Os Estados Unidos não estão revisando a designação do principal grupo rebelde da Síria, Hayat Tahrir al-Sham (HTS), como terrorista, mas ainda podem alterá-la no futuro, de acordo com um porta-voz do Departamento de Estado americano.
“Estamos sempre revisando nossa postura de sanções com entidades com base em suas ações, então quando entidades tomam ações diferentes, é claro, pode haver uma mudança em nossa postura de sanções”, ponderou Matthew Miller em um briefing.
Miller observou que tais designações, como todas as sanções dos EUA, “são projetadas para serem um incentivo a diferentes cursos de ações”.
“Nós os ouvimos [HTS] dizendo as coisas certas sobre inclusão e um processo político adiante, mas, no final das contas, vamos julgá-los por suas ações e nossa resposta política será determinada pelas ações que eles tomarem”, destacou.
Miller ressaltou ainda que, apesar da designação como grupo terrorista, os EUA têm a capacidade de se comunicar com o HTS e querem “ter conversas com os principais grupos dentro da Síria, direta ou indiretamente”, incluindo o HTS.
Ainda assim, o porta-voz se recusou a dizer se o país pretende entrar em contato diretamente com o líder do HTS, Abu Mohammad al-Jolani.
Entenda o conflito na Síria
O regime da família Assad foi derrubado na Síria no dia 8 de dezembro, após 50 anos no poder, quando grupos rebeldes tomaram a capital Damasco.
O presidente Bashar al-Assad fugiu do país e está em Moscou após ter conseguido asilo, segundo uma fonte na Rússia.A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, de acordo com a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.
Quem é a família de Bashar al-Assad, que governou a Síria por mais de meio século