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Exército russo recruta mais de 200 mil pessoas em duas semanas, diz ministro da Defesa

Zelensky afirma que tropas mobilizadas às pressas estão mal preparadas e assina decreto declarando formalmente 'impossível' a possibilidade de qualquer conversa com Putin.

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Mais de 200 mil pessoas foram recrutadas pelo Exército russo desde o anúncio de uma mobilização parcial dos reservistas, no fim de setembro, disse o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, nesta terça-feira. Oficialmente, a mobilização pode permitir o recrutamento de até 300 mil reservistas com experiência militar ou com habilidades específicas, no momento em que o Exército russo enfrenta uma contraofensiva ucraniana.

Segundo Shoigu, as tropas mobilizadas estão sendo treinadas em cerca de 80 campos militares e seis centros de formação. O ministro afirmou também que um “número significativo” de pessoas se apresentou voluntariamente nos centros de recrutamento do país, antes mesmo de serem convocadas.

A mobilização, no entanto, desatou protestos na Rússia e um êxodo de homens em idade militar. Números compilados pela agência Bloomberg sugerem que mais pessoas deixaram o país do que os 200 mil alistados anunciados pelo ministro: 200 mil entraram no Cazaquistão, segundo divulgou nesta terça o Ministério do Interior do país; 69 mil entraram na Geórgia até o dia 30 de setembro, de acordo com as autoridades locais; 66 mil entraram na União Europeia, a maioria através da Finlândia, até 25 de setembro; e 12 mil na Mongólia.

Na semana passada, após uma série de denúncias vindas de todas as partes do país, e de críticas até mesmo de aliados, o governo russo admitiu “erros” na convocação de reservistas. Estudantes denunciaram ter sido convocados, apesar de as autoridades terem prometido que seriam excluídos na campanha, assim como homens com mais de três filhos. Houve casos de manifestantes que receberam ordens de convocação ao serem detidos em protestos. O Kremlin disse que, nesses casos, “não havia nada ilegal”.

Enquanto isso, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, aproveitou seu discurso diário, na noite de segunda-feira, para capitalizar a ira dos que deixaram a Rússia temendo a ordem de recrutamento. Segundo ele, seus oficiais militares estavam enfrentando tropas mal preparadas.

— Já podemos ver aqueles que foram levados apenas uma ou duas semanas atrás — disse Zelensky. — As pessoas não foram treinadas para o combate; não têm experiência para lutar em tal guerra. Mas o comando russo só precisa de algumas pessoas, de qualquer tipo, para substituir os mortos.

Zelensky assinou, nesta terça, um decreto declarando formalmente “impossível” a possibilidade de qualquer conversa com o presidente russo, Vladimir Putin. O decreto formaliza os comentários feitos pelo presidente ucraniano na última sexta-feira, depois que Putin assinou a anexação à Rússia de quatro regiões ocupadas da Ucrânia. Ele também vem tentando tranquilizar os ucranianos que vivem nesses territórios.

— Nossa abordagem sempre foi e permanece clara e justa: se uma pessoa não serviu aos ocupantes e não traiu a Ucrânia, então não há razão para considerá-la um colaborador — disse. — Centenas de milhares de ucranianos estavam nos territórios temporariamente ocupados. Muitos ajudaram nossos militares e serviços especiais. Muitos simplesmente tentaram sobreviver e esperaram pelo retorno da bandeira ucraniana.

Juntas, as quatro regiões — Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporíjia — correspondem a cerca de 15% do território ucraniano. A anexação foi formalizada na semana passada por Putin em acordos assinados com dirigentes pró-Rússia das quatro regiões. O controle russo é quase total em Kherson e Luhansk, mas apenas parcial em Donetsk e Zaporíjia. Em todas as quatro regiões, contudo, há conflitos ativos.

Com informações O Globo

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