A taxa de desemprego do Acre no terceiro trimestre de 2024, de 7,4%, foi a terceira menor da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em sua Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) Trimestral, iniciada em 2012. No dia 22/11, o instituto anunciou a Pnad Trimestral referente ao trimestre até setembro. A taxa de desemprego do Acre ficou em 7,4% entre julho e setembro, a terceira menor desde 2012, somente o terceiro trimestre de 2014 (7,1%) e a de 2023 (6,2%), foram superiores ao alcançado no trimestre. No gráfico a seguir destacam-se as taxas dos últimos 13 trimestres, mostrando uma tendência de queda.
É importante ressaltar, que embora a taxa de desemprego tenha aumentado em relação ao terceiro trimestre do ano passado (6,2%) e em relação ao segundo trimestre de 2024, percebe-se, conforme a tabela abaixo, que tanto o nível de ocupação (48,8%) como a taxa de participação na força de trabalho (52,7%) aumentou em relação aos trimestres analisados. Isso significa que, embora a taxa de desemprego tenha aumentado, mais pessoas que entraram no mercado de trabalho conseguiram uma ocupação.
Taxas% | |||
INDICADORES | 3º TRIM/2023 | 2º TRIM/2024 | 3º TRIM/2024 |
Taxa de desocupação | 6,2 | 7,2 | 7,4 |
Nível da ocupação | 45,9 | 47,3 | 48,8 |
Taxa de participação na força de trabalho | 49,0 | 50,9 | 52,7 |
Fonte: IBGE Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral |
Em um ano, 26 mil pessoas entraram no mercado de trabalho, 20 mil conseguiram emprego
Na tabela a seguir, destacam-se a população do Acre de pessoas com 14 anos ou mais de idade e quantos destes estavam dispostos a trabalhar (na força de trabalho). Além do mais, destacam-se o número das pessoas que estavam na força de trabalho e as que estavam ocupadas e as que estavam desocupadas (não conseguiram emprego).
Destaca-se o crescimento da força de trabalho, em um ano, 26 mil e o crescimentos dos que conseguiram empregos (20 mil). O número de desempregado ficou em 27 mil no terceiro trimestre de 2024.
Sempre é bom informar que a taxa de desemprego é formada por quem busca e não consegue emprego. O grupo é caracterizado por pessoas de dentro da força de trabalho que não estão trabalhando, mas estão disponíveis e tentam encontrar emprego. O método utilizado pelo IBGE excluí do cálculo todos os que estão fora da força de trabalho, como um estudante universitário que dedica seu tempo somente aos estudos e uma dona de casa que não trabalha fora.
Pessoas de 14 anos ou mais de idade (Mil pessoas) – ocupadas por posição na ocupação no trabalho principal | |||
Indicadores | 3º TRIM/2023 | 2º TRIM/2024 | 3º TRIM/2024 |
Total | 693 | 699 | 696 |
Na força de trabalho | 340 | 356 | 366 |
Ocupada | 319 | 330 | 339 |
Desocupada | 21 | 26 | 27 |
Fora da força de trabalho | 354 | 343 | 330 |
Fonte: IBGE Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral |
Construção civil cresce 21% em um ano e lidera o crescimento dos setores da economia
Em relação a força de trabalho ocupada, por setores da economia, percebe-se que, em um ano, conforme consta na tabela a seguir, com exceção dos serviços de administração pública que foi reduzido de 84 mil para 81 mil (-3,6%), todos os demais setores apresentaram crescimento. Destaque para o crescimento dos empregos na construção e nos serviços domésticos (21,1%) e no setor industrial, onde os empregos cresceram 20,8%, em um ano. A economia como um todo, viu os empregos crescerem em 7,6% em um ano.
Pessoas de 14 anos ou mais de idade (Mil pessoas) – ocupadas por grupamentos de atividade do trabalho principal | |||
Indicadores | 3º TRIM/2023 | 2º TRIM/2024 | 3º TRIM/2024 |
Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura | 38 | 43 | 39 |
Indústria geral | 24 | 26 | 29 |
Construção | 19 | 21 | 23 |
Comércio | 60 | 59 | 64 |
Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais | 84 | 84 | 81 |
Serviços privados | 96 | 102 | 107 |
Serviços domésticos | 19 | 21 | 23 |
TOTAL | 340 | 356 | 366 |
Fonte: IBGE Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral |
Em um ano, número de trabalhadores informalidade aumenta 11,3% e somam 158 mil no terceiro trimestre de 2024
Um dado lamentável é que, uma parte significativa das pessoas empregadas estão no setor informal, conforme pode ser observado na tabela a seguir. Observa-se que em um ano, as categorias dos informais que mais cresceram foram: os empregados no setor privado sem carteira assinada (61,8%), os empregadores sem CNPJ (50%) e os trabalhadores domésticos sem carteira assinada (33,3%). A boa notícia dos números da informalidade, foi a redução de 14,3% dos trabalhadores conta própria (autônomos) que viram a informalidade cair 14,3%, saindo de 84 mil no terceiro trimestre de 2023 para 72 mil em 2024.
O número de desalentados, que são as pessoas que não estão na força de trabalho, mas que gostariam de trabalhar e estariam disponíveis para assumir uma vaga foi reduzido em 5 mil pessoas, saiu de 23 mil em 2023 para 18 mil em 2024. O Percentual de pessoas desalentadas na população na força de trabalho ou desalentada saiu de 6,3% para 4,8%. Um bom resultado.
Pessoas de 14 anos ou mais de idade (Mil pessoas) – ocupadas no setor informall | |||
Indicadores | 3º TRIM/2023 | 2º TRIM/2024 | 3º TRIM/2024 |
Empegados no setor privado sem carteira | 34 | 50 | 55 |
Empregados como trabalhador doméstico sem carteira | 15 | 18 | 20 |
Empregador sem CNPJ | 2 | 4 | 3 |
Conta própria (autônomo) sem CNPJ | 84 | 72 | 72 |
Trabalhador familiar auxiliar | 7 | 8 | 8 |
Totais de informais | 142 | 152 | 158 |
Trabalhadores ocupados | 340 | 356 | 366 |
Taxa de Informalidade | 41,8 | 42,7 | 43,2 |
Fonte: IBGE Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral |
A massa salarial média aumentou 8,8% e vai a 839 milhões/mês
Com mais pessoas empregadas, a massa salarial (a soma de todos os rendimentos da força de trabalho) saiu de R$ 771 milhões para R$ 839 milhões, em um ano. Os rendimentos médios também cresceram (2,5%), embora abaixo da massa (8,8%), saindo de R$ 2.471 para R$2.533. Na tabela abaixo destacam-se os valores para os 3 trimestres analisados.
Rendimento e Massa médios mensal real habitual de todos os trabalhos das pessoas ocupadas | |||
Indicadores | 3º TRIM/2023 | 2º TRIM/2024 | 3º TRIM/2024 |
Rendimento ((R$) | 2.471 | 2.518 | 2.533 |
Massa (R$ milhões) | 771 | 811 | 839 |
Fonte: IBGE Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral |
O bom desempenho da economia brasileira, que fechou o terceiro trimestre com uma taxa de desemprego de somente 6,4%, explica, em parte, o bom momento que a força de trabalho do Acre está vivendo. Aliado ao bom momento do Governo Lula, os investimentos públicos no Acre estão acontecendo, em todas as esferas de governo seja federal, estadual e/ou municipal.
Governos do Acre e de Rio Branco injetaram mais de R$ 716 milhões em investimentos nos primeiros 10 meses do ano
Na tabela a seguir, constam os gastos com investimentos do estado e da capital, referentes ao período de janeiro a outubro de 2023 e 2024. Percebe-se um aumento significativo na comparação entre os dois anos. Os investimentos dos dois juntos cresceram, cresceram mais de 186%, alcançando R$ 716,8 milhões, em 2024. O crescimento dos investimentos da capital foi de 229% (R$ 165,2 milhões) e o estadual de mais de 176% (R$ 551,6 milhões). Foram gastos R$ 467 milhões a mais que o mesmo período de 2023.
Gastos com Investimentos dos Governos do Estado do Acre e da Prefeitura de Rio Branco de janeiro a outubro de 2023 e 2024 (Milhões de Reais) | |||||||
Entes | 2023 | 2024 | Diferença | ||||
Governo do Acre | 199,6 | 551,6 | 352,0 | ||||
Prefeitura de Rio Branco | 50,2 | 165,2 | 115,0 | ||||
Total | 249,8 | 716,8 | 467,0 | ||||
Fontes: Relatórios da Lei de Responsabilidade Fiscal do Governo do Acre e da Prefeitura de Rio Branco | |||||||
Sem adicionar os investimentos do governo federal e dos demais governos municipais, observa-se a grandiosidade dos investimentos públicos que resultaram numa melhoria substancial no nível de emprego do Acre.
Sem dúvida, as eleições de 2024 ajudaram o aumento desses investimentos, principalmente nas esferas estadual e municipal. O crescimento dos empregos na construção, na indústria e nos serviços, foi fortemente influenciado pelo crescimento dos investimentos públicos. O lado negativo do mercado de trabalho é a informalidade em alta, comum em todo país. Mas os números são muito bons.
Orlando Sabino escreve às sextas-feiras no Juruá Online