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Cheias devastam plantações e estoques de alimentos em aldeias indígenas de Marechal Thaumaturgo

Os prejuízos são inevitáveis, com uma perda significativa de roçados. Por exemplo, a comunidade Ashaninka do Amônia, composta por quase mil pessoas, depende inteiramente do estoque de mandioca e banana de seus roçados, sem possuir uma casa de farinha.

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Redação Juruá Online

As recentes cheias na região do Juruá têm deixado milhares de indígenas em situação crítica. Em Marechal Thaumaturgo, no rio Amônia, aldeias inteiras perderam suas plantações e estoques de alimentos.

Francisco Piyãko, membro da aldeia Ashaninka e coordenador da Organização dos Povos Indígenas do Juruá, alerta para a gravidade da situação. “O quadro está se agravando cada vez mais, estamos com previsão de chuva. O rio está crescendo muito rápido”, relata Francisco, destacando a necessidade de uma rápida resposta das autoridades.

Os prejuízos são inevitáveis, com uma perda significativa de roçados. Por exemplo, a comunidade Ashaninka do Amônia, composta por quase mil pessoas, depende inteiramente do estoque de mandioca e banana de seus roçados, sem possuir uma casa de farinha. Francisco relembra uma situação anterior em 2008, quando a comunidade enfrentou seis meses de escassez alimentar, comendo apenas farinha até que pudessem recuperar o estoque de mandioca. Infelizmente, essa mesma situação pode se repetir agora, já que os estoques foram completamente afetados pelas cheias.

“O poder público precisa agir rapidamente, não apenas na terra Ashaninka, mas em todos os territórios afetados”, destaca Francisco. Ele menciona que outras comunidades, como os Kashinawa e os Pantanawas, também enfrentaram problemas devido às cheias.

Dos 11 territórios afetados, cerca de 30 famílias indígenas foram impactadas nas regiões do Breu e Amonia, perdendo suas plantações, moradias e pertences. A situação se agrava a cada centímetro que o rio sobe, deixando todos no limite.

As aldeias de Marechal Thaumaturgo, como Apiwtxa, Nova Esperança, Nova Morada, Novo Destino e Hilda Cirqueira, ao longo do rio Amonia, são algumas das mais afetadas, com centenas de famílias atingidas. Além disso, outras comunidades ao longo dos rios Tejo, Bajé e Breu também enfrentam desafios semelhantes.

Embora algumas aldeias em municípios como Cruzeiro do Sul, Porto Walter, Mâncio Lima e Rodrigues Alves ainda não apresentem riscos iminentes de alagação, a situação permanece crítica em toda a região do Juruá.

A população indígena do município de Marechal Thaumaturgo que não saiu de suas casas está ilhada, pois a água do rio passa por baixo de suas residências. Além disso, perderam toda a plantação de roçado que tinham em suas terras. Na aldeia Kuntanawa chegaram a perder inclusive o motor que puxava água para as residências. E as chuvas fortes continuam.

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