A vice-prefeita de Rio Branco, Marfisa Galvão, compartilhou em sua página no Facebook na noite deste domingo (21) uma carta anônima copiada e colada há dias em vários estados do Brasil por grupos não identificados que se intitulam empresários para protestar contra os decretos dos Estados e Municípios.
O texto fake sugere “insurreição e desobediência civil” contra as regras quem proíbem a abertura total dos estabelecimentos durante a pandemia de covid-19.
O mesmo texto espalhado neste fim de semana no WhatsApp e compartilhado por Marfisa Galvão e várias pessoas do Acre no Facebook, foi usado contra o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, há 10 dias. A carta também circulou adaptada em Patos de Minas, interior de Minas Gerais, contra o governador Romeu Zema, e o prefeito Luis Eduardo Falcão.
Em Suzano, interior de São Paulo, o texto assinado por “empresários de Suzano” ataca o governador João Dória, e o prefeito Rodrigo Ashiuchi, e sugere, a exemplo da carta publicada no Acre, quebra nas regras do decreto do Estado.
A carta espalhada no Acre se dirige ao governador, ao prefeito, aos vereadores e deputados, mas ao compartilhalá-la no Facebook, a vice-prefeita para não criar desavença com Tião Bocalom, suprimiu a palavra prefeito e apenas manteve a cobrança às outras autoridades.
“Ao compartilhar a carta, sempre falei aqui nas minhas redes sociais o que penso. Não vai ser agora que vou ficar calada. A carta que segue abaixo só mostra a opinião de alguns empresários, eles defendem uma proposta em relação as atividades essenciais na pandemia. Muitas famílias estão sofrendo com a perda de seus entes queridos. Isto é fato. O meu pedido ao governo é somente que reveja a situação dessas pessoas. É possível sim ter comércio aberto, pessoas trabalhando e mantendo distanciamento. Atividades físicas e igrejas são essenciais para a saúde”, diz.
O que dizem as entidades e empresários do Acre sobre a carta
O presidente da Associação Comercial do Acre, Marcelo Moura, afirmou que desconhece a origem do texto e é contra qualquer ato de desobediência civil.
“Não somos autores nem defendemos desobediência civil, mas também lutamos para manter o comércio aberto, pois pequenos empresários não tem como se alimentar e pagar contas sem trabalhar.”
O presidente do Sindicato dos Camelôs, José Carlos Juruna, disse que a entidade não tem nada a ver com a carta.
“Eu fiquei foi preocupado quando vi essa carta. Nós queremos, sim, trabalhar, somos a favor de uma maior rigidez no comércio, mas sobre essa carta nós não temos nada a ver com isso.”
O presidente da Associação dos Supermercados do Acre, Adem Araújo, lembrou que o mesmo texto já circulou em outros estados.
A empresária Denise Borges, do setor de restaurante, também confirmou que a carta é antiga.
“Não deixa de expressar um sentimento, mas de fato não sei de quem se trata”, afirmou Lucas Profeta, da diretoria da Abrasel, a Associação dos Bares e Restaurantes do Acre.
O publicitário Rodrigo Pires, também empresário, que trabalha por uma maior flexibilização no comércio local, ficou surpreso com o teor e afirmou desconhecer a origem local do texto.
Abaixo a carta
ACRE SE LEVANTA: INSSURREIÇÃO E DESOBEDIÊNCIA CIVIL JÁ! CARTA ABERTA DOS EMPRESÁRIOS DO ESTADO DO ACRE
Ao Exmo. Sr. governador
Ao exmo. Prefeito,
Vereadores,
Comitê de Contingência do Corona vírus
e ao povo ACREANO
Informarmos que a partir do dia 22 de março de 2021, não aceitaremos e muito menos seguiremos qualquer decreto que impeça qualquer pessoa no ESTADO DO ACRE de exercer seu Direito Constitucional da Livre Iniciativa (Art. 1o, IV, CF e Art. 170, CF).
Qualquer novo decreto que impeça o trabalho irá comprometer outro Direito Constitucional, o da Dignidade da Pessoa Humana (Art. 1o, III, CF) seja para Empresários, Colaboradores, Funcionários Públicos, Aposentados e outros, pois, além de inviabilizar a continuidade de atividades, demissão em massa, quem tem seus proventos sofrerá com enorme redução em virtude da inflação no preço dos produtos.
Pedimos que o Sr. Prefeito, Vereadores e Comitê de Combate ao Covid que esqueçam a política e adotem o tratamento precoce, transparência da vacinação e verbas, façam investimentos na área da saúde, aumento de leitos, insumos, estoque de medicamentos, EPIs, dentre outros que garantam atendimento médico a todos, bem como a fiscalização contínua de festas clandestinas, churrascos e aglomerações.
Reiteramos que Distanciamento Social não é sinônimo de Proibição do Trabalho e Fechamento de Atividades, tendo em vista que 90% do comércio e serviços do Município não possuem aglomerações, devido à crise financeira. Dentro das lojas do centro, ou bairros, são raras as que possuem vários compradores simultâneos e as que possuem, devem controlar os acessos.
Por fim, reiteramos ao Sr. Prefeito que não iremos seguir qualquer decreto que impeça o trabalho a partir do dia 22 do mês de março de 2021 e pede que não sejam editados decretos neste sentido, pois a abertura não será uma opção do Sr. Prefeito, mas do povo contra os decretos e a fiscalização, ante a situação, iremos praticar a legítima defesa (Art. 25 do Código Penal), pois estaremos defendendo nossas famílias, nossos amigos, nossos colaboradores, todo cidadão e nosso patrimônio.
Pedimos diálogo, honestidade, bom senso e que se afastem do espectro político, permitindo o povo trabalhar, para que evitemos enfrentamentos desnecessários que possam causar danos, quaisquer que sejam entre quem precisa trabalhar e agente da administração pública, seja na legislação, ou fiscalização.
Queremos a paz, saúde e acima de tudo, que todos sejam livres.
Atenciosamente, Empresários do Acre
Divulguem nos seus contatos, vamos fazer rodar o Brasil, pode ser o começo de um grande levante, temos que ter a dignidade de levar nosso sustento para nossa família e isso só se faz com trabalho!
Via: Notícias da Hora