BRASÍLIA — A pretensão do presidente Jair Bolsonaro de usar uma reserva de quase R$ 2 bilhões no Orçamento para reajustar apenas os salários da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e do Departamento Penitenciário não foi bem recebida por outros grupos de servidores públicos federais.
Nos últimos dez anos, os integrantes dessas três categorias tiveram ganhos salariais reais. Descontada a inflação do período, tiveram avanço no poder de compra de 7%.
Entre 2012 e 2021, só militares e professores conseguiram manter os salários protegidos da inflação, com ganho de 12% em termos reais.
No mesmo período, na média, o funcionalismo teve perda de 5%, enquanto trabalhadores da iniciativa privada perderam 2%. No Judiciário, a defasagem é de 11%. Os cálculos são parte de um levantamento do Centro de Liderança Pública (CLP) feito a pedido do GLOBO.
Apesar da insatisfação de outras categorias de servidores federais, Bolsonaro continua pressionando a equipe econômica a conceder aumento aos policiais. Se for adiante com o plano de privilegiar agentes de segurança, o presidente aumentará a disparidade de remuneração no funcionalismo.