No último mês, o Brasil teve o desprazer de ouvir da boca do senhor Milton Ribeiro, Ministro da Educação que os alunos com deficiência atrapalhavam os outros alunos dentro da sala de aula. Embora, muitos achem essa fala inofensiva, para nós, pessoas com deficiência soou como um completo absurdo. Por esse motivo, muitos pais, educadores, defensores da inclusão e as próprias pessoas com deficiência se posicionaram fortemente contra o Ministro, afirmando que era ele quem atrapalhava o Brasil.
Vocês têm noção do que é ouvir isso de alguém que ocupa o cargo mais alto da educação no seu país? Além de ser revoltante ao cubo, falas como essas nos machucam, entende? Porque, desde que a gente é diagnosticada com qualquer tipo deficiência os nossos pais e, depois nós próprios buscamos nossa inserção em todos os âmbitos da sociedade. E aí, vem um Ministro – formado como professor e advogado (eu que não queria formações iguais as dele), o qual não sabe nada versus nada sobre a educação inclusiva e tenta desmontar tudo o que, ao longo dos anos, estamos lutando construir.
No entanto, esse posicionamento do Ministro da Educação, mais uma vez, trouxe à tona a discussão do decreto, o qual prevê que escolas e turmas especializadas para atender pessoas com deficiência ganhem maior espaço novamente. Ele já vigora desde outubro do ano passado, mas foi suspenso pelo STF em dezembro. E, em agosto, o STF realizou uma audiência pública para debater o assunto.
Eu sei que essa discussão nos leva a refletir sobre pontos extremamente amplos. Eu sei que alguns concordam e outros discordam. E eu também sei muito bem que a inclusão escolar ainda é falha ao extremo por causa de uma união de fatores. Mas, o remédio NÃO É segregar, separar... o governo deveria se preocupar em melhorar e investir a educação inclusiva dentro do ensino regular, e não está propondo um devastador retrocesso.
E, para quem concorda com essa nova política de educação inclusiva eu finalizo lançando alguns questionamentos: "Como uma pessoa com deficiência, que estudou em uma instituição que atendeu todas as suas necessidades vai se virar em um mundo que não é igual a escola especial?" "Como ela vai passar para uma universidade?" "Vão criar uma universidade especial também é" "Como ela vai conseguir um trabalho com o currículo de uma escola especial?".
Ritinha Andrade