booked.net

Como Luigi Mangione, suspeito de matar CEO nos EUA, foi reconhecido e preso | CNN Brasil

Compartilhe:

como-luigi-mangione,-suspeito-de-matar-ceo-nos-eua,-foi-reconhecido-e-preso-|-cnn-brasil

A polícia dos Estados Unidos passou dias atrás de um suspeito de assassinar o CEO da maior seguradora dos Estados Unidos, até o encontrar em uma unidade do McDonald’s em outro estado.

Era a madrugada de uma segunda-feira quando consumidores começaram a se reunir em um McDonald’s perto da rodovia interestadual no oeste da Pensilvânia.

Em determinado momento, uma pessoa chamou a atenção de Larry — testemunha que só deu seu primeiro nome à reportagem.

“Não parece o atirador de Nova York?”, brincou o cliente.

“Ele provavelmente nos ouviu”, destacou Larry sobre o homem sentado a talvez três metros de distância no fundo, perto dos banheiros do restaurante fast-food em Altoona.

E a pessoa estava certa: aquele homem era o fugitivo procurado e acusado de sacar calmamente uma pistola com silenciador em uma rua de Midtown Manhattan, em Nova York, na semana passada e atirar no CEO da UnitedHealthcare, um assassinato que tomou conta dos Estados Unidos.

Luigi Mangione, de 26 anos, estava sentado sozinho em uma mesa com um laptop e uma mochila, de acordo com a polícia.

Ele estava usando uma máscara médica, um gorro marrom e uma jaqueta escura. Uma imagem compartilhada nas redes sociais pela polícia estadual da Pensilvânia mostrou Mangione, com sua máscara azul pendurada na orelha, comendo o que parecia ser um hash brown — tipo de doce.

Luigi Mangione “ficou quieto e começou a tremer”

No McDonald’s, um cliente alertou um funcionário, que ligou para a polícia para dizer que acreditava que o suspeito estava lá.

Por volta das 9h15, no horário local, dois policiais encontraram o homem “usando uma máscara médica e um gorro” sentado “nos fundos do prédio em uma mesa”, olhando para um laptop, de acordo com uma queixa criminal.

Havia uma mochila no chão perto da mesa, e eles pediram que o suspeito abaixasse a máscara.

Tyler Frye, policial de Altoona, e seu parceiro “imediatamente o reconheceram”, de acordo com a queixa.

“Nós nem pensamos duas vezes sobre isso. Sabíamos que era o nosso cara”, relatou Frye, que está no cargo há cerca de seis meses, aos repórteres após a prisão.

Os policiais pediram a identificação do homem. Ele entregou às autoridades uma identidade de Nova Jersey com o nome Mark Rosario, segundo a denúncia.

Quando perguntaram se ele tinha estado em Nova York recentemente, ele “ficou quieto e começou a tremer”, informa o documento.

A polícia verificou e não encontrou nenhum registro que correspondesse à identidade.

Quando disseram ao suspeito que ele estava sob investigação policial, ele deu seu nome verdadeiro: Luigi Mangione.

Questionado sobre o motivo de ter usado um nome falso, respondeu: “Eu claramente não deveria ter usado”, de acordo com a denúncia.

Autoridade destaca ponto para prisão de Mangione

O assassinato do lado de fora de uma conferência de investidores desencadeou uma busca exaustiva, com a polícia de Nova York vasculhando a cidade em busca de evidências e analisando milhares de horas de filmagens.

Várias imagens circularam pela internet nos cinco dias desde o ataque a tiros, incluindo uma parada em um Starbucks em Manhattan antes do tiroteio até vídeo de câmera de vigilância dele com o rosto descoberto e um largo sorriso com seus distintos olhos escuros e sobrancelhas em um albergue do Upper West Side onde ele se hospedou.

“Há vários pontos-chave neste caso, e o fato de termos recuperado uma enorme quantidade de evidências forenses, uma enorme quantidade de vídeo” são alguns deles, ressaltou o chefe de detetives do Departamento de Polícia de Nova York, Joseph Kenny, a repórteres.

“Eu realmente não poderia colocar [a captura do suspeito] em apenas um ponto, mas se eu tivesse que fazer, seria a divulgação daquela fotografia” do rosto exposto do suspeito, adicionou.

O jovem estava na Pensilvânia há vários dias, segundo a polícia, após supostamente atirar no CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson, na quarta-feira (4) passada, do lado de fora de um hotel em Manhattan, a cerca de 370 km de Altoona.

Após o assassinato, o suspeito viajou entre Pittsburgh e Filadélfia, fazendo paradas no meio, antes de sua captura na segunda-feira (9), de acordo com o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro.

No final, uma “combinação de trabalho de detetive da velha escola e tecnologia da nova era” levou à captura do suspeito, ponderou Jessica Tisch, a comissária do Departamento de Polícia de Nova York.

O que foi encontrado com Luigi Mangione?

A polícia encontrou “uma pistola preta impressa em 3D” com um carregador Glock carregado e um “silenciador preto” que também foi impresso em sua mochila, de acordo com a denúncia.

A comissária do Departamento de Polícia de Nova York, Jessica Tisch, disse a repórteres que Mangione foi encontrado com uma arma e um silenciador “ambos consistentes com a arma usada no assassinato”.

A “identidade fraudulenta de Nova Jersey” correspondia “à identidade que nosso suspeito usou para fazer o check-in em seu albergue em Nova York antes do ataque”, afirmou Tisch.

Ela ressaltou que ele também carregava “um documento manuscrito que fala sobre sua motivação e mentalidade”.

O documento, que também foi descrito como o “manifesto” do suspeito, não incluía ameaças específicas, mas indicava “má vontade em relação às empresas americanas”, destacou o chefe de detetives do Departamento de Polícia de Nova York, Joseph Kenny, a repórteres.

“Esses parasitas mereceram”, diz uma linha do documento, de acordo com um policial que o viu.

“Peço desculpas por qualquer conflito e trauma, mas isso tinha que ser feito”, observa outra linha. O documento indicava que o suspeito agiu sozinho e que ele era autofinanciado, de acordo com Kenny.

O suspeito também pareceu se referir à UnitedHealthcare no documento, descrevendo a “United” como uma das maiores empresas em capitalização de mercado nos Estados Unidos, de acordo com uma fonte policial que leu o documento.

Não houve menção específica a Brian Thompson, o CEO da companhia.

Possível motivação de Luigi Mangione

Descendente de uma família rica de Baltimore, Luigi Mangione foi orador da turma do ensino médio e graduado pela Ivy League.

Ele parece ter tido como motivação a raiva contra o setor de seguros de saúde e contra a “ganância corporativa” como um todo, de acordo com um relatório de inteligência do Departamento de Polícia de Nova York obtido pela CNN.

“Ele pareceu ver o assassinato seletivo do representante de mais alto escalão da empresa como uma derrubada simbólica e um desafio direto à sua suposta corrupção e ‘jogos de poder’, afirmando em sua nota que ele é o ‘primeiro a enfrentá-lo com uma honestidade tão brutal’”, destaca a avaliação.

O documento se baseia no manifesto manuscrito de três páginas encontrado com o suspeito, bem como nas postagens nas redes sociais feitas por Mangione.

Acusações contra Luigi Mangione

Os promotores de Nova York acusaram Mangione de assassinato, duas acusações de porte criminoso de arma de segundo grau, uma acusação de porte criminoso de documento falsificado em segundo grau e uma acusação de porte criminoso de arma de fogo em terceiro grau.

Na segunda-feira, ele fez sua primeira aparição a um tribunal da Pensilvânia.

Enquanto um juiz lia a queixa criminal inteira em voz alta para ele, Mangione verbalmente rebateu a alegação da promotoria de que US$ 8 mil em dinheiro encontrados com ele significavam que ele estava tentando fugir das autoridades.

Ele argumentou que não sabia de onde veio o dinheiro e sugeriu que talvez tenha sido plantado.

Um dia depois, enquanto a polícia o escoltava de seu veículo para o tribunal na Pensilvânia para uma audiência de extradição na terça-feira (10), Mangione pôde ser ouvido gritando: “É completamente fora de sintonia e um insulto à inteligência do povo americano. É uma experiência vivida!”

O advogado dele, Thomas Dickey, comentou que seu cliente lutará contra a transferência para outro estado.

Algemado nas mãos e nos pés e vestindo um macacão laranja, Mangione foi escoltado por policiais para fora do tribunal após ter fiança negada.

Compartilhe:

LEIA MAIS

Rolar para cima