pelo delegado Samuel Mendes.

Na publicação, a OAB-AC lamentou o ocorrido e pediu que a postura do idoso deve ser investigada com todo rigor.

“A sociedade precisa e deve avançar para uma reflexão profunda no combate ao racismo e a todas as formas de discriminação. O episódio que envolveu o delegado negro reforça o racismo estrutural enraizado em nossa sociedade através dos séculos. A postura do cidadão deve ser investigada com todo rigor. Não podemos aceitar que o racismo seja algo corriqueiro e tolerado em nossa sociedade atual”, destacou.

A Associação dos Delegados de Polícia Civil do Acre (Adepol-AC) também se manifestou sobre a situação. Em nota, a associação repudiou o ato criminoso e afirmou que não iria tolerar qualquer situação semelhante, ‘cujo repúdio é inerente todas as esferas sociais e institucionais, a especialmente na atual conjuntura que vive a história mundial, ao passo que afirmamos o compromisso com a promoção da igualdade étnico-racial, de gênero, especialmente contra um profissional que diariamente exerce seu ofício no combate à criminalidade de qualquer natureza pelo bem social comum.

“A discriminação racial é ato inaceitável e deve ser combatido com os rigores da Lei, que, por sua vez, preceitua ser crime, inclusive, inafiançável. Não podemos nos calar diante de qualquer ato discriminatório que atente contra a dignidade da pessoa humana e sua honra direta e indireta”, diz a manifestação assinada pelo presidente Marcus José da Silva Cabral.

Com informações G1 Acre

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