Os recentes ataques violentos em escolas das mais diversas regiões do Brasil levantaram um alerta sobre o risco dessas ocorrências se repetirem. E uma data, em específico, tem deixado alunos, pais e professores ainda mais atentos: o próximo dia 20 de abril. O motivo para isso são as diversas mensagens que passaram a circular nas redes sobre possíveis atentados que seriam feitos nessa data.
A razão para o alerta ser feito especificamente para esse dia decorre do fato de que a data marca dois ocorridos históricos relacionados a grupos extremistas: o Massacre de Columbine, atentado em uma escola nos Estados Unidos que deixou 13 mortos no dia 20 de abril de 1999, e o aniversário do ditador alemão Adolf Hitler, que nasceu no dia 20 de abril de 1889.
Em uma entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira (12), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, destacou justamente as duas datas históricas como fatores de alerta para o risco de ataques em escolas.
– Há ação de lobo solitários, oportunistas e psicopatas? Sim, mas há orquestração de gente que se inspira em agrupamentos extremistas. 20 de abril [também] é aniversário de Hitler, não é aniversário só da tragédia hedionda de Columbine – declarou.
Na mesma ocasião, o ministro ressaltou também que operações envolvendo autoridades do Maranhão, Goiás e São Paulo identificaram grupos de jovens que estariam “assediando” outros para propagarem ameaças contra escolas. Por causa das postagens referentes ao dia 20, o chefe da pasta federal disse ter pedido que os estados reforcem o policiamento perto das unidades de ensino.
– Sugerimos o reforço do policiamento ostensivo nos próximos dias em razão da multiplicação de postagens ou boatos atinentes ao dia 20 – destacou.
MUDANÇA DE ROTINA E MEDIDAS DE SEGURANÇA
Em São Paulo, estado mais populoso do país, a Secretaria da Segurança Pública mantém contato com as direções das escolas e policiais militares atuam no policiamento realizado no entorno das unidades educacionais por meio da Ronda Escolar. O patrulhamento nas imediações também é feito por policiais a pé e em motocicletas.
Mesmo com a recomendação de que as atividades continuem sendo realizadas normalmente, os alertas têm levado escolas e universidades particulares a adotar medidas para aumentar a sensação de segurança. Um colégio de São Paulo, por exemplo, decidiu mudar o calendário de provas para que elas não coincidam com o dia 20 de abril.
Na capital paulista, algumas instituições de ensino afirmam que reforçaram a segurança e outras limitaram as visitas. Nenhuma unidade, porém, fala em suspensão de aulas devido às ameaças.
Já a Recreio Christian School, escola cristã localizada no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, decidiu implantar o uso de detectores de metais para reforçar a segurança da instituição. Além disso, a unidade de ensino optou por cancelar as aulas no dia 20 para assegurar a integridade física dos estudantes.
– Nossa escola não se baseia em boatos, mas existe algo acontecendo paralelamente na deep web. Tem se ouvido que por volta do dia 20 deste mês, outros ataques podem acontecer e precisamos nos resguardar. Por isso, decidimos que nessa data, nossa escola permanecerá fechada – disse o CEO e diretor do colégio, Gabriel Frozi.
Outra medida sugerida pelas escolas aos pais é a verificação do material escolar dos filhos. Nas redes sociais, o perfil da Educação Adventista, que representa a rede de ensino Adventista no Brasil, aconselhou os pais a revisarem diariamente os pertences que os filhos têm levado para a escola.
SOBRE O MASSACRE DE COLUMBINE
No dia 20 de abril de 1999, dois alunos da Columbine High School, uma escola localizada na cidade de mesmo nome no estado do Colorado, nos Estados Unidos, invadiram a unidade armados com espingardas, carabinas, facas e explosivos.
Na época, as autoridades identificaram que a dupla planejou o crime com antecedência e utilizava um site na internet para ensinar a fabricar bombas. O massacre, que completa 24 anos na próxima semana, deixou 15 mortos – 12 alunos, uma professora e os dois autores do massacre, que cometeram suicídio.
ATAQUES RECENTES
No dia 27 de março, um aluno de 13 anos esfaqueou quatro professoras e um aluno na Escola Estadual Thomázia Montoro, no bairro Vila Sônia, na Zona Oeste de São Paulo. Uma das educadoras, identificada como Elisabete Tenreiro, de 71 anos, não resistiu aos ferimentos e acabou falecendo. Os outros feridos chegaram a ser hospitalizados, mas receberam alta.
Nove dias depois, no dia 5 de abril, um homem de 25 anos invadiu a creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, no estado de Santa Catarina, e matou quatro crianças usando uma machadinha. Outras cinco crianças ficaram feridas no atentado.
Por Pleno News