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Ex-presidente de Honduras trabalhou “de mãos dadas” com traficantes, diz promotor | CNN Brasil

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O ex-presidente de Honduras Juan Orlando Hernandez trabalhou “de mãos dadas” com traficantes de drogas, que ajudaram na sua ascensão ao poder com milhões de dólares em subornos, disse um promotor dos Estados Unidos nesta quarta-feira (21) em seu discurso de abertura do julgamento de Hernandez.

O ex-chefe de Estado se aproximou do governo norte-americano enquanto esteve no cargo, entre 2014 e 2022. Honduras recebeu mais de US$ 50 milhões em assistência antinarcóticos dos EUA e dezenas de milhões de dólares a mais em ajuda militar e de segurança durante sua Presidência.

Ele também ganhou o apoio do ex-presidente Donald Trump para reprimir a migração.

Três meses depois de ter deixado o cargo, contudo, os procuradores federais em Manhattan acusaram Hernandez de aceitar milhões de dólares em subornos de traficantes de cocaína em troca de usar a sua posição para os proteger.

O procurador-geral Merrick Garland destacou que ele abusou do poder para operar o país como um “narco-Estado”.

“Durante anos, ele trabalhou lado a lado com alguns dos maiores e mais violentos traficantes de drogas de Honduras para enviar toneladas e mais toneladas de cocaína para cá, para os Estados Unidos”, alegou o promotor David Robles.

Hernandez, de 55 anos, se declarou inocente.

Em sua declaração de abertura, o advogado de defesa Renato Stabile pediu aos jurados que desconsiderassem os depoimentos de criminosos condenados, que buscariam vingança pelas políticas antidrogas do ex-presidente, que incluíam leis para apreender os bens dos traficantes e extraditá-los para os EUA.

“Foi o Sr. Hernandez quem sancionou todas as coisas que os tiraram do mercado”, ressaltou Stabile.

Ele destacou que as testemunhas que cooperaram com os promotores também esperavam reduzir suas próprias sentenças de prisão.

“Colocar assassinos e traficantes de drogas no banco das testemunhas que fecharam acordos e fazê-los apontar o dedo ao Sr. Hernandez não é prova além de qualquer dúvida razoável”, afirmou.

Robles reconheceu que Hernandez dizia publicamente que combatia o tráfico de drogas e, por vezes, trabalhou com os Estados Unidos para isso. “Mas, nos bastidores, ele garantiu que os traficantes de drogas que permaneceram leais a ele fossem protegidos”, observou o promotor.

Entre os traficantes protegidos por Hernandez estava o irmão, segundo Robles, e ex-congressista Tony Hernandez, que foi condenado por acusações relacionadas a drogas nos EUA em 2019 e sentenciado à prisão perpétua.

Stabile disse que Tony Hernandez pode ter usado o nome de seu irmão em conversas com outras pessoas para polir suas credenciais, mas não há evidências de que ele tenha dado dinheiro a Juan Orlando Hernandez.

No início de fevereiro, dois outros réus que inicialmente seriam julgados ao lado de Hernandez – seu primo Mauricio Hernandez e o ex-chefe da polícia nacional de Honduras Juan Carlos Bonilla – se confessaram culpados de tráfico de drogas.

O ex-presidente enfrenta uma sentença mínima obrigatória de 40 anos e até prisão perpétua se for condenado em todas as acusações. O julgamento começou com a seleção do júri na terça-feira (20) e deve durar entre duas e três semanas.

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