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Do debate da CNN às últimas horas até Biden desistir da corrida presidencial: veja cronologia | CNN Brasil

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A decisão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de encerrar sua campanha de reeleição neste domingo (21) ocorreu após uma série de erros estratégicos cometidos por sua equipe de campanha e assessores da Casa Branca, o que aumentou as preocupações de que o presidente de 81 anos não conseguiria vencer a eleição de novembro ou governar o país por mais quatro anos.

O desempenho hesitante de Biden no debate presidencial de 27 de junho, organizado pela CNN Internacional, contra o candidato republicano Donald Trump levou até mesmo alguns de seus aliados mais próximos a questionar se ele conseguiria suportar uma campanha completa e jogou mais lenha na fogueira do movimento do Partido Democrata questionando a sensatez de seu segundo mandato.

Em poucos dias, Biden passou de figura de proa do partido a um fardo. Ele se tornou o primeiro presidente em exercício a renunciar a uma possível reeleição desde Lyndon B. Johnson em 1968.

Esses foram alguns dos principais momentos que levaram à queda de Biden.

A preparação para o debate

O próprio Biden deu o ponta pé inicial para a realização do debate, depois de dizer ao apresentador de rádio Howard Stern em abril que debateria com Trump, apesar das preocupações de alguns de seus aliados democratas de que um debate poderia fazer pouco para melhorar suas chances ou até mesmo lançar uma luz desfavorável sobre ele.

Alguns assessores de Biden pensaram que tinham conseguido um golpe ao concordar com um debate em junho. Eles trabalharam com a CNN para moldar as regras no que eles achavam que era seu favor e concordaram em realizar dois debates, sendo o primeiro em 27 de junho.

Um debate mais cedo seria benéfico para Biden, pensaram alguns assessores, convencendo os eleitores de que não havia outra opção anti-Trump na corrida, mas também amortecendo o golpe de qualquer desempenho medíocre do presidente.

Eles achavam que o formato — sem público para animar as piadas de Trump, sem candidatos de terceiros, moderadores em quem pudessem confiar e um botão de mudo nos microfones — favoreceria o estilo de Biden.

Jet lag

Biden voou para a Europa duas vezes e para a Costa Oeste durante um período de 14 dias antes de tirar apenas alguns dias para descansar em sua casa de férias em Rehoboth Beach, Delaware.

Biden estava cansado e arrastado ao final da viagem, de acordo com várias pessoas que o observaram durante esse período.

Ele e seus assessores foram para Camp David para sessões de preparação focadas em 21 de junho, onde bombardearam Biden com detalhes e depois continuaram com debates simulados durante a maior parte dos sete dias.

Nos estúdios da CNN em Atlanta, Biden tropeçou nas palavras e perdeu a linha de pensamento. Sua entrega, aparência e voz chamaram a atenção imediata dos repórteres, que pediram uma explicação aos seus assessores.

Autoridades contaram aos repórteres, enquanto o debate estava em andamento, algumas informações novas: Biden estava resfriado, disseram elas.

A rouquidão de Biden melhoraria conforme o debate avançava, mas suas respostas desconexas pegaram eleitores, doadores e autoridades democratas de surpresa. Um estrategista democrata chamou isso de “um desastre”.

Trump repetiu uma série de falsidades gritantes e bem conhecidas durante o debate de 90 minutos, incluindo alegações de que ele realmente havia vencido a eleição de 2020. Biden não conseguiu refutá-las, deixando frases e pensamentos inacabados.

Trump criticou Biden por ser incoerente: “Eu realmente não sei o que ele disse no final daquela frase. Não acho que ele saiba o que disse”.

Pressão

“Sei que não sou um jovem, para dizer o óbvio”, disse Biden no dia seguinte ao debate, admitindo uma performance ruim. “Quase adormeci no palco”, disse ele em 2 de julho.

Os pedidos para que Biden renuncie começariam nas horas após o debate.

Alguns legisladores começaram a romper fileiras, começando com o representante Lloyd Doggett em 2 de julho.

Doadores irritados disseram aos assessores de Biden que eles precisariam ver uma reviravolta no desempenho do candidato. Democratas seniores e aliados de Biden também começaram a sugerir mudanças na chapa.

O democrata da Câmara dos Representantes Jim Clyburn — uma espécie de criador de reis dentro do Partido Democrata que foi fundamental na vitória de Biden em 2020 — disse em 2 de julho que apoiaria a vice-presidente Kamala Harris se Biden realmente saísse e sugeriu a ideia de uma “miniprimária” caso Biden se afastasse.

A ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi, uma aliada de longa data de Biden, disse que era legítimo perguntar se o desempenho de Biden em Atlanta foi um “episódio” ou uma condição. Ela também deu a entender que Biden precisaria examinar sua escolha de dizer na corrida.

E Biden não conseguiria silenciar o coro da dissidência.

Em sua primeira grande entrevista após o debate, em 5 de julho, Biden disse ao âncora da ABC News, George Stephanopoulos, que somente o “Senhor Todo-Poderoso” poderia expulsá-lo da disputa.

Mais preocupante para alguns democratas, Biden disse que poderia aceitar permanecer na disputa e perder para Trump “contanto que eu desse tudo de mim e fizesse o melhor trabalho que eu sei que posso fazer”.

Trinta e seis legisladores democratas dos EUA e um independente que faz parte do caucus dos democratas acabariam pedindo que Biden desistisse da chapa nos 24 dias seguintes ao debate.

Cúpula da OTAN

Biden tentou seguir em frente. Ele deu entrevistas, realizou uma coletiva de imprensa e fez discursos severos na campanha eleitoral, bem como na cúpula da OTAN.

Mas os eventos às vezes levantaram mais preocupações do que acalmaram.

Na cúpula da OTAN, na segunda semana de julho, Biden confundiu os nomes de sua vice-presidente Harris e de seu rival republicano Trump, e os do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy e do presidente russo Vladimir Putin, cujos países estão em guerra entre si.

Pesquisas mostraram que Biden estava atrás de outros democratas em muitos dos principais estados e distritos que os democratas precisam vencer em novembro, embora pesquisas em todo o país continuassem apontando para uma disputa acirrada.

Biden não se abalou, ainda acreditando que era o melhor candidato para enfrentar Trump e que poderia se recuperar desse revés, como já fez tantas vezes antes, uma visão reforçada por um círculo próximo de assessores.

Atentado contra Trump

Trump foi baleado enquanto discursava na Pensilvânia. A bala passou de raspão em sua orelha, ensanguentou seu rosto, e fotos do ex-presidente erguendo o punho em desafio foram amplamente veiculadas.

Os republicanos falaram da providência divina, unificando-se em torno de seu candidato. Os democratas se preocuparam se suas próprias chances seriam amaldiçoadas, vendo apenas um caminho mais estreito para qualquer vitória em novembro.

Dias depois, Biden pegou Covid enquanto fazia campanha em Nevada. Recuperando-se em sua casa em Rehoboth Beach, Delaware, ele teria tempo, sozinho e isolado, para decidir se e como encerraria sua campanha.

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